-Imagem (1.2472517)O deputado federal e presidente da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner (MDB), disse em entrevista à Cileide Alves, no Chega pra Cá desta terça-feira (14), não ter dúvida que “o setor produtivo rural goiano dará todo o respaldo” para que Ronaldo Caiado (UB) seja reeleito governador de Goiás.Schreiner, que é um dos vice-líderes do governo de Jair Bolsonaro (PL) na Câmara dos Deputados, disse que não existe problemas entre Caiado e o presidente da República. Para justificar o apoio do setor ao governador, ele citou a atuação de Caiado durante quatro mandatos como deputado federal e quatro anos como senador. “Não há um cidadão no Brasil que sempre defendeu o setor produtivo rural como o cidadão Ronaldo Caiado”, afirmou.Já em relação a Bolsonaro, o deputado, que também é vice-presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), afirmou que o presidente deu “tranquilidade e segurança jurídica” ao setor, por isso recebe amplo apoio. Apesar de afirmar ser a favor da reforma agrária, José Mário disse que não há orçamento e avaliou que a agropecuária apoia Bolsonaro pela repreensão a “invasão de terras” e oposição a demarcação de terras indígenas.“É claro que às vezes alguém resmunga que o governador com presidente…não existe nada disso”, afirmou o deputado ao ser questionado sobre a disputa por apoio no agronegócio entre Caiado e o pré-candidato de Bolsonaro ao governo de Goiás, Vitor Hugo (PL). Recentemente, Schreiner anunciou que não vai se candidatar à reeleição. Ao Chega pra Cá, ele citou dois motivos para a decisão: a polarização política, em que considera ser necessário "dedicar atenção especial a esse debate"; e a "oportunidade que o Brasil tem" diante da discussão mundial sobre produção de alimentos. Para isso, ele afirma que precisa se dedicar à CNA.Leia também:• Pela primeira vez, Caiado terá de disputar votos na direita, diz pesquisador• Adesivo circula entre governistas com frase "Sou Caiado, sou Bolsonaro"• Em evento com Bolsonaro em Rio Verde, Caiado discursa em meio a vaiasMudanças climáticasO deputado federal constatou que o setor “tem enfrentado regimes climáticos diferentes”. Ele afirmou que é necessário proteger as fontes de água, mas não apresentou medidas concretas. “É importantíssimo que nós protejamos os nossos mananciais, as nossas nascentes, as nossas matas ciliares, os nossos brejos, aquela área úmida onde você tem a reposição de aquíferos.”Ele também citou o Código Florestal Brasileiro, que determina que todo imóvel rural mantenha uma Reserva Legal de, no mínimo, 20%. A parcela de preservação ambiental dos terrenos varia conforme o bioma em que se localiza. O presidente da Faeg alegou que é contra a violação do Código. “Isso é problema do Ministério Público, é problema de polícia e nós abominamos esse tipo de atitude”, declarou.Leia também:• Com aumento do calor e seca, modelo de agricultura no Cerrado deve ser repensado, diz pesquisadora• Preço do leite dispara 21,3% este ano em GoiásIrrigaçãoJosé Mário considera que o consumo de água pelos sistemas de irrigação não é um problema e disse que o líquido escoa pelo solo e vai para o oceano. “Essa água toda corre para o mar, é cíclico o regime da chuva”, disse.“Reter água (irrigar) é extremamente favorável”, afirmou o deputado ao argumentar que a água jogada sobre as plantas escoa para o solo e “vai abastecer novamente o manancial”. Apesar de afirmar que a água volta para o oceano, ele também argumentou que a agricultura não torna a água imprópria para o consumo.De acordo a Agência Nacional das Águas (ANA), metade da água potável brasileira é utilizada em sistemas de irrigação, ao longo de 8,2 milhões de hectares. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 70% da água potável disponível no mundo é consumida pelos sistemas de irrigação.Energia elétricaO presidente da CNA fez duras críticas a Enel e disse que a empresa de geração de energia em Goiás é um problema para o desenvolvimento dos sistemas de irrigação na agricultura. “A Enel não dá conta de ajudar Goiás a se desenvolver. Não é só o produtor industrial, a dona de casa que sofre com falta de energia. [...] A Enel precisa tomar jeito, ou pegar e ir embora de Goiás.”Ele citou a região do Vale do Araguaia como uma região em que a agricultura tem se expandido e os produtos estariam enfrentando dificuldade com acesso a energia. “A Enel não consegue levar energia elétrica para lá. Corta o coração da gente quando você vê, hoje, pequenas indústrias e pivôs centrais sendo tocadas a óleo diesel, com o óleo diesel a R$ 7”, afirmou. O deputado também disse que a empresa “cumpre tabela para manter tarifa.”Por meio de nota ao Chega pra Cá, a Enel disse que nos últimos seis meses "entregou R$ 130 milhões em investimentos em duas obras fundamentais para o setor de irrigação em Goiás, a Linha Brasília-Leste Itiquira, que liberou carga para cerca 163 mil clientes da região Nordeste de Goiás, e o sistema de Alta Tensão São Marcos, em Cristalina, que vai garantir a energia necessária para a expansão de uma das maiores áreas irrigadas da América Latina."Sobre o Vale do Araguaia, a empresa disse que são necessárias "grandes obras, com investimento total de R$ 255 milhões para atender à demanda da região. Os primeiros investimentos, da ordem de R$ 36 milhões, estão previstos para iniciar já em 2022, na construção de 60 quilômetros de linha de alta tensão na região de Jussara." (Confira a íntegra de resposta ao final do texto)• Presidente da Enel Goiás pede que governo entenda confidencialidade no processo de possível venda• Caiado diz não admitir que Enel negocie venda de concessão sem “transparência”• Enel Goiás inaugura nova subestação em CristalinaTecnologiaGoiás deve bater o recorde de produção de grãos na safra 2021/2022 e alcançar o terceiro lugar na colheita, ultrapassando o Rio Grande do Sul. O estado gaúcho, inclusive, teve a produção afetada após enfrentar uma estiagem severa no início do ano, chegando a ter a maioria dos municípios em estado de emergência em virtude da seca.José Maria Schreider avalia que o avanço da tecnologia é um dos principais fatores para a inserção de Goiás entre os maiores produtores. O deputado também considera a agroindustrialização outro fator fundamental para a expansão da agropecuária goiana. “A soja a gente produzia 30 sacas por hectares, hoje você produz 70. O milho nós produzíamos 50 sacas por hectares, hoje você produz 200.”Nota da Enel:Apenas nos últimos seis meses, a Enel Distribuição Goiás entregou R$ 130 milhões em investimentos em duas obras fundamentais para o setor de irrigação em Goiás, a Linha Brasília-Leste Itiquira, que liberou carga para cerca 163 mil clientes da região Nordeste de Goiás, e o sistema de Alta Tensão São Marcos, em Cristalina, que vai garantir a energia necessária para a expansão de uma das maiores áreas irrigadas da América Latina. A Linha Brasília-Leste Itiquira permitiu, por exemplo, que em Flores de Goiás, o Grupo Charrua, produtor e comercializador de grãos na região, colocasse recentemente em operação 33 pivôs elétricos, irrigando uma área de 2.670 hectares. Pivôs que estavam parados por falta de energia. Em Cristalina, o produtor Antônio Zucato, que chegou em Goiás na década de 80, sofria com a falta de energia desde os anos 90. Ele, que tem 29 pivôs de irrigação na propriedade, é um dos beneficiados com a obra de São Marcos, e agora planeja ampliar em 40% a produção com a chegada da energia. Sobre o Vale do Araguaia, mencionado na entrevista, grandes obras, com investimento total de R$ 255 milhões, são necessárias para atender à demanda da região. Os primeiros investimentos, da ordem de R$ 36 milhões, estão previstos para iniciar já em 2022, na construção de 60 quilômetros de linha de alta tensão na região de Jussara.Quando a Enel assumiu a distribuidora, em 2017, Goiás tinha uma demanda reprimida de 617 MVA. A empresa fechou 2021 com 56,81 MVA, ou seja, próximo de zerar esse déficit. Foram construídas 16 subestações em apenas 4 anos e modernizadas e ampliadas outras 116. Foram construídos, até dezembro de 2021, 17 mil quilômetros de redes de alta, média e baixa tensão.No caso de conexões rurais, o passivo era de 24 mil pedidos não atendidos. A empresa conseguiu reduzir em mais de 80%, conectando comunidades historicamente esquecidas. O produtor rural é prioridade para a empresa, tanto que anualmente elabora um plano voltado especialmente para a zona rural do Estado, que é acompanhado de perto pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.No primeiro ano, 2021, a evolução foi reconhecida pelos responsáveis pelo monitoramento das ações. Em 2022, os investimentos nas redes rurais serão ampliados em 25%, com foco na atuação preventiva, instalação de novas tecnologias na rede e em obras estruturais.