O governador Ronaldo Caiado (DEM) confirmou que editará novo decreto na próxima terça-feira (30) com as regras para reabertura das atividades econômicas no Estado por duas semanas, seguindo o revezamento 14 por 14 que começou no dia 17 de março. Segundo ele, a continuidade do modelo é necessária para garantir adesão das pessoas e o método é “experimentado e eficaz” no combate à disseminação do coronavírus.Questionado sobre o decreto de Goiânia, que adotaria o escalonamento por regiões, Caiado disse que não havia sido consultado nem comunicado sobre a decisão da Prefeitura. “Eu sinceramente não posso opinar sobre isso (qual decreto vai prevalecer). Eu não fui consultado sobre o que a Prefeitura vai fazer. Cabe a mim, como governador, manter o que eu disse. Aquilo que me comprometi a fazer eu vou fazer. Sobre Goiânia, eu não fui comunicado”, disse, em entrevista coletiva pela manhã, ao receber nova remessa de vacinas na Central Estadual de Rede de Frio.Mais tarde, porém, o governador reuniu-se com o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), e discutiram a possibilidade de convergência entre os decretos estadual e municipal a partir da próxima semana (veja reportagem na página 4).Caiado disse que as regras do Estado têm embasamento científico e que é importante para o convencimento da população. “Se não cumprirmos aquilo que comprometemos com a população, nós também perdemos a condição de pedir a eles que adiram ao isolamento nos 14 dias.”O governador vinha fazendo críticas ao decreto de Aparecida de Goiânia, que havia estabelecido na semana passada o escalonamento por regiões, semelhante ao que agora se planeja fazer na capital. Houve aglomerações em alguns pontos da cidade.“Se um município decide uma coisa e outro decide outra, não há um Estado policialesco. Temos de criar o bom-senso, buscar que as pessoas se conscientizem de que cada erro é pago em vidas. Estamos embasando o nosso decreto em uma prática já experimentada, por demais conhecida, que é o rodízio de 14 por 14.”O governador não antecipou as regras para a retomada de atividades, mas as informações na Secretaria Estadual de Saúde (SES) são de que devem ficar muito semelhantes ao revezamento proposto em decreto do ano passado. Caiado ressaltou que não serão permitidas festas nem aglomerações.Do ponto de vista legal, Goiânia pode estabelecer regras mais rígidas do que o decreto estadual. Conforme o próprio governador e o Ministério Público Estadual, os municípios são impedidos de flexibilizar as medidas do Estado, mas não há impedimento para que façam normas mais restritivas a depender da realidade local.Questionado se é adequado retomar atividades com o porcentual de internação ainda alto e com recordes de novos casos de contaminação, o titular da SES, Ismael Alexandrino, disse que é importante seguir o modelo do revezamento proposto. Ele afirmou que a previsão é que Goiás siga com mais de 90% de ocupação dos leitos durante todo o mês de abril, com melhoria do quadro só em maio.Caiado disse que, com o último decreto, conseguiu resolver o problema do transporte coletivo. “O maior desafio que tínhamos era em relação ao transporte. Nós resolvemos. Ninguém acreditava que pudesse ser resolvido. Nós demos conta de fazer com que as atividades essenciais tivessem prioridade no embarque. Isso aconteceu e não ficou apenas no discurso.”Apesar de significativa melhora nos horários de pique, ainda há registros de aglomeração fora dos intervalos de prioridade para trabalhadores de atividades essenciais.Governo federalCaiado comentou a reunião de governadores com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e engrossou o coro dos que defendem a saída do ministro Relações Exteriores, Ernesto Araújo.“Mudar é prerrogativa do presidente, mas é evidente que ele realmente perdeu a sua capacidade de diálogo, principalmente com os países que têm a expertise da produção da vacina. A articulação diplomática dele com EUA, China, Coreia, Ìndia, está fragilizada. É uma realidade. É consenso que precisamos de um porta-voz com maior capacidade de interlocução”, afirmou.Segundo ele, três temas dominaram a pauta da reunião: vacina, auxílio emergencial e orçamento para a saúde.O governador disse considerar que o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, “está empoderado” e “levará a sociedade científica para dentro do Ministério da Saúde. “Vejo o ministro Queiroga em condições realmente de ser o balizador de como enfrentar o momento.”Educação sem data para vacinarO governador Ronaldo Caiado (DEM) não dá previsão de data para a vacinação dos funcionários da Educação, embora afirme que o cronograma está em definição. Ele anunciou na quarta-feira a reserva de 5% das novas doses para o pessoal da Segurança Pública. “No momento em que reiniciarmos as aulas, é lógico que (professores) entrarão na faixa de prioridade. Ainda estamos discutindo para definir o momento de voltar as aulas presenciais. Não é apenas a data, é toda uma estruturação que deve ser feita, de transporte escolar, alimentação, de aulas em todos os mais de mil colégios da rede estadual, sem falar nos municípios.” Ele voltou a afirmar que o índice de contaminação nas forças de segurança é maior que a média e que as mortes extrapolaram todas as projeções. O Plano Nacional de Imunização inclui pessoal da Educação na lista de prioridades à frente da Segurança, mas o Ministério da Saúde afirma que há autonomia de Estados e municípios para definirem ordem própria.