Sob alegação de imprecisões nos dados, a Procuradoria Geral da República (PGR) publicou nova tabela com os pagamentos salariais de dezembro do ano passado, que reduz para R$ 471.225,26 o maior valor pago a um procurador da República. Com as mudanças, o procurador de Goiás Mário Lúcio de Avelar passa a ser o primeiro colocado da lista.Na relação anterior, disponível no Portal da Transparência, o maior valor pago somava R$ 545,8 mil. Mesmo com as alterações, a folha aponta 70 procuradores que receberam mais de R$ 300 mil naquele mês. Antes eram 71. Conforme revelou O POPULAR na terça-feira (18), os pagamentos referem-se principalmente a venda de licenças-prêmio e férias não usufruídas.A Secretaria de Comunicação (Secom) da PGR informou que os relatórios foram republicados “para corrigir falha que gerou resultado diferente do efetivamente pago aos procuradores da República”. “Após análise, verificou-se que os valores que constam em três colunas (‘Outras Verbas Remuneratórias Legais ou Judiciais’; ‘Gratificação Natalina’; e ‘Férias 1/3 Constitucional’) também foram contabilizados na coluna ‘Outras Remunerações Temporárias’. Além disso, os valores relativos a ‘indenizações de férias’ foram computados em duplicidade nas colunas: ‘Verbas Indenizatórias’ e ‘Total de Rendimentos Brutos’, o que leva à conclusão equivocada acerca de um acréscimo nos valores recebidos. Reiteramos que não houve falha no pagamento, mas apenas na divulgação dessa informação no Portal da Transparência”, informou a Secom por meio de nota.Na semana passada, O POPULAR havia apresentado questionamentos à PGR sobre os valores e a Secom apenas respondeu que os pagamentos estavam dentro da legalidade.Com as correções no relatório, Mário Lúcio sai da terceira colocação para a primeira. Antes a remuneração dele somava R$ 466 mil e agora aparece R$ 471 mil. O segundo lugar passa a ser do procurador Rogério de Paiva Navarro, com R$ 456 mil, e o terceiro do procurador José Robalinho Cavalcanti, com R$ 446 mil. Robalinho aparecia antes em primeiro lugar, com mais de R$ 545 mil.Na nova tabela, o procurador Carlos Alberto Carvalho de Vilhena Coelho, que comanda a Procuradoria Federal de Direitos do Cidadão (PFDC), passa à 25ª posição, quando antes aparecia em 3º lugar. Em vez de remuneração total de R$ 472 mil, ele contou com R$ 370 mil.Ao total, os pagamentos continuam somando R$ 156,8 milhões, sendo quase R$ 80 milhões de indenizações. De acordo com o Portal da Transparência do MPF, há 1.146 procuradores na ativa em todo o País. No mês de dezembro, o pagamento médio, portanto, foi de R$ 136 mil por membro do órgão.A licença-prêmio é um benefício por tempo de serviço, estabelecido na Lei Complementar número 75 de 1993, de organização do Ministério Público da União. A cada período de cinco anos de exercício, há direito de três meses de licença, com autorização para pagamento caso não seja gozada. Para os servidores federais do Poder Executivo, o benefício foi extinto na década de 1990.Os procuradores têm direito a 60 dias de férias anuais, além de recesso de 15 dias no período de fim de ano. Mas também há opção por vendê-las. Pelo caráter indenizatório, os pagamentos não se submetem ao corte conforme o teto constitucional do funcionalismo, que é o salário de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), de R$ 39,2 mil.