Com expectativa de contar com o apoio de 220 dos 246 prefeitos do estado, lideranças da base aliada ao governador Ronaldo Caiado (UB) esperam que as gestões das três maiores cidades apresentem resultados em curto prazo que favoreçam a estruturação da pré-candidatura do vice-governador Daniel Vilela (MDB) à reeleição. O vice assumirá o governo em abril de 2026 e confirma a expectativa por “bom desempenho” político e administrativo dos gestores.A avaliação na base é de que o estado garante contribuições para a melhora dos níveis de aprovação dos prefeitos de Goiânia, Sandro Mabel (UB), de Aparecida de Goiânia, Leandro Vilela (MDB), e de Anápolis, Márcio Corrêa (PL). Esse último já é considerado publicamente como aliado por Daniel, apesar de seguir filiado ao partido comandado em Goiás pelo senador e também pré-candidato ao governo, Wilder Morais.As três cidades totalizam 1,6 milhão de eleitores, segundo última atualização do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/GO), em 2024. Para aliados, no entanto, a influência dos prefeitos tem perspectiva ampliada à zona no entorno dos municípios próximos a Goiânia (1.030.274 eleitores), Aparecida (345.367) e Anápolis (262.660).“Não tenho dúvida de que terão um papel de relevância. Hoje eu tenho os três como aliados e acho que estão tendo um desempenho muito bom. Cada um com sua complexidade particular, mas acredito que estarão muito bem avaliados e reconhecidos pela população no ano que vem”, aponta Daniel em entrevista ao POPULAR. “Esse é o grande fator de importância para a eleição estadual. A força política deles é condicionada ao resultado e à eficiência da gestão. Eu estou acreditando muito e estou confiante. Todos estão indo muito bem”, considera o vice. O presidente estadual do MDB ainda destaca que os resultados são fundamentais para que a presença de um aliado na prefeitura signifique o fortalecimento do projeto ao Palácio das Esmeraldas. “Contam muito a liderança forte e a boa avaliação. Para que eles tenham essa importância na base, é fundamental que eles estejam bem na gestão e com boa percepção da população”, argumenta.Próximo de Daniel, o deputado estadual Issy Quinan (MDB), inclui na análise o desempenho dos prefeitos no processo de construção de bases políticas sólidas, com auxiliares, vereadores e lideranças locais. O parlamentar afirma que trabalho, se efetivo, proporcionará volume de campanha, impacto político e capacidade de mobilização nas maiores cidades “É um exército que se tem a seu dispor que os demais não têm”, afirma o parlamentar.“Basta imaginar o volume de apoiadores que esses centros têm vinculados à máquina pública. Isso é militância, exército e gente para fazer o trabalho na base. Já a gestão influencia perante o entendimento do cidadão geral. Quando o prefeito é mal avaliado, quem não tem vinculação política escolhe não votar em um candidato a governador apoiado por esse gestor ruim, incompetente e inábil”, alerta o deputado.“Da mesma forma ao contrário: quando o prefeito está bem e inspira confiança, existe uma tendência de o eleitor aderir ao candidato apoiado”. Questionado sobre as perspectivas das gestões de Mabel, Leandro e Márcio, pela avaliação de aliados, Issy Quinan aponta que “é preciso aguardar mais para ver como os prefeitos estarão”. Em entrevista ao podcast Giro 360, o vice-governador afirmou ter “tranquilidade” em relação aos resultados das administrações aliadas nos municípios também devido à participação do governo estadual em uma “relação muito saudável e de resultado”. Daniel aponta que o estado “ajuda” as prefeituras com pavimentação asfáltica e construção de casas, que, segundo ele, são as principais demandas dos municípios.O vice cita ainda a patrulha mecanizada na recuperação das rodovias municipais e vicinais, além de programas sociais, repasses na saúde e o transporte escolar. “Então, o estado está muito presente nos municípios e isso faz com que os prefeitos queiram estar com o governo e estar com o nosso grupo político, além de apoiar que esse governo continue essas parcerias”, defende.AvaliaçãoAo analisar o cenário de cada uma das três maiores cidades do estado, Daniel considera que Mabel “enfrenta um problema maior”. “A capital, naturalmente, impõe isso. Não tenho dúvida de que já houve avanço e muitas coisas boas aconteceram e ainda vão acontecer outras daqui até o próximo ano”, destaca o emedebista.Já o prefeito da capital reconhece o trabalho para ampliar a força política até a eleição do próximo ano. “Neste ano a gente começa a lançar muitas licitações e obras. Espero chegar lá na época da eleição com um capital político melhor do que eu tenho hoje, para mostrar o quanto tem sido importante estado e município trabalharem juntos”, diz ao POPULAR. Mabel avisa que vai “pegar firme” com a pré-candidatura de Daniel na região metropolitana. “Essa é a nossa meta e estamos trabalhando para isso”, confirma. O gestor ainda nega ampliação da influência, como para participar da indicação do vice de Daniel Vilela. “Isso aí é com eles. Eu não vou ter interferência. Eles não tiveram na minha escolha e eu não vou ter agora. O Daniel sabe do que ele precisa para fazer um acordo político e o que eu quero é facilitar a vida dele”, define.O vice-governador considera que a gestão em Aparecida de Goiás apresenta resultados e terá influência política positiva. “O Leandro tá superando bem os desafios. Teve problemas fiscais muito grandes e tal, mas hoje você vê uma cidade muito mais limpa, mais organizada, com obras por toda a região”.Leandro reforça ao POPULAR o processo de ampliação do capital político e o peso do município na campanha emedebista em 2026, principalmente por conta do legado do ex-prefeito e pai de Daniel, Maguito Vilela. “A cidade acredita no Maguito e acredita no Daniel. O que nós estamos fazendo é resgatando a cidade do estado de abandono que estava nos últimos dois anos”, afirma.O prefeito passou por nova crise na relação com vereadores e insatisfações com auxiliares da gestão, nas últimas duas semanas, mas nega que exista fragilidade para a abertura de espaço para nomes da oposição. “Todos nós e nossa base estamos unidos por um propósito. A cidade vai estar totalmente integrada com o projeto do Daniel e não há espaço para qualquer outro nome”, avalia.AliadoAo POPULAR, Daniel garante que enxerga Corrêa como aliado e apoiador de sua futura candidatura à reeleição no próximo ano. “O Márcio, como todos sabem, é meu amigo pessoal. Entrou para a política através de mim e foi presidente do MDB durante todo o tempo. Por circunstâncias locais e partidárias, ele acabou sendo candidato pelo PL, mas eu não tenho dúvida nenhuma de que estará junto comigo nesse projeto de 2026”, afirma o vice.O prefeito de Anápolis, no entanto, tem deixado a decisão sobre apoio a alguma candidatura ao Executivo para 2026 e, enquanto isso, mantém presença tanto em agendas da base governista quanto do PL e do senador Wilder Morais. Nas últimas semanas, esteve em Goiânia para a manifestação bolsonarista organizada pelo partido no dia 7 de setembro, mas também na inauguração do Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás (CORA), na quinta-feira (25).Articuladores do governo confirmaram a expectativa de Daniel e apontam à reportagem que há um processo de transição em curso para uma possível filiação de Márcio ao MDB, no próximo ano. A intenção do Palácio das Esmeraldas é capitalizar a adesão com a possibilidade de atração de ao menos parte da base direitista mobilizada em torno do prefeito desde a eleição municipal. Já um aliado próximo do prefeito considera que é improvável a saída de Márcio do PL, apesar de confirmar o provável apoio ao pleito de Daniel ao governo. O cenário, segundo ele, seria de “costura” para que Corrêa divida os apoios na eleição. Uma possibilidade aventada seria pedir votos para Daniel ao governo e para a primeira-dama Gracinha Caiado (UB) ao Senado, assim como para Gustavo Gayer (PL), na segunda vaga de senador, e Vitor Hugo (PL) para deputado federal. O próprio Márcio Corrêa não respondeu à reportagem sobre o caminho a ser seguido em 2026.