Rubens Salomão

Brigas e reconciliações de Caiado e Bolsonaro

A retomada do relacionamento político entre o governador Ronaldo Caiado (<a href="https://opopular.com.br/politica/ausencia-do-presidente-nacional-do-ub-em-ato-de-caiado-chama-a-atenc-o-1.3249248" target="_blank">UB</a>) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), iniciada no fim de março, cumpre o pragmatismo de ambas as partes e não apresenta solidez para se confirmar em projeto conjunto para a eleição presidencial de 2026. A avaliação, segundo especialistas ouvidos pelo POPULAR, aponta o histórico de desavenças e brigas públicas entre os dois e as dificuldades de viabilização do pleito do goiano ao <a href="https://opopular.com.br/politica/pre-candidatos-ao-senado-buscam-chapa-unica-na-base-1.3251812" target="_blank">Palácio do Planalto</a>.

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No último mês, o ex-presidente tomou a iniciativa de reiniciar as conversas, por telefone, depois da intensa disputa travada contra Caiado nas eleições municipais de 2024, em cidades importantes mas principalmente em Goiânia. O foco da <a href="https://opopular.com.br/politica/bolsonaro-defende-elegibilidade-de-caiado-apesar-de-ac-o-no-tre-ser-do-pl-1.3249640" target="_blank">reaproximação</a> é a defesa pelo projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

Desde o recomeço, Caiado participou da manifestação bolsonarista na Avenida Paulista, no último dia 6, e aliados passaram a nutrir a esperanças de que, sem a presença do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos) na <a href="https://opopular.com.br/politica/psdb-prepara-fus-o-com-podemos-para-tentar-voltar-ao-jogo-apos-definhar-1.3254182" target="_blank">corrida presidencia</a>l, o governador possa ser o ungido pelo ex-presidente para a disputa, no campo da direita.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/psdb-prepara-fus-o-com-podemos-para-tentar-voltar-ao-jogo-apos-definhar-1.3254182">PSDB prepara fusão com Podemos para tentar voltar ao jogo após definhar&nbsp;</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/o-pp-n-o-tem-nenhum-interessado-na-vice-em-2026-diz-alexandre-baldy-1.3254165">"O PP não tem nenhum interessado na vice em 2026", diz Alexandre Baldy&nbsp;</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/com-evangelicos-caiado-copia-bolsonaro-de-2018-1.3252255">Com evangélicos, Caiado copia Bolsonaro de 2018</a></div>

<cite>Essa aproximação tem a ver com a reorganização da direita no Brasil, iniciada em 2017, em que a oposição ao PT deixou de orbitar o PSDB e passou a ficar na órbita do Bolsonaro. Desde então, houve alguns litígios, como durante a pandemia, mas Caiado nunca deixou de integrar, em alguma medida, esse sistema em torno do ex-presidente na direita”, analisa o professor da PUC Goiás, Pedro Pietrafesa.</cite>

<cite>Sabendo da força do bolsonarismo nesse eleitorado de direita, o Caiado se reaproxima para ver se tem o mínimo de condições para confirmar a candidatura. A intenção é estar pelo menos próximo do ex-presidente e, para isso, ele vai marcar presença em eventos e manter interlocução, apesar das divergências anteriores”, reforça ainda o cientista político.</cite>

Já o professor de ciências sociais da UFG, Guilherme Carvalho, aponta que a nova aproximação “muito pragmatismo político mútuo”. “A ponte entre o Caiado e o bolsonarismo está dinamitada e não será reconstruída. Essa é uma aliança apenas pragmática”, considera.

<cite>A principal intenção do Bolsonaro é buscar apoio à anistia, enquanto que, para o Caiado, é o apoio à pré-candidatura dele. O Caiado não deve obter nenhuma sinalização direta, mas, só estar mais próximo, pode passar uma percepção de unificação para esse campo mais amplo da direita, o que, na prática, não é verdade. Há uma situação clara de que esse apoio não deve se concretizar, porque o Bolsonaro precisa de uma candidatura que se comprometa, inclusive, com a anistia dele”, avalia o professor.</cite>

<cite>Para o Caiado, essa aproximação tem o único condão de voltar para o bolo da direita e tentar compor seu time, buscando luz própria. O fato é que o governador não consegue, no cenário nacional, a construção de um grupo próprio, mesmo que pequeno, como ocorreu no cenário estadual em 2018”, aponta Carvalho. “Não é possível pescar lideranças de nível nacional que possam apoiá-lo, sem que o Bolsonaro dê esse palanque para ele”, diz o cientista político.</cite>

<cite>Mas tem ficado claro que Bolsonaro vai dar o palanque, mas não vai dar protagonismo. Então, é uma aproximação puramente pragmática e sem muito compromisso de ambas partes”, completa o professor.</cite>

O especialista ainda afirma que as incertezas sobre a nova parceria partem do histórico de entreveros entre o governador e o ex-presidente. Para Carvalho, os dois fazem parte de “diferentes direitas”.

<cite>Caiado é um político muito mais consistente que o Bolsonaro. Na matéria da pandemia, por exemplo, ele não tinha visivelmente muito algo a ganhar ao se contrapor ao Bolsonaro. Prova disso é que esse afastamento foi percebido e a base do Bolsonaro que, até então, tinha uma relação muito boa com o Caiado, ficou estremecida inclusive do ponto de vista eleitoral para os pleitos seguintes”, relembra o cientista político.</cite>

Divergências

Depois da lua de mel, durante o primeiro ano da gestão de Jair Bolsonaro, a chegada da pandemia marcou o primeiro afastamento entre os dois. Ainda em 15 de março, o governador foi a uma manifestação contra as medidas de isolamento social, na Praça Cívica, afirmou não precisar dos votos dos bolsonaristas e confirmou a determinação de isolamento social.

Apenas 10 dias depois, Caiado teve rompimento com o então presidente, em repercussão ao pronunciamento em que Bolsonaro chamou a pandemia de “gripezinha” e “resfriadinho”. Caiado anunciou que o estado trabalharia de forma independente da União e disse que “tanto na política como na vida, a ignorância não é uma virtude”.

Apesar da troca de elogios em eventos posteriores, ainda em 2020, a relação entre os dois não retomou o entrosamento mostrado em 2019 e novas pautas voltaram a afastá-los. Bolsonaro e o governador encerraram o ano de 2021 com troca de ataques sobre o preço dos combustíveis e a possibilidade de redução do ICMS.

O ex-presidente chamou Caiado de “mentiroso” e disse que a forma de tributação era “um crime”. “Nesses 3 anos, o ICMS mais que dobrou o valor na ponta da linha. Tem um governador de Goiás que falou que eu estava mentindo porque o percentual não tinha variado. Mentiroso é ele, porque além de ele cobrar em cima do preço final da bomba, é bitributado”, disse Bolsonaro na época.

Caiado rebateu sem citar o ex-aliado e o assunto voltou a gerar divisão em março de 2022, quando a União propôs e sancionou a alteração da cobrança do imposto. O governador passou a responsabilizar a medida do governo federal por nova crise fiscal e financeira no estado, até a criação da taxa do agro, em dezembro daquele ano.

O acúmulo de desgastes resultou na divisão entre o PL e a base do governo estadual para a disputa das eleições de 2022, em que Caiado teve vitória no primeiro turno. Assim como em 2018, o goiano não se preocupou no primeiro turno em dar apoio explícito ao pleito de Bolsonaro, que teve palanque estadual próprio, com a candidatura do então deputado federal <a href="https://opopular.com.br/politica/desistencia-do-pl-em-ac-o-sinaliza-reaproximac-o-com-governo-1.3253066" target="_blank">Vitor Hugo (PL)</a>, ao governo. Apesar do engajamento no segundo turno, os dois grupos políticos seguiram caminhos opostos no estado.

Dois anos depois, o afastamento se consolidou com o confronto direto entre Caiado e Bolsonaro nas eleições municipais de 2024, principalmente em Goiânia. Cada um com seu candidato, o ex-presidente chamou o governador de “covarde” em um dos discursos, enquanto o goiano pregou o combate ao “extremismo”, com foco “em quem sabe administrar”.

Formalmente ainda na oposição ao Palácio das Esmeraldas, o PL decidiu relevar as brigas anteriores em acordo político acertado na última semana. O acerto levou a sigla a não recorrer da decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) que devolveu a elegibilidade do governador. O movimento representa reaproximação entre a base governista e o partido de Bolsonaro em Goiás, depois que o ex-presidente criticou a inelegibilidade de Caiado durante discurso na manifestação de 6 de abril, em São Paulo.

Modulação

Caiado voltou a se distanciar do bolsonarismo logo depois do fim do governo do ex-presidente, ao divergir frontalmente sobre os atos ocorridos em Brasília em 8 de janeiro de 2023. Enquanto Bolsonaro minimizou o ocorrido, o goiano rejeitou as invasões e enviou forças do estado para auxiliar os trabalhos de segurança em Brasília após as invasões a prédios públicos.

O governador ainda disse que “o fato mais nocivo” foi o ex-presidente ter levantado a tese de que as urnas poderiam não representar a vontade do eleitor. “Cabe ao líder não dar espaço às pessoas extremadas”, disse.

O discurso, no entanto, passou por modulação ao longo dos últimos dois anos. Depois das posições duras contra os invasores, em 2023, Caiado passou alterou o tom a partir de fevereiro de 2024, quando defendeu, em entrevista à Globonews, a anistia aos envolvidos nos atentados. À época, a fala ocorria como pretexto para criticar o presidente Lula, com avaliação de que o petista escolhia manter a polarização ao invés de governar o país.

A retomada de contatos entre Bolsonaro e o governador ocorreu justamente após nova defesa de Caiado pela anistia, quando o ex-presidente telefonou para agradecer pelo posicionamento e convidá-lo para a manifestação ocorrida na Avenida Paulista.

<cite>O discurso do Caiado sobre a tentativa de golpe ou o projeto de anistia é essencialmente pragmático. Em 2023, as ações para a quebra da ordem democrática no país foram muito claras, naquele 8 de janeiro. Só que não deu certo e alguns políticos, entre eles o Caiado, criticaram aquele movimento golpista. O governador, então, percebeu que vai precisar dessa parte do eleitorado e dessas lideranças políticas bolsonaristas”, avalia o cientista político Pedro Pietrafesa.</cite>

<cite>O caminho é de um movimento pragmático de busca de interlocução com esse grupo mais radical de extrema direita que temos no Brasil, num cenário de crescimento deste espectro. Os nomes apontados como pré-candidatos da direita se posicionam em diálogo com o grupo de Bolsonaro e o Caiado entende que não pode ficar fora deste processo”, completa.</cite>

Já Guilherme Carvalho avalia que o apoio à anistia e a outras pautas que sejam levantadas pelo ex-presidente são parte fundamental da possível viabilização do projeto nacional do governador.

<cite>O movimento relacionado ao lançamento da pré-candidatura do Caiado foi muito aquém do esperado e ele já manifestou que sabe que se não mostrar viabilidade, estará fora do jogo. Então, de alguma maneira, mesmo não sendo um bolsonarista de primeira hora ou alguém que cerra fileiras dentro desse campo, ele precisou modular esse discurso e voltar a coisas que ele próprio não defendia. A leitura é de que isso é um mal menor diante da busca por viabilidade na direita”, considera.</cite>

<cite>Isso é uma tendência e vai continuar acontecendo. No caso de eventual prisão de Bolsonaro, muito provavelmente Caiado vai ser um dos que vai visitá-lo e fazer um movimento em torno disso, justamente porque ele precisa ser percebido como alguém que está próximo para não ser retirado de vez da corrida, que ainda não é por votos. Por enquanto, é uma corrida institucional, por apoio de lideranças e partidos. É isso que está em jogo e o Bolsonaro tem algumas chaves de acesso”, diz Carvalho.</cite>

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Caiado e Bolsonaro repetem aproximação pragmática

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Matéria - Política

Eleições 2026

Em meio ao posicionamento crítico do governador Ronaldo Caiado (UB) em relação à proposta de emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, de autoria do governo Lula (PT), deputados federais goianos iniciaram discursos que ecoam as críticas do governador sobre a possibilidade de “perda de autonomia dos estados” e concentração de poder no Ministério da Justiça e Segurança Pública.

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O presidente Lula e o ministro da pasta, Ricardo Lewandowski, entregaram, na semana passada, a PEC aos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (UB-AP), após meses de elaboração e discussões. Motta disse que dará celeridade à tramitação da proposta.

Para Caiado, que é pré-candidato à Presidência da República em 2026 e um dos maiores vocais contra o projeto, a PEC é uma “armadilha” para os estados por, segundo vem reforçando em discursos e entrevistas, retirar competências e prerrogativas, comprometendo o controle dos estados sobre as forças de segurança.

Em entrevista à CBN Goiânia no último dia 9, Silvye Alves (UB) avaliou que a PEC da Segurança Pública surge, neste momento, como uma tentativa de melhorar a popularidade do presidente Lula na área. Correligionária de Caiado, Silvye afirmou que a defesa da autonomia dos estados tornou-se uma “bandeira natural” diante da apresentação da PEC.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/caiado-abre-novo-embate-com-o-governo-federal-1.3255684" target="_blank">Caiado abre novo embate com o governo federal</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/caiado-confirma-condic-o-em-acerto-e-ve-como-contrapartida-1.3256705" target="_blank">Caiado confirma condição em acerto e vê como 'contrapartida'</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/goias-tem-reduc-o-no-numero-de-assassinatos-e-estupro-diz-governo-1.3256438" target="_blank">Goiás tem redução no número de assassinatos e estupro, diz governo</a></div>

“Os pontos negativos que vejo é você descentralizar o estado que deu certo para combater a criminalidade e transferir isso para a alçada de governo (federal), que infelizmente é totalmente a favor de direitos humanos que só favorecem criminosos”, disse a deputada goiana.

Para Adriano do Baldy (PP) será preciso cautela na análise da proposta para “não enfraquecer a atuação dos estados que conhecem melhor as realidades locais”. Ele reforçou que é legítima a preocupação com a autonomia dos estados. “Estou acompanhando de perto a tramitação da PEC e defenderei sempre o fortalecimento da segurança e o respeito ao pacto federativo”, afirmou o pepista ao POPULAR.

Modernização

Aliada de Lula, Adriana Accorsi (PT) disse, em discurso na Câmara, que a PEC representa “modernização” e um “aprimoramento” da segurança no combate à criminalidade, “sobretudo no que diz respeito ao crime organizado e às milícias”, destacou a petista, citando trecho do texto sobre a transformação das Guardas Civis Metropolitanas (GCMs) em polícias municipais

“Por isso a PEC propõe a união das forças de segurança, o compartilhamento de informações de inteligências, para que possamos combater de forma eficaz, sem tirar nenhuma atribuição dos estados e municípios, mas passando a atuar de forma integrada”, afirmou Adriana, que já foi delegada-geral da Polícia Civil de Goiás durante o governo de Marconi Perillo (PSDB).

José Nelto (UB), por sua vez, reconheceu a importância de discutir a segurança pública, mas rechaçou a ideia de que a PEC seja uma solução imediata. “O envio da PEC não significa a salvação da segurança pública. Pelo contrário, vai dar oportunidade para que o Congresso Nacional possa discutir a verdadeira segurança pública que o povo brasileiro exige desse parlamento e do governo federal”, disse Nelto, em pronunciamento na tribuna da Câmara.

O deputado do UB também defendeu mudanças no Código Penal para endurecer o combate ao crime. “Temos que manter os bandidos na cadeia”, afirmou Nelto no discurso.

Mais críticas

O deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL) fez críticas à proposta em vídeo divulgado nas redes sociais. Ao comparar o governo Lula com as gestões de Michel Temer e Jair Bolsonaro, ele disse que o retorno do petista à Presidência para o terceiro mandato provocou a elevação da criminalidade no país. “Lula tenta se aproveitar dessa crise, com essa PEC da Guarda Bolivariana - basicamente, o chefe da facção criminosa brasileira, que é o Lula, quer ter agora uma nova polícia, igual Hugo Chavez fez, igual a todos os ditadores”, afirmou Gayer, acrescentando que, com a PEC, Lula quer “centralizar o poder”.

“Durante os governos do PT, a criminalidade no Brasil não parou de crescer. O Comando Vermelho, o PCC, facções criminosas dominavam o Brasil. Aí veio o governo Temer, diminuiu um pouco, veio o governo Bolsonaro diminuiu muito, e foi a queda mais vertiginosa de índices de violência no país”, disse Gayer.

O argumento também é reforçado por Professor Alcides (sem partido), que afirmou ao POPULAR que, apesar de não conhecer todo o teor da proposta, crê que trata-se de “bastante concentração de poder de polícia na mão do governo federal”.

Mudanças

A PEC propõe, entre outras mudanças, a constitucionalização do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), amplia o papel da União na formulação de políticas para o setor e a função das Guardas Civis Metropolitanas (GCMs) e cria a Polícia Viária Federal (PVF). Lewandowski tem dito que o projeto é uma tentativa, também, de integrar esforços no combate ao crime organizado.

Agora a expectativa é que a PEC seja analisada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida neste ano pelo deputado federal Paulo Azi (UB-BA). Se aprovada na CCJ, a matéria seguirá para uma comissão especial e, depois, precisará ser votada em dois turnos no plenário da Casa. Caso receba o aval dos parlamentares, a PEC ainda terá de passar pela análise do Senado.

Deputados federais começam a ecoar críticas de Caiado à PEC da Segurança

Congresso

O vice-governador Daniel Vilela (MDB) negou qualquer preocupação com a possibilidade de ampliação dos quadros da oposição em Goiás, a partir da iminente fusão entre PSDB e Podemos. Além da composição entre as duas siglas, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), confirma a busca por federação entre o futuro partido e siglas como Republicanos ou Solidariedade, que compõem a base de apoio ao governo estadual.

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A menos de um ano para assumir o cargo de governador do estado, com a anunciada renúncia de Ronaldo Caiado (UB) em busca da candidatura a Presidente da República, Daniel aponta ao POPULAR que a base mantém unidade e que a perspectiva é de novo movimento de crescimento, motivado pela federação entre União Brasil e PP, também em curso.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/nova-federac-o-promove-embaraco-em-partidos-de-goias-1.3257275" target="_blank">Nova federação promove embaraço em partidos de Goiás</a> 
<a href="https://opopular.com.br/opiniao/coluna-giro/acordo-permite-que-caiado-retome-com-atraso-ac-es-planejadas-ha-quatro-meses-1.3256689" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_blank">Acordo permite que Caiado retome, com atraso, ações planejadas há quatro meses</a> 
<a href="https://opopular.com.br/opiniao/coluna-giro/psdb-enxerga-fus-o-como-primeiro-avanco-de-marconi-sobre-siglas-da-base-1.3254852" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_blank">PSDB enxerga fusão como primeiro avanço de Marconi sobre siglas da base</a></div>

“Não tenho esse receio. Pelo contrário: acho que esses acontecimentos que podem vir aí daqui para o ano que vem serão ainda mais benéficos para a base”, afirma o vice-governador e presidente estadual do MDB, quando questionado sobre a expectativa de fortalecimento da oposição, apresentada pelo ex-governador tucano.

“Olha, eu acho que tem muita coisa pra acontecer daqui até o ano que vem, principalmente se consolidar a federação do PP e do União Brasil, que teve um grande avanço. Isso vai ter uma repercussão em todos os partidos grandes. Acho que poderá vir outras federações aí também”, considera Daniel.

“É um tabuleiro que ainda vai se movimentar muito até o próximo ano e é muito precipitado fazer qualquer avaliação. Agora, até mesmo essa junção entre o Podemos e o PSDB precisa se sacramentar para a gente ter certeza de que isso vai acontecer”, completa o vice.

Daniel Vilela diz não ter receio de perdas na base aliada com fusão

A executiva nacional do PSDB deverá confirmar nesta terça-feira (29), em reunião semipresencial às 10h, a fusão com o Podemos. Se a proposta de união for aprovada, nova convenção partidária será agendada para aprovar o novo estatuto e concretizar a formação do novo partido. A mudança, segundo o presidente nacional dos tucanos, Marconi Perillo, terá impacto em Goiás para o fortalecimento do grupo de oposição ao governo estadual, com vistas às eleições estaduais de 2026.

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Em entrevista ao POPULAR, o ex-governador aponta que a maior estrutura a ser gerada pela fusão e a futura federação com Republicanos ou Solidariedade criará novo polo para o cenário político no estado, o que poderia motivar lideranças hoje aliadas ao governador Ronaldo Caiado (UB) a deixarem a base aliada e apostarem em projeto alternativo no próximo ano.

“A fusão encorpa o partido e dá mais substância e envergadura. Passaremos a ter maior tempo de TV, mais parlamentares, tanto na Câmara quanto no Senado, além do fundo partidário e eleitoral. Então, é uma perspectiva nova. Para além disso, tem uma disposição nossa para, além da fusão, buscarmos uma nova federação com algum outro partido para que nos dê ainda mais musculatura”, afirma.

Perillo acredita que uma debandada de lideranças da atual base de apoio a Caiado e ao vice-governador Daniel Vilela (MDB), que deverá assumir o governo em abril de 2026, com provável candidatura à reeleição, será “inevitável” ao longo do processo de pré-campanha até agosto do próximo ano.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/opiniao/coluna-giro/acordo-permite-que-caiado-retome-com-atraso-ac-es-planejadas-ha-quatro-meses-1.3256689" target="_blank">Acordo permite que Caiado retome, com atraso, ações planejadas há quatro meses</a> 
<a href="https://opopular.com.br/opiniao/coluna-giro/psdb-enxerga-fus-o-como-primeiro-avanco-de-marconi-sobre-siglas-da-base-1.3254852" target="_blank">PSDB enxerga fusão como primeiro avanço de Marconi sobre siglas da base</a></div>

“Não é que o Caiado vá ou não deixar. Ele não vai ter como atender todo mundo e as brechas vão acontecer naturalmente. O que ele fez foi buscar a nossa base e toda a base dele foi feita com gente nossa. Os prefeitos que estão com ele e os deputados quase todos eram da nossa base. Ele fez um governo de adesistas”, afirma.

“Ele, que combatia o adesismo e tinha toda uma retórica, fez um governo com adesistas. Ele usou a minha antiga base para governar e não nada em termos de composição política e manteve o status quo antigo, só que as pessoas mudaram de partido. Os nomes e as figuras são as mesmas”, reforça o tucano. “Não cabe todo mundo, né? O ônibus, por maior que seja, não cabe todo mundo”, completa o ex-governador.

O presidente estadual do Podemos, deputado federal Glaustin da Fokus, no entanto, afirma que a fusão ainda passa por análise interna e que a composição enfrenta resistências em Goiás. “O assunto ainda não está oficializado e o que me resta é aguardar. Pode até ter um plano B, mas o que eu tenho que fazer agora é trabalhar. É um grande movimento de junção desses dois partidos e, para muito estados é bom, mas Goiás e Minas Gerais têm um pouco mais de dificuldade por divergência de grupos políticos”, afirma.

“A fusão acaba trazendo dificuldade, mesmo respeitando a história do ex-governador Marconi Perillo, tudo aquilo que ele construiu no estado e a plataforma de trabalho, não é nada contra a gestão dele. É que são grupos separados. Eu estou ligado ao grupo da igreja. Do bispo Oídes, o Eurípedes do Carmo, do ex-senador Luiz do Carmo, o deputado Henrique César em um projeto junto com o governador Ronaldo Caiado, que é um inimigo mortal de Marconi Perillo”, diz Glaustin.

O deputado aponta que não há prazo definido para a tomada de decisão sobre se continua no partido, após a fusão. “A decisão que eu vou tomar de permanecer ou de sair vai acontecer na hora que a presidente nacional me disser que a fusão for concretizada e eu não for mais cuidar do partido em Goiás. Aí eu vejo que decisão eu tomo junto com o grupo”.

Parlamentares de outros partidos confirmam o embaraço com a possível federação, articulada pelo comando nacional do PSDB em conjunto com o Podemos. “A gente sabe que o ex-governador Marconi está querendo fazer uma articulação pensando em estar no comando desse novo partido na esfera estadual. Isso dificulta muito para nós que estamos na base do governador. Fica muito difícil acompanhar, caso isso aconteça”, diz o deputado estadual Wagner Camargo Neto (SD).

Neto defende que o Solidariedade efetive uma federação com alguma sigla, para ter fortalecimento e a possibilidade de lançar menos candidatos a deputado com uma maior chance de eleger mais nomes. “O que nós queremos é que, mesmo com essa federação, o comando do partido continue com o Denes Pereira. Essa é uma condição para a gente continuar no partido”, afirma.

“Eu não vejo, de forma nenhuma, os parlamentares que hoje compõem a base do governador deixarem a base por conta de uma federação partidária. Todos são muito coerentes com o governador e com o vice. Tenho essa segurança de que todos vão acompanhar o projeto do governo”, diz o deputado.

Estrutura

O novo partido que surgirá da fusão de PSDB e Podemos deverá adotar marcas das duas legendas. A tendência é que o número seja o 20 do Podemos, aposentando o 45 que identifica o PSDB desde sua fundação, em 1988. Em compensação, o símbolo deverá ser o tucano, estilizado na logomarca.

Um dos objetivos é preservar ao máximo o legado do PSDB, sem descartar as realizações de oito anos na Presidência da República, como o Plano Real. Uma das ideias em debate é basear o programa do novo partido nas propostas tucanas, reforçando o caráter centrista da legenda. Em princípio, o partido se chamará #PSDB+Podemos, e depois um novo nome será anunciado. O martelo será batido após a formalização da fusão, prevista para a próxima terça-feira (29).

“Já é consensual. A gente vai fazer esse processo mais por ritualística. Então, a gente deve apresentar a proposta na executiva e deliberar. Se aprovar, já marcamos a data da convenção que vai aprovar o estatuto do novo partido. E depois, com o passar do tempo, a gente vai decidir a questão do nome, número e as outras coisas”, diz Perillo.