Tem sido recorrente nos últimos meses, em Goiânia, a ocorrência de acidentes na madrugada causados por motoristas embriagados, que acabam resultando em mortes de trabalhadores. Vários casos foram registrados na capital, quase sempre na madrugada, momento em que as vítimas se deslocam ao trabalho, ao mesmo tempo que condutores bêbados voltam das baladas. A última morte nessas circunstâncias aconteceu na terça-feira (7), data em que foi registrado o óbito do feirante Rivaldo Tavares. Ele foi vítima de acidente quando seguia para o trabalho e seu carro foi atingido por um veículo de luxo, cujo motorista confessou que havia consumido bebida alcoólica. A repetição de casos em circunstâncias parecidas deixa claro que as autoridades de trânsito precisam se mexer para prevenir novas tragédias. A deficiência ou mesmo a inexistência de fiscalização nos horários da madrugada estimula a ousadia de infratores, que desafiam o rigor da Lei Seca, sabendo que passarão impunes. A vigilância constante, a penalização exemplar e um trabalho permanente de educação, que não se limita a campanhas eventuais, são passos fundamentais para alcançar a paz no trânsito. E não há outro caminho possível em uma sociedade que pretenda ser civilizada.

Trânsito na madrugada

Editorial

Assine - Offers Target - 2

Matéria - Opinião - Editorial

As áreas verdes urbanas trazem uma série de ganhos para as cidades. São reservas naturais para animais e plantas, atuam no equilíbrio térmico e hídrico, funcionam como barreiras para a velocidade do vento, auxiliam no controle da poluição do ar e agem como filtro para o excesso de ruídos. Além dessas vantagens, são oásis para lazer, contemplação, descanso e convívio para os cidadãos. Nesse ponto, Goiânia pode ser considerada uma capital privilegiada. São vários os parques por toda a cidade. Uma pesquisa formulada no âmbito do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revela, porém, que o acesso da população a esses espaços é desigual, privilegiando determinados locais, em detrimento das periferias. Das 1.782 áreas mapeadas, 483 têm estrutura mínima, como bancos para uso público. Investimento que o poder público concentra em algumas regiões, como a Sul e a Central, onde todos espaços contam com equipamentos de urbanização. Há, portanto, potencial a ser explorado pela gestão municipal, levando benefícios para os bairros mais pobres. De modo que o título de “Cidade Árvore”, conquistado no ano passado, possa ser usufruído por todos os goianienses.

Acesso às áreas verdes

Até o momento, 62 municípios goianos estão em alerta para enchentes, segundo o governo estadual. É de se esperar, portanto, que episódios como os ocorridos nos últimos dias em Catalão, Planaltina de Goiás e Rio Verde se repliquem. Inundações, destruição de propriedades e de infraestrutura urbana nessas localidades comprovam que a vulnerabilidade aos eventos extremos não depende do tamanho das aglomerações urbanas. No interior, podem se agravar, pela presença reduzida do poder público e pelo risco de isolamento, o que dificulta a chegada de assistência externa. O governo promete alocar os Bombeiros, organizar estrutura para receber desabrigados e fortalecer o suprimento de medicamentos para os municípios identificados. Lista que pode vir a aumentar, caso o volume de chuva permaneça elevado. São providências necessárias, porém, pontuais. Para o longo prazo, as medidas são muito mais complexas, demandam sinergia dos setores público e privado e exigirão investimentos que nem sempre terão efeito imediato — o que costuma adiá-los indefinidamente. Ocorre que, a cada período de temporais ou de seca intensa, fica impossível ignorar que essa deve ser a prioridade daqui em diante.

Enchentes no interior

Construída há 34 anos, a Marginal Botafogo foi um marco da urbanização de Goiânia e provocou intensos debates técnicos sobre sua pertinência e sobre os impactos ambientais provocados pelo projeto. A obra foi executada para garantir fluxo rápido a milhares de veículos que cruzam parte da cidade, a partir da canalização do Córrego Botafogo e construção de uma pista de velocidade às suas margens. O projeto foi criticado por ignorar aspectos ambientais, o que foi agravado pela ocupação desordenada da região e sua regularização sem considerar a permeabilidade do solo, a velocidade das águas pluviais e o dimensionamento adequado das galerias. A conta dos erros e omissões chegou: a Marginal Botafogo transformou-se em armadilha nos dias de chuva forte, palco de cenas aterrorizantes provocadas pela velocidade da água e por inundações da pista. Além de carros submersos, pessoas arrastadas pela enxurrada e trânsito interditado, a avenida sofre uma sucessão de estragos, com erosões e deslizamentos que se repetem a cada temporada chuvosa. O prefeito Sandro Mabel anunciou a intenção de construir piscinões para retenção e absorção da água. É preciso agir antes que vidas sejam perdidas.

Breve história da Marginal

As escolas públicas e particulares em Goiás aguardam regulamentação do governo federal para colocar em prática a proibição do uso de aparelhos celulares no ambiente escolar, incluindo salas de aulas, recreios, intervalos e atividades extracurriculares. O detalhamento de como a medida será colocada em prática deve ser divulgado em até 30 dias, e incluirá exceções à regra, como a possibilidade de utilização para fins estritamente pedagógicos ou didáticos. Trata-se de providência que encontra amplo apoio dos pais de alunos e também de professores, pois há estudos que mostram o prejuízo cognitivo pelo uso abusivo do celular, comum entre crianças e adolescentes. Estudos indicam que o Brasil está entre os três países que mais navegam na internet, e 45% dos estudantes brasileiros admitiram que já se distraíram com o celular durante a aula. O tema vem sendo discutido internacionalmente. Alguns países já criaram legislação com restrições, como a França, Espanha, Grécia, Dinamarca, Itália e Holanda. O debate não é simples, com soluções fáceis, mas indica um importante caminho de reflexão sobre as dependências tecnológicas, que afetam o aprendizado, a socialização e a convivência familiar.