As declarações da futura secretária municipal de Educação, a pedagoga Giselle Pereira Campos Faria, dão a medida certa do que ocorre no ensino infantil. Ela classifica como “calamidade pública” o cenário de déficit de vagas, que atinge hoje o absurdo número de 10,6 mil. “Essas crianças estão perdendo o direito de estudar, um tempo sem volta”, diz. Fora da escola, meninos e meninas crescem sem a oportunidade de obter os elementos que alicerçam o conhecimento e que poderiam transformar suas vidas, oferecendo-lhes melhores oportunidades de emprego e renda. Assim, aprofunda-se a desigualdade social, tornando a sociedade mais injusta, com privilégio de alguns em detrimento de outros. Pais e mães enfrentam ainda, junto com a impossibilidade de oferecer educação a seus filhos, o drama de não ter onde deixar as crianças, o que faz com que muitas vezes tenham de abrir mão de oportunidades de trabalho. Assim o ciclo vicioso da miséria se consolida, arrastando consigo todas as consequências de uma infância precária e vulnerável.