A tragédia na divisa entre o Maranhão e o Tocantins, onde uma ponte desabou causando mortes e deixando pessoas feridas, não foi um fato inesperado. Além das denúncias de moradores e políticos locais — algumas registradas em vídeo —, o governo federal sabia há pelo menos cinco anos que a estrutura estava em condições precárias. Em uma escala de 1 a 5, em que o número menor é o mais crítico, a ponte Juscelino Kubistchek havia recebido a classificação 2, em um relatório de 2019. Isso indica a existência de fissuras ou exposição de armaduras, danos no concreto, falhas nos pilares e fundações e desgaste em juntas de dilatação e drenagem. Em resumo, a ponte necessitava de intervenção prioritária. Em quatro anos de governo Jair Bolsonaro e praticamente dois de governo Lula, nada foi feito. Agora, depois que o desastre foi consumado, o ministro dos Transportes, Renan Filho, determinou apurações internas para averiguar a situação. Para as pessoas que perderam a vida e seus familiares, é tarde demais. Para o restante dos brasileiros, fica a dúvida sobre até que ponto se pode confiar na qualidade das demais estruturas similares no País. Acima de tudo, não se pode deixar de investigar as responsabilidades.