Na esteira do embate aberto envolvendo o governador Ronaldo Caiado (DEM) e o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), deputados estaduais repercutiram as críticas dos dois, especialmente depois que o democrata acusou o tucano de usar “seus amarra cachorro” para atacar sua família. Aliados de Marconi, parlamentares como Talles Barreto e Lêda Borges, ambos do PSDB, reagiram às declarações na Assembleia.“Em momento algum houve qualquer crítica em relação a mulher dele, houve críticas de que ela estava fazendo mais do que deveria e usurpando poder”, retrucou Talles. Segundo ele, a primeira-dama, Gracinha Caiado, deveria se ater a desempenhar o cargo que ocupa como presidente da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) ou passar, então, a ocupar uma função determinada no governo: “Que Caiado crie um cargo, é legítimo até, ela pode contribuir. Agora, não pode fazer função que não é dela e usurpar poder”.Da tribuna, Lêda acusou Caiado de “só se preocupar em desmoralizar e destruir a liderança” do ex-governador. “O povo elegeu Marconi por quatro mandatos, não é por causa de alguns meses que vamos esquecer o legado”, declarou.Membro da base de Caiado, Humberto Teófilo (PSL) disse que o atual governador “se sentiu no direito de responder” a críticas iniciadas pela própria oposição - e que já haviam repercutido, na semana passada, em falas de parlamentares como Amauri Ribeiro (Patriota). “Primeiro, os deputados agrediram a primeira-dama, falando que estava cometendo crime, usurpando função.”E embora tenha defendido que a Assembleia deixe a discussão entre os dois e foque em discutir e aprovar projetos na Casa, Humberto endossou as críticas: “O que o Caiado disse é a pura verdade, ele não mentiu. Só que essa discussão deixa pra eles”, pontuou o deputado.Para Amauri, a discussão toda está tomando uma “proporção desnecessária, tanto para um quanto para o outro”. “Acho que o Caiado tem que é que expor o tanto de coisa errada que pegou no governo. Esses ataques pessoais são ruins, ele é bem maior que isso, não precisa disso, é o governador do Estado. O problema é que o Marconi resolveu atacar e o Caiado não é homem de aceitar calado.”Ecoando discurso que fez na semana passada, Lucas Calil (PSD) classificou a briga como “desnecessária”: “Família é uma instituição sagrada, esses ataques são muito baixos, acho que ninguém espera que governador fique falando de filha de adversário. Agora, se está falando, que prove. O goiano está cansado desse blablablá.”“Eu acho que Caiado não tem legitimidade nenhuma para condenar o antigo governo, tendo em vista que fez parte do grupo por 16 anos e o ex-governador (José Eliton, do PSDB) era indicação pessoal dele. Ele tem justificado a sua inoperância e incompetência com ataques e acho que o debate que a população quer ouvir é a resolução dos problemas de Goiás - que não são poucos”.HistóricoA troca de farpas entre os dois teve início depois que, na semana passada, Caiado disse, em discurso durante a missa solene da Romaria do Muquém, que Goiás foi “Disneylândia de corruptos”. “Essas pessoas que se enriqueceram terão que pagar com a consciência. Ou corruptos mudam de Goiás ou mudam de profissão. Como vocês já viram, eles mudaram de Goiás”, alfinetou ele - hoje, Marconi vive e trabalha em São Paulo.Em nota, o tucano chamou Caiado de “canalha e impostor” e anunciou que entraria com ações cíveis na Justiça para pedir providências quanto às declarações. Ontem, ele voltou a responder ao democrata: “Me defendi quando fui atacado por ele em uma missa, local sagrado que ele sequer tem a decência de respeitar. Quando um homem público, um governador, agride mulher, filhas, pai e irmãos, isso só evidencia a covardia do algoz”.