A reunião entre Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva, provavelmente nesta semana, pode resultar numa guinada estonteante não apenas nas relações entre EUA e Brasil, mas na própria política interna brasileira. Trump extrapolou limites para defender Jair Bolsonaro e obteve o efeito oposto. Se a reunião com Lula for minimamente satisfatória, pode significar (ou ser assimilada como) o abandono do ex-presidente. A ótima reportagem de Felipe Frazão no Estadão, com os bastidores do encontro de Trump e Lula, deixa evidente que não foi um esbarrão casual no acesso ao púlpito da ONU, mas um movimento diplomático muito bem articulado pelos dois países, com Mauro Vieira e Geraldo Alckmin na linha de frente. Assim como o rápido encontro na ONU, a reunião formal vem sendo milimetricamente detalhada, para excluir o inconciliável e focar nos interesses comuns. O grande trunfo de Lula são as "terras raras", que têm muito mais valor para Trump do que um ex-presidente inelegível e condenado.