O governador Ronaldo Caiado (UB) rejeitou nesta terça-feira (16) a possibilidade de aprovação, pelo Congresso Nacional, de uma proposta de anistia mais branda, que não inclua o perdão a Jair Bolsonaro (PL). Para o governador, a retirada do ex-presidente, condenado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a pena que soma 27 anos e 3 meses, não representaria a pacificação do país.Caiado avaliou a alternativa depois de ser questionado pelo POPULAR sobre a busca por acordo entre parlamentares para evitar projeto de anistia ampla, geral e irrestrita, como defendido pelos apoiadores de Bolsonaro. “A minha posição é muito clara em relação a isso. Eu sempre coloquei com muita tranquilidade. Nós precisamos caminhar para pacificar o Brasil. Não se pacifica com meias medidas”, afirmou.O governador respondeu a partir do cenário de provável avanço de um texto alternativo na Câmara dos Deputados, depois de defesas por uma anistia mais branda por parte do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP). O correligionário de Caiado indicou nesta terça que congelaria a tramitação, caso o texto amplo seja aprovado pelos deputados.Já o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos/PB) agendou nova reunião entre lideranças partidárias nesta quarta-feira (17) para discutir a possibilidade de votação do pedido de urgência, para acelerar a votação da proposta que perdoa condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 e pela tentativa de golpe de Estado em 2022. Ao mesmo tempo, Motta sinaliza a busca de acordo com alas do Centrão para avançar com proposta mais amena, que no máximo reduza as penas dos condenados pelo Supremo.Ronaldo Caiado negou que faça articulação junto aos presidentes das duas Casas, com quem mantém boa relação, em busca do convencimento sobre uma proposta de anistia irrestrita. “Essa posição já está definida pelo partido, está certo? Então, o partido já está com a posição clara, transparente. A matéria, ao ser colocada na pauta, ela ouvirá a definição dos 513”, apontou o governador.Diferente do goiano, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), optou por intensificar a articulação junto a parlamentares e presidentes de partidos em Brasília em favor do perdão geral, principalmente em sinalização direta ao bolsonarismo na busca por espaço para eventual disputa à Presidência da República. Desde a conclusão do julgamento de Bolsonaro no STF, Caiado tem escolhido impor limites às pautas de bolsonaristas mais radicais e se distancia de Tarcísio.O governador reforçou a defesa da anistia ampla como única forma de acabar com o debate polarizado no país. “Se pacifica deixando claro que as pessoas que tiveram toda a parte de envolvimento no 8 de janeiro, quanto o ex-presidente Bolsonaro, possam ser anistiadas para que a gente possa voltar a trabalhar no Brasil, viver em paz, desenvolver o que a sociedade deseja”, apontou.O governador citou demandas nas áreas de transporte, alimentação, educação, saúde e segurança de qualidade. “Esses são os temas principais”, apontou antes de fazer nova referência ao ex-presidente Juscelino Kubitschek. Na gestão entre 1956 a 1961, JK anistiou militares que haviam tentado um golpe de estado, inclusive com sequestro de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para bombardear o país. Os mesmos militares tentaram e efetivaram outro golpe, em 1964.Depois de elogiar os feitos da administração de Juscelino, Caiado questionou: “Ele faria isso se estivesse brigando? Ele faria isso no Brasil se ele estivesse brigando lá com aqueles que tentaram o golpe, que foram exatamente os militares da Aeronáutica? Ele teria feito isso? Não teria. Então, ele estaria discutindo esse assunto o governo todo dele”, apontou. EventoAs declarações de Caiado foram dadas durante a abertura da 22ª edição da SuperAgos, maior feira de supermercados do Centro-Oeste. Também presente na cerimônia de abertura, o deputado federal Glaustin da Fokus (Podemos) defendeu caminho contrário em relação à proposta de anistia na Câmara. “Independente de ser bolsonarista acentuado ou não, acho que é preciso chegar a uma conclusão de um texto para que isso evolua na Câmara. O texto foi muito amplo e agora está se ajustando isso até para que não perca força. Se analisarmos, essa pauta está muito menos acentuada do que estava poucos dias antes do julgamento”, considera. “Vai chegar a uma conclusão e a ideia é chegar a um texto mais ameno para que isso prospere”, analisou o parlamentar ao POPULAR. A SuperAgos deve movimentar mais de R$ 250 milhões e atrair 20 mil visitantes durante os três dias de programação, no Centro de Convenções de Goiânia. Iniciado nesta terça, o evento segue até quinta-feira (18), com mais de 200 expositores e palestrantes.De acordo com Associação Goiana de Supermercados (Agos), a expectativa é de crescimento de até 15% no volume de negócios em relação ao ano passado. Em 2024, o setor supermercadista representou 13% do PIB de Goiás, com faturamento superior a R$ 50 bilhões e presença capilarizada em todos os 246 municípios do estado, conforme o Observatório Econômico da Agos.Atualmente, são 13,3 mil supermercados em Goiás, que empregam formalmente 59,3 mil pessoas e geram milhares de postos de trabalho indiretos em toda a cadeia produtiva. Diariamente, 1,2 milhão de clientes passam pelos supermercados goianos e efetivam suas compras no checkout.