O governador Ronaldo Caiado (UB) deixou de minimizar os efeitos negativos da atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos e passou a criticar diretamente as ações do filho de Jair Bolsonaro (PL). Eduardo mantém articulação a favor de medidas do governo norte-americano contra o Brasil como forma de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou o ex-presidente pela tentativa de golpe de estado em 2022.Caiado participou de episódio do podcast Flow News, em São Paulo, e respondeu diretamente se Eduardo Bolsonaro não atrapalha mais do que ajuda o país. “Sem dúvida. O Eduardo teve a finalidade de ir lá, e isso é extremamente defensável, quando um filho tem a pretensão e o direito de lutar pelo pai. Isso é indiscutível e ninguém pode retirar essa prerrogativa dele. Agora, as declarações dele em relação às ações no Brasil têm sido extremamente infelizes”, apontou.O governador reforçou que os posicionamentos do deputado federal influenciaram para a imposição do tarifaço do governo de Donald Trump sobre produtos brasileiro. “Você vê o quanto as ações dele motivaram a perda de credibilidade da fala dele com o sentimento da população brasileira”, avaliou.Caiado, que optou por não participar das manifestações bolsonaristas no dia 7 de setembro, criticou ainda o uso da bandeira dos Estados Unidos nos protestos. “Não tem como, no Dia da Independência do Brasil, você ficar fazendo reverência à bandeira americana. Cara, eu sou brasileiro. Eu sou goiano. Essas coisas não podem e fazem parte da liturgia do cargo. Você pode até brigar com o seu país aqui dentro, mas lá fora você não pode falar. Fora do Brasil, você não pode atacar e atingir o seu país”, defendeu.O goiano também afirmou que os políticos de oposição podem “discordar de muitas coisas” e “dizer que está uma porcaria”, mas considerou que a atuação não deve refletir em prejuízos internacionais ao país. “Na hora em que se estiver um palmo fora do Brasil, se alguém falar alguma coisa, você diz ‘calma lá, amiguinho’. Não se pode nunca colocar em dúvida esse lado. Esse vínculo e a paixão pelo seu país”.Até então, Caiado minimizava a atuação do filho 02 de Jair Bolsonaro nos Estados Unidos e atribuiu a crise com Donald Trump ao governo do presidente Lula (PT). Eduardo é investigado por articular, desde março, pedidos de sanção contra autoridades brasileiras. O governador afirmava que, se fosse presidente da República, um deputado não seria mais eficiente que o Itamaraty ou a estrutura do governo federal. “O que não se pode é imaginar que apenas ele [Eduardo Bolsonaro] provocou tudo isso. Você acha que todas ações para tentar cada vez mais penalizar as big techs, cada vez mais ações para dizer que quer a desdolarização do país, cada vez mais dizer que o Trump é um imperialista, você acha que tudo é secundário e que o importante é um deputado federal que ficou lá criticando?”, questionou Caiado em meados de agosto.