Na véspera da reunião com o prefeito Sandro Mabel (UB) para discutir os projetos de lei que devem ser enviados à Câmara Municipal de Goiânia antes do recesso, os vereadores da capital usaram boa parte da sessão ordinária desta terça-feira (1º) para fazer novas reclamações sobre os secretários municipais. O presidente Romário Policarpo (PRD) e o líder do prefeito, Igor Franco (MDB), criticaram a atuação do titular da Secretaria de Engenharia de Trânsito (SET), Tarcísio Abreu, e da diretora de Políticas de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Erika Fernandes Soares, respectivamente, abrindo caminho para onda de queixas, tanto de integrantes da base quanto da oposição. Sem entrar em detalhes, Policarpo afirmou que Tarcísio culpa os vereadores pela dificuldade de efetivar determinadas ações na pasta, mencionando inclusive perseguição a efetivos supostamente ligados a ele. De acordo com o presidente, há tentativas de transferir a responsabilidade aos parlamentares pela não concessão de gratificações a servidores - o que ele nega.“O secretário está mais preocupado em fazer viagens, em falar, inclusive, de servidores nossos aqui. (...) Mas ao invés de ele se preocupar com a vida dos outros, ele poderia estar preocupado com a secretaria dele que até hoje não conseguiu colocar os radares de Goiânia para ativar. A população talvez não saiba, mas mais da metade das multas existentes hoje podem ser anuladas porque a Prefeitura apenas instala os radares e não faz o mínimo que é instalar a sinalização dos radares”, afirmou Policarpo na sessão. “O secretário Tarcísio ao invés de fazer fofoca e conversa fiada poderia se preocupar com a sua secretaria e parar de ficar com conversa de corredor porque acho que isso não ajuda em nada a Prefeitura”, prosseguiu o presidente, para completar: “Eu convivi com um secretário fofoqueiro no governo passado, e já disse ao prefeito Sandro que não vou conviver com secretário fofoqueiro neste governo.”Logo na sequência, os vereadores da base Rose Cruvinel (UB) e Geverson Abel (Republicanos) seguiram fazendo críticas à condução dos trabalhos na área de mobilidade pela SET e apontaram falhas na forma como estão sendo instalados os radares na capital, além da suposta execução de projetos sem assinatura de engenheiros. “Infelizmente aquela secretaria está mandando para a rua projetos sem assinatura de nenhum engenheiro”, afirmou Rose. “Essas multas estão sendo aplicadas sem sanção adequada. Muitas vezes não são pagas, e ainda assim o dinheiro da prefeitura está sendo gasto”, reforçou Abel.Entretanto, em resposta ao questionamento feito pelo POPULAR, a SET informou que “apenas os equipamentos instalados em locais devidamente sinalizados estão emitindo autuações, conforme prevê o Código de Trânsito Brasileiro”.Já Welton Lemos (SD) mencionou que a visita da secretária municipal de Governo, Sabrina Garcêz, à Casa, no início de junho, não avançou na melhoria da relação do Paço com o Legislativo. “Não houve melhora nos atendimentos. Os secretários do prefeito precisam ter o entendimento de que quem elege é o voto. (...) Há aqui o reflexo de uma insatisfação que precisa ser tratada e com certa urgência”, disse Lemos.A oposicionista Kátia Maria (PT) ironizou a enxurrada de reclamações: “A insatisfação da base tomou conta aqui hoje.” Já Aava Santiago (PSDB) afirmou que as declarações de Policarpo e Franco “mostram que (eles) estão enfrentando oposição dentro do Executivo”. Os ataques de Policarpo e dos demais vereadores ocorreram logo após Igor Franco subir à tribuna, no início da sessão, para dizer que não havia obtido respostas acerca de um requerimento feito em abril à SMS solicitando informações de um prontuário de um bebê que supostamente veio a óbito na Maternidade Célia Câmara. “Tem uma diretora de Políticas da Saúde, Erika, que está com a responsabilidade de tocar as emendas da saúde. Tentei falar com ela por várias vezes, mas ela não deu retorno. É uma vergonha, uma diretora da saúde, cargo comissionado, ela está lá por decreto, ela não responder vereador”, afirmou o líder do prefeito. “Se não responder, se não resolver, nós vamos convocar. Eu sei muito bem exercer meu papel de vereador.”Endossaram as falas de Franco os vereadores Anselmo Pereira (MDB), Coronel Urzêda (PL), Markim Goyá (PRD), Geverson Abel, Willian Veloso (PL) e Bruno Diniz (MDB).ContextoAs críticas de vereadores a auxiliares municipais nesta terça não são isoladas neste início de administração. No mês passado, houve insatisfação com Giselle Faria (Educação) e com Celso Dellalibera (Administração). No caso de Giselle, a queixa era a dificuldade para agendar reuniões. Após uma articulação de Sabrina Garcêz, a secretária de Educação foi à Câmara, em 10 de junho, para atender os parlamentares e esclarecer dúvidas na área.Já Dellalibera foi alvo de um requerimento do vereador Ronilson Reis, que pediu sua convocação para prestar esclarecimentos sobre a gestão e supostas denúncias de assédio moral.O POPULAR apurou que ainda não houve definição da data da ida de Dellalibera. As queixas aos secretários devem pautar também a reunião entre o prefeito e os vereadores, marcada para esta quarta, às 14h, no Paço. A bancada do PT decidiu não participar. Segundo Edward Madureira, o prefeito demonstra “pouca escuta”. “Se ele não tiver gestos de aproximação, não adianta”, afirmou o petista.