Depois da pressão do governo estadual por melhorias no desempenho da Enel Distribuição Goiás, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) fará uma fiscalização ampla sobre aspectos técnicos da distribuidora. Conforme informou ao POPULAR, a inspeção deve ocorrer entre os dias 23 e 27 de setembro. Outras ações também já foram realizadas in loco e com destaque para avaliação sobre serviços comerciais, que ocorreu de 24 a 28 de junho e terá relatório concluído ainda este mês.O governador Ronaldo Caiado (DEM), insatisfeito com plano emergencial apresentado pela empresa em fevereiro com vistas à melhoria da qualidade no fornecimento de energia, solicitou novas ações da União. Na terça-feira (30), se reuniu com ministros da Secretaria de Governo da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque.Em seguida, Caiado anunciou que o governo federal tomará “medidas enérgicas” caso o problema não seja solucionado. Isso incluiria a avaliação sobre possível cassação da concessão e realização de novo processo de privatização. Porém, o ministro Albuquerque solicitou sigilo sobre a discussão dos próximos passos. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação (Sedi), Adriano da Rocha Lima, medidas além do plano emergencial foram tema da reunião em Brasília.Com muitos dados técnicos, o ministro pediu reserva do que foi discutido até processar as informações, conforme informou Adriano. Somente depois é quedará um retorno ao governo goiano sobre a conclusão que chegaram. “Em termos de regulação, acendeu a luz vermelha. Está no penúltimo estágio da pirâmide”, explica o titular da Sedi sobre a Enel. Adriano pontua que, se não atender as solicitações, a Aneel tem como utilizar mecanismos de punição de maior gravidade “e até a cassação da concessão”.QueixasEntre os fatores que acenderam alerta sobre o desempenho da Enel Goiás, está o número de reclamações dos consumidores recebidas na Aneel contra a empresa. Elas estão acima da média registrada antes da privatização da antiga Celg Distribuição (Celg D). Somente até julho deste ano, as queixas somaram 6.644, o que superou o registrado em todo o ano de 2016 (5.444), quando a empresa, então estatal, foi a leilão.Com base nisso e especialmente na demanda por novas ligações de energia que não são atendidas – ao menos na velocidade esperada – é que o governo estadual reforçou a pressão sobre o desempenho da Enel. O que importaria mais do que a duração e frequência de quedas, que apresentam melhora, apesar da empresa ser a última colocada no ranking nacional.Adriano afirma que o principal gargalo é a capacidade de distribuição. “O governo federal está sensível e sabe que é situação para ser resolvida de maneira imediata. A Aneel faz fiscalização em campo mais detalhada para consolidar os números e ter informações precisas para poder tomar atitudes mais drásticas”, diz.O caráter emergencial do plano em vigor só estaria no nome, critica o secretário. Ações começam a surtir pouco efeito em 2019 e parte virá em 2020. Depois de diversas discussões com a empresa, Adriano explica que houve cerca de três revisões. Em cada nova formatação, pouco se aproximou do esperado para atender o Estado como o governo deseja. “Isso está chegando ao limite da paciência.”Do que teria sido exposto pelo governo como demanda, apenas 20%, segundo ele, foi atendido no compromisso assumido. Ao citar o nível de irritação, Adriano pontua que toda semana recebe queixas de empresários, com novos empreendimentos ou expansões, que não conseguem energia para iniciar as atividades. “Inviabiliza ações por todo lado”, diz. Segundo ele, a atração de empresas também estaria prejudicada.EstopimAté uma policlínica em Posse, no Nordeste goiano, não foi inaugurada pela falta de capacidade de energia. A Enel não cumpriu prazo estabelecido. O fato foi um dos últimos antes do governador ir à Brasília para reforçar a pressão por melhorias. “O que mostramos é que nada do que é proposto surte resultado prático”, expõe Adriano.Em nota, a Aneel informou que os ajustes no plano emergencial que prevê ações até agosto de 2020 foram necessários para obter melhores resultados, o processo de fiscalização ocorre de forma contínua e a “metodologia parte de uma análise global para uma mais detalhada”. Já a Enel respondeu que “tem feito todos os esforços para recuperar o sistema elétrico de Goiás e reverter a situação crítica encontrada ao adquirir a companhia”.-Imagem (1.1856561)