O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) garantiu nesta sexta-feira (31) que não vê “problema nenhum” em eventual composição de aliança entre seu partido e o MDB para a disputa das eleições de 2026 em Goiás. A declaração impacta diretamente a pré-candidatura ao governo do estado do senador e presidente estadual do PL, Wilder Morais, que, apesar do silêncio sobre a disputa, é lançado por aliados como adversário ao vice-governador Daniel Vilela (MDB).Bolsonaro e Daniel tiveram reunião em Brasília, em novembro de 2024, articulada pelo ex-deputado federal e vereador por Goiânia, Vitor Hugo (PL). A abertura de diálogo foi relatada pelo próprio ex-presidente a Wilder e lideranças regionais durante visita a Goiânia, o que abriu um racha na sigla, com isolamento e ameaça de expulsão do ex-líder de Bolsonaro na Câmara dos Deputados.Questionado diretamente sobre a possibilidade de união entre PL e MDB no estado, o ex-presidente definiu: “Não pode é com o PT. O resto, fique à vontade. Se tiver interesse do Caiado e do Wilder, da minha parte, não tem problema nenhum”, afirmou em entrevista à Rádio Bandeirantes, de Goiânia.Bolsonaro ainda apontou prioridade de articulação para eleger bancada aliada à direita no Senado, e minimizou a importância de candidaturas próprias do PL, como a de Wilder ao governo estadual. “Eu prefiro mais um senador do que um governador”, disse de forma genérica sobre a eleição de 2026. “Se a gente não tiver senadores comprometidos, ficamos sem comissão, sem mesa e sem orçamento. Outros partidos tomam esses espaços e ganham mais poder.” O ex-presidente voltou a tomar para si a responsabilidade de escolher o candidato prioritário ao Senado em Goiás. “Tem gente que quer levar para o amigo, outros interesses. Tem gente que quer indicar um bom candidato. E quando há um choque, eu entro no meio. Eu não quero impor um nome aí, mas, se aparecer um nome, que eu faça uma análise que não convém com aquilo que nós queremos, não vai ser esse cara”, disse.“Não adianta a executiva estadual de estado nenhum decidir por tal nome, porque a palavra final vai partir de mim. Não é ditadura da minha parte. A gente vai buscar um nome, não é de consenso apenas, é um nome que quando vem chegando, não mude”, afirmou o ex-presidente. Bolsonaro reclamou que 30% dos deputados federais eleitos pelo então PSL, em 2018, fizeram oposição ao seu governo. “Hoje temos no PL 15% de trairinhas, que votam com o PT em troca de carguinho”, reclamou.‘Grande aliança’Daniel Vilela comemorou as declarações de Bolsonaro sobre o contexto em Goiás e a possibilidade de aliança entre PL e MDB. “Fico muito feliz com o fato de que existe espaço para discutirmos a formação de uma grande aliança para 2026, dentro de projetos convergentes. Essa perspectiva reforça a importância do diálogo e da união em prol de um projeto voltado para Goiás e, também, para o Brasil”, afirmou o vice ao POPULAR.“No entanto, existe uma distância até as eleições. Nosso foco neste momento está em continuar fazendo em Goiás o melhor governo do país, entregando resultados concretos para a população”, ponderou. “Respeitando todas as lideranças do PL, no momento oportuno faremos esse diálogo, em sintonia com o nosso grupo político e sempre buscando o melhor para o nosso estado”, avisou Daniel Vilela.