Quando se investe na mulher, está se investindo na sociedade, porque as mulheres não empreendem só para si, mas também para os filhos, a família, a comunidade, e não apenas no Brasil, esse é um dado internacional. Quem afirma é a co-CEO da Rede Mulher Empreendedora (RME) e diretora do Instituto Rede Mulher Empreendedora, Célia Kano, entrevistada pela jornalista Cileide Alves no Chega Pra Cá desta terça-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher.“Essas mulheres têm preocupação genuína de fazer um mundo melhor.”Além da RME, há o Instituto Rede Mulher Empreendedora, ONG que trabalha com mulheres em vulnerabilidade social, apoiando na geração de renda, não necessariamente ao empreender, mas também buscando empregabilidade e vaga de emprego.O público atendido pela ONG tem dificuldades nos aspectos socioeconômico, racial, periférico, regional, sexual, de idade (acima dos 50 anos). “São dores muito particulares e, quando vão empreender ou buscar emprego, vão ter desafios particulares”, explica. Mas a violência doméstica, pontua ela, é transversal a todos esses recortes de público.“A dependência emocional e financeira que muitas têm de seus companheiros é um ciclo que tem de se quebrar com a geração de renda”, propõe.Para apoiar essas mulheres na busca por autonomia econômica e geração de renda, a RME foi criada em 2010 e impactou mais de 9 milhões de pessoas em todo o país. Começou com a empreendedora social Ana Torres diante de suas próprias dificuldades em manter um negócio. Hoje, a rede oferece apoio por meio de capacitações, conteúdo qualificado, conexões, mentorias, acesso ao mercado por meio de marketplace, e programas de aceleração e acesso a capital, o que a tornou a maior plataforma de apoio às mulheres da América Latina, com quase 3 milhões de participantes.Engenheira mecatrônica e mestre pela Escola Politécnica da USP, Célia avalia que ainda é pequena a presença feminina em áreas de tecnologia e finanças. “Quando a mulher opta por essas áreas, acaba sendo uma estranha no ninho de um mundo mais masculino”, comenta. Trata-se de questão que envolve não somente o mercado de trabalho, mas começa já na maneira como se educa as crianças, discorre ela.“Engenheira, na minha sala, eram 80 homens e 3 mulheres. Tive um processo de me defender num grupo de homens e progredir, a gente acaba assumindo um estilo de liderança majoritariamente masculino”, relata.próprio estiloNa RME, um dos trabalhos é voltado para esclarecer que a mulher não precisa atender a competências masculinas no mercado. Para isso, expõe, é necessário autoconhecimento a fim de entender como liderar no seu próprio estilo.Autoconhecimento é um dos três pilares da RME citados por Célia, que também aponta competência técnica para alavancar negócio e carreira, como domínio de marketing e finanças; e, ainda, atuar em rede, em colaboração com outras mulheres que vão inspirar nessa trajetória.Na 7ª pesquisa anual feita pela RME entre mulheres que buscam apoio na rede, emergiram desafios pessoais e do ecossistema, entre eles a jornada dupla, o cuidado com família, filhos.“Quando mulheres vão empreender, buscam mais área do cuidado, alimentação, beleza, saúde, educação”, constata.NA RME são feitas capacitações com exercícios práticos, para que a mulher possa ver de onde vem, do que gosta, o que sabe fazer e onde é reconhecida e pode gerar renda. “Não basta só gostar, o mercado tem de valorizar pagando pela prestação do serviço. “Outra orientação é de que, independente do negócio, é preciso inovar.