O congestionamento é conhecido como o “vilão” da mobilidade urbana, seja devido a sua alta visibilidade, seja devido aos diversos prejuízos e incômodos que pode causar à sociedade. Estudos recentes trazem resultados assustadores, onde apresentam que o tempo parado no trânsito além de irritar pode reduzir a qualidade de vida da população, a produtividade no trabalho e a geração de riqueza no país. A CNI, Confederação Nacional da Indústria, em seus estudos apresenta que 36% da população gasta mais de uma hora se locomovendo para realizar atividades de rotina, como trabalho e estudo. Para 29% dos entrevistados o tempo de locomoção aumentou depois da pandemia. Fatores como a redução nas linhas de ônibus, aumento de fluxo e mudança de rotina foram listados como os principais causadores da alteração do tempo no trânsito após período pandêmico.De acordo com a mesma pesquisa, 55% das pessoas têm a qualidade de vida afetada em razão do tempo gasto no transporte, 51% apontaram que o tempo perdido no trânsito impacta em sua produtividade, 60% alegaram ter chegado estressados, 60% chegaram atrasados, 34% perderam o período de trabalho, 26% perderam reunião importante e 23% perderam um dia inteiro de trabalho. Além de fatores ligados à produtividade no trabalho, o tempo no trânsito afeta também a relação demanda e oferta de trabalho: 44% dos entrevistados alegaram que deixaram de aceitar uma oferta de emprego, ou trocaram de emprego ou ambos decorrente do elevado tempo de locomoção.Com relação a geração de riqueza, a Firjan - Federação das Indústrias do Rio de Janeiro -, em seus estudos estima que a perda do trânsito parado nas principais capitais brasileiras seja de 4,4% do PIB das metrópoles.Diante dos dados estatísticos apresentados fica evidente a importância de entendimento do tema e infraestruturas que priorizem o transporte público. Assim, é de suma relevância a criação de políticas públicas que prezem pela melhoria da mobilidade urbana. A criação de subsídios que preferenciam a utilização de carros vai em direção oposta das perspectivas de redução de tempo de espera no trânsito. A CNI revelou que o Brasil precisa investir R$ 295 bilhões até 2042 em infraestruturas de mobilidade urbana nas 15 principais regiões metropolitanas do país para tornar o deslocamento mais ágil. Em contrapartida, estudos realizados pela Comissão Europeia de Mobilidade e Transporte mostram que as perdas de tempo, energia e de espaços públicos geradas pelo uso excessivo de carros particulares nas cidades podem chegar em até 50% do espaço das cidades. Desse modo, apenas a priorização do transporte público pelos governantes do país e a criação de políticas públicas mais adequadas poderá reduzir os problemas de mobilidade urbana que tanto têm impactado na qualidade de vida e economia da sociedade brasileira.