Marcada para hoje, a nova manifestação pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff rendeu polêmica nas redes sociais por conta da data escolhida, registrada na história brasileira como o dia do Ato Institucional número 5 (AI-5), em 1968. Aqueles que classificam como “golpe” o processo contra a petista associam o protesto à medida considerada mais repressiva da ditadura no País.Representantes dos movimentos que organizam a manifestação em Goiás admitem uma “coincidência infeliz de datas”, mas alegam que os protestos não têm qualquer relação com defesa de ditadura. Afirmam ainda que não haveria outra data em dezembro para o ato por conta da proximidade das festas de final de ano.“Quer contraponto maior ao AI-5 do que ocuparmos as ruas em protesto contra um governo e defendermos a legalidade do processo contra a presidente?”, diz um dos integrantes do Movimento Brasil Livre em Goiás, Silvio Fernandes (DEM).Representante do Movimento Republicano, Raphael Nunes diz que “já está muito explícito que há legalidade e que não é golpe” o pedido de impedimento da presidente. Em um bate-papo na internet de representantes dos movimentos que vão às ruas, o grupo ressaltou que um dos motes do protesto é desmistificar a tese de golpe.Segundo Silvio, ao definir a data da manifestação em nível nacional, em reunião em Brasília, ninguém do Movimento Brasil Livre lembrou-se que a data coincidia com o AI-5. “Mesmo se alguém tivesse falado, teríamos mantido o dia porque as semanas seguintes são de festividades e tínhamos que marcar posição agora”, justifica Silvio.“Sempre vai haver uma data que pode ser associada. E se pensarmos que o protesto é dia 13, às 13 horas, alguém poderia falar que somos petistas?”, questionou Silvio.MobilizaçãoOs grupos que organizam a manifestação de domingo distribuíram nos últimos três dias cerca de 20 mil panfletos em Goiânia, em pontos movimentados da cidade e nas universidades. Nos últimos dois dias, seis carros de som circulavam por bairros da periferia para pedir participação popular.Na noite de quinta-feira, representantes dos movimentos organizaram um flash mob na praça de alimentação do Goiânia Shopping. Carregando bandeiras do Brasil e bonecos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido de presidiário, os manifestantes convidavam para o protesto de domingo e entoavam coros contra o PT.Apesar de alegar tempo curto para a convocação e o período de férias de parte da população, o representante do MBL afirmou esperar entre 10 mil e 15 mil pessoas na manifestação, que terá início na Praça Tamandaré. “Pode ser que seja mais vazia que as anteriores, mas é importante estar nas ruas neste momento”, diz.