Os 246 municípios de Goiás devem fechar 2021 com a maior soma de arrecadação dos últimos três anos. A análise foi feita a partir dos dados do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO) levantados a pedido do POPULAR.Somados, os municípios de Goiás tiveram R$ 19,3 bilhões de receita em 2021. Contudo, 40 cidades estão com prestação de contas em atraso, entre elas, Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis, que geralmente lideram o ranking goiano de arrecadação.Além disso, dentre as atrasadas, dez já apresentam maior receita na comparação com o ano anterior, mesmo sem fechar as contas, o que indica que terão arrecadação ainda maior que as declaradas até o momento.Simulação feita pela reportagem mostra que, se considerado o valor da receita de 2020 para os 30 municípios com contas em atraso e que ainda apresentam variação negativa na comparação daquele ano com 2021, o total de receitas de todos os municípios seria 6,70% maior no ano passado do que no anterior, e 23,80% maior que em 2019. Na simulação, as 246 cidades do Estado somariam R$ 27,3 bilhões em receitas ante R$ 25,6 bilhões em 2020 e R$ 22 bilhões em 2019. AtrasadasA reportagem procurou a Secretaria de Finanças (Sefin) de Goiânia para saber o motivo do atraso na prestação de contas de 2021 ao TCM-GO. O superintendente de Contabilidade da pasta, Jânio Marques, explica que o tribunal modificou, em 2021, a forma de envio dos dados ao vincular o envio dos dados contábeis, que contêm informações de receita, por exemplo, ao envio de contratos e folha de pagamento.Segundo ele, a Sefin já tem preparados os dados contábeis, mas depende de um novo sistema de processamento da folha para que todos os dados sejam enviados ao tribunal. Esse novo sistema estaria em desenvolvimento pela Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sictec), em conjunto com a Secretaria de Administração (Semad), que não concluíram o trabalho a tempo.Em nota, Semad e Sictec explicam que “a plataforma Colare (do TCM-GO) solicita número de informações superiores às disponíveis na base de dados do município”. “São informações que não eram habituais na rotina da Prefeitura, o que exige complementação para que sejam enviadas.”Segundo o texto, a Semad trabalha para se adequar às exigências da plataforma de pessoal, “mas ainda não possui sistema que atenda às necessidades do órgão”. “Todos os dados referentes à folha de pagamento da Prefeitura de Goiânia ainda são processados manualmente e, por isso, é necessário tempo para que providências sejam tomadas no sentido de transformá-lo em meios digitais, eletrônicos e integrados às demais plataformas.”O Paço explica que as pastas elaboraram um plano de ação e apresentaram à corte de contas. “Dentre as ações, estão a implantação de um novo sistema de RH, visto que o atual data de 1982, e também o recadastramento de todos os servidores com os dados complementares atualizados, exigidos pelo Colare e E-social.”Procuradas, as prefeituras de Aparecida de Goiânia e Anápolis responderam que devem regularizar suas situações em breve. A secretaria da Fazenda de Aparecida informa que o único balancete de prestação de contas que está pendente é o da Saúde. Explica que isso ocorreu devido ao acúmulo de serviços na área por conta da Covid-19 e que os demais já foram entregues ao tribunal. Informa ainda que a expectativa é de que “a entrega seja feita nos próximos dias, regularizando todos os dados do município junto ao órgão”.Já a prefeitura de Anápolis informa “que está em um processo de adaptação do seu sistema de gestão para que o mesmo possa trocar informações com o sistema do TCM e, desta forma, todos os dados necessários serem enviados através do Colare.” O texto ainda ressalta que “o envio completo dos dados está previsto para acontecer nos próximos dias.”2022O consultor orçamentário Renatho Melo aponta que, apesar de a inflação ter ajudado a “turbinar” as receitas em 2021, neste ano, ela deve cobrar “um preço alto nas despesas”. “O desafio das contas públicas no futuro próximo é enfrentar as despesas da nova precificação dos bens e serviços efeito da escalada da inflação”, relata.Ele alerta também que, para este ano, há pontos que devem impactar na arrecadação, como a renúncia de receita fiscal, exemplo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), além de outras que estão em tramitação no Congresso Nacional. A redução da alíquota de IPI foi anunciada pelo governo federal no fim de fevereiro e, como mostrou o POPULAR, prefeitos dizem que isso irá reduzir o valor do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).-Imagem (1.334167)