O segundo turno das eleições em Goiânia ganhou ares nacionais com a intensificação da disputa entre os candidatos Sandro Mabel (UB) e Fred Rodrigues (PL), apadrinhados, respectivamente, pelo governador Ronaldo Caiado (UB) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — duas potenciais lideranças da direita para a eleição presidencial de 2026. Ambos os candidatos têm buscado reforçar suas imagens alinhadas aos padrinhos políticos, enquanto trocam ataques baseados na narrativa de serem os “verdadeiros representantes da direita”.Galvanizando o clima de enfrentamento, visitas de Bolsonaro e sua mulher, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a Goiânia, reiteraram a estratégia adotada pelo casal que mira o Palácio do Planalto. Em discursos incisivos, ambos elevaram o tom contra Caiado e seu candidato, evidenciando o rompimento político.No campo jurídico, as campanhas intensificaram disputas: a equipe de Mabel questionou a ausência de diploma universitário de Fred na documentação entregue à Justiça Eleitoral, enquanto a equipe de Fred acusou Mabel e Caiado de utilizarem o Palácio das Esmeraldas para mobilizar apoio e suposto uso da máquina pública para compra de votos com cestas básicas.Esses são alguns dos episódios que marcaram a campanha no segundo turno na capital. Confira outros momentos e decisões marcantes desde os resultados de 6 de outubro. Abstenção O governador Ronaldo Caiado mudou a data do feriado do Dia do Servidor Público do dia 28 de outubro para 1º de novembro com o intuito de reduzir a abstenção no segundo turno. De acordo com o governo, a medida busca incentivar a participação da população no processo eleitoral. De modo semelhante, o prefeito Rogério Cruz também assinou decreto transferindo a data do feriado. PT Dias após o primeiro turno, os diretórios metropolitanos da federação “Brasil da Esperança”, formada por PT, PCdoB e PV, decidiram, em 10 de outubro, pela neutralidade com relação ao segundo turno, justificando a escolha de não apoiar nenhum candidato em razão de Mabel e Fred serem ambos de direita. A deliberação, no entanto, não durou nem dez dias. Em 18 de outubro, a federação modulou posicionamento e passou a defender, por meio de uma nota pública, que a abstenção e o voto nulo “representam injustificável omissão política”. O texto citou o “dever cívico” de “derrotar a extrema-direita”. Embora não mencionasse os nomes dos candidatos a prefeito de Goiânia, a nota acenou para voto útil em Mabel. Com quase 170 mil votos, a deputada federal Adriana Accorsi (PT) ficou em terceiro lugar na disputa pelo comando da capital. Tucanos divididosO PSDB, que ficou em quarto lugar na disputa pela Prefeitura e teve como candidato o jornalista Matheus Ribeiro, se dividiu quanto ao segundo turno. Embora a sigla tenha se posicionado oficialmente liberando seus filiados e defendendo a neutralidade quanto ao endosso de uma das candidaturas, internamente os tucanos se separaram em uma ala que apoia Fred para derrotar o governador Ronaldo Caiado (UB), e outra favorável a Mabel. Ribeiro chegou a dizer que anunciaria em quem iria votar no segundo turno — promessa que ainda não se concretizou. Enquanto isso, o ex-governador Marconi Perillo, presidente nacional da legenda, reforçou por meio de nota a postura de neutralidade do diretório metropolitano. Partido federado com o PSDB, o Cidadania declarou apoio a Mabel em 21 de outubro, alegando que não ficaria omisso diante do risco de “retrocesso administrativo”. Van Van VanO senador Vanderlan Cardoso (PSD), que derreteu ao longo do primeiro turno e amargou a quinta colocação na disputa pela Prefeitura, com 6,57% dos votos válidos, decidiu apoiar Mabel no segundo turno. Quando do anúncio, em 11 de outubro, Vanderlan esteve ao lado de lideranças evangélicas, declarou-se preocupado com o futuro de Goiânia e reclamou da desconstrução do seu perfil por parte das lideranças de extrema-direita.Operação da PFEm meio aos embates jurídicos entre ambas as campanhas, o deputado federal Gustavo Gayer (PL) foi alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (25). A PF divulgou nota informando a deflagração da operação Discalculia, que busca desarticular suposta associação criminosa voltada para desvio de recursos públicos de cota parlamentar, além de falsificação de documentos para criação de Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). VisitasCom o apelo nacional da disputa na capital, o ex-presidente Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro intensificaram agendas em Goiânia. No segundo turno, visitaram a cidade uma vez cada um. O ex-presidente confirmou nova visita para o domingo de eleição. Durante as agendas em apoio a Fred, subiram o tom ao atacar Caiado e Mabel indiretamente. Além do casal bolsonarista, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) também esteve em Goiânia para endossar o projeto do PL. Ao alfinetar a candidatura governista, afirmou que trata-se da “velha e má política”. Atual gestãoApenas dois dias após o primeiro turno, o prefeito Rogério Cruz (SD), derrotado na tentativa de se reeleger e sexto colocado na disputa com 3,14% dos votos, exonerou ou dispensou 1.962 comissionados ou ocupantes de função de confiança por meio de dois decretos publicados no Diário Oficial do Município de 8 de outubro. Diante da repercussão negativa, Cruz recuou da decisão. Em meio à possibilidade de déficit nas contas de Goiânia e desafios na prestação de serviços, principalmente na Saúde, com atrasos de repasses de recursos, o então secretário municipal de Finanças, Vinícius Alves, pediu exoneração do cargo em 11 de outubro.