A bancada goiana no Congresso Nacional remanejou R$ 106,7 milhões de suas emendas de bancada para ações de combate ao novo coronavírus. Os recursos, que serão destinados tanto ao Estado quanto aos municípios, representam 48,6% dos R$ 219 milhões a que a bancada tem direito. Com o remanejamento, os recursos devem ser pagos até o dia 30.O remanejamento foi permitido por medida do governo federal, dentro das ações emergenciais contra a nova doença, que fez sua primeira vítima no Estado ontem, em Luziânia. Líder da bancada, a deputada Flávia Morais (PDT) relata que o ofício foi encaminhado e que, além de Estado e municípios, parte dos recursos também deve ir para o Hospital das Clínicas (HC).Segundo ela, serão R$ 14 milhões destinados à unidade, que é administrada pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e pode ser usada como apoio ao Hospital de Doenças Tropicais (HDT) no tratamento de possíveis infectados pelo novo coronavírus.Como mostrou O POPULAR na segunda-feira (23), Caiado utilizou a necessidade de equipar o HC como argumento para sensibilizar os 17 deputados federais e três senadores a remanejarem a totalidade das emendas de bancada para ações anti-coronavírus. Segundo o reitor da UFG, Edward Madureira, seriam necessários R$ 37 milhões para equipar a unidade.A possibilidade de remanejar 100% das emendas de bancada foi levantada pelo deputado Lucas Vergílio (SD), na semana passada. A questão, porém, foi alvo de discussão entre os parlamentares, que apontaram compromissos também com outras áreas, sobretudo nos municípios, e decidiram que cada um decidiria o que remanejar de sua “cota pessoal” das emendas – cada um teve direito a R$ 10,9 milhões.Vergílio remanejou 100% da cota, assim como Francisco Júnior e o senador Vanderlan Cardoso, ambos do PSD, dividindo suas cotas entre o HC, o Hospital do Servidor e municípios goianos, sobretudo aquelas cidades consideradas polos.Além de Goiânia e Aparecida de Goiânia, que receberam a maior quantidade, também devem ser atendidos municípios do Entorno de Brasília, Norte, Nordeste, Sul e Sudeste. “A intenção é criar uma rede de proteção para retardar a ida aos hospitais nas maiores cidades”, relata Francisco.Fora as emendas de bancada, Estado e municípios também devem receber, até o dia 30, R$ 185,8 milhões de emendas individuais dos parlamentares goianos.As emendas, tanto de bancada quanto individuais, são impositivas, isto é, precisam ser obrigatoriamente pagas pelo governo federal até dezembro. Contudo, diante da situação emergencial, resguardada legalmente pelo estado de calamidade pública, o governo liberou o pagamento de até R$ 8 bilhões em emendas até o fim deste mês.OUTRAS ÁREASFlávia Morais diz que os parlamentares “fizeram um esforço” e “se solidarizaram” com a situação, fazendo os remanejamentos, explicando a impossibilidade de muitos em remanejar a totalidade para uma única ação. “Entendemos a situação e nos solidarizamos, mas não podemos deixar as outras áreas desguarnecidas.”Pensamento semelhante tem Elias Vaz (PSB), que afirma ter remanejado aproximadamente R$ 7 milhões de sua cota, sendo “a maioria para o HC.” “Em outras áreas, prefiro não mexer, como Educação, que é essencial. Tenho algumas emendas, por exemplo, para os institutos federais”, ressalta.Para Waldir Soares (PSL), o Delegado Waldir, não seria possível remanejar 100% das emendas. “A minha já estava destinada para Segurança Pública, que também é extremamente importante. É essencial”, relata, explicando que foi um dos que mais destinaram emendas individuais para a saúde – foi o segundo – e que o PSL tem apresentado medidas no Congresso Nacional que devem gerar mais receita.Célio Silveira (PSDB) afirma ter liberado R$ 4,2 milhões para municípios do Entorno de Brasília. De Luziânia, cidade que registrou a primeira morte pelo novo coronavírus em Goiás ontem, ele relata que os recursos poderão ser utilizados para construção de um Hospital de Campanha.