O governador Ronaldo Caiado (DEM) fecha o primeiro mês de gestão como começou: sem uma definição de medidas concretas para dar um fôlego nas contas do Estado. Com o governo travado diante das dívidas acumuladas em diversos setores e a folha de dezembro do funcionalismo em atraso, o mês de janeiro do democrata foi marcada por desgastes políticos e teve como foco a tentativa de socorro federal.Não há ainda solução à vista: estão oficializados os entraves técnicos para a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), mas Caiado e a equipe econômica do governo esperam contar com a boa vontade do ministro da Economia, Paulo Guedes, em uma alternativa de ajuda aos Estados. Espera também do Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento favorável a medidas que permitam redução de salários dos servidores para reduzir o peso da folha nas contas do Estado.Na expectativa de qualquer sinal de Brasília, o governo goiano não avançou em estudos de medidas que o próprio Estado poderia adotar no caminho para o reequilíbrio das contas. No início da semana, a secretária de Economia, Cristiane Schmidt, admitiu que as atenções foram todas voltadas para o pagamento da folha e, passado o período deste imbróglio - que incluiu uma sequência de reuniões com os sindicatos que representam os servidores -, a pasta avançará nas análises de ações para incrementar a receita e reduzir despesas. Mas a demora em deslanchar não ocorre apenas pela busca por ajuda do Planalto. Mesmo com a vantagem de ter sido eleito no primeiro turno e contar com quase três meses para fazer o diagnóstico da situação do Estado e preparar as primeiras medidas, Caiado gastou quase todo o mês para encaminhar ao Legislativo dois dos principais projetos para a estreia de um governo: o Orçamento para 2019 e a reforma administrativa.A reforma acabou sendo fechada só em uma primeira parte, basicamente com a criação das novas secretarias e redistribuição de funções. A segunda parte, completa e que alcança toda a estrutura do Estado, só deve ser concluída em março. A definição da equipe também demorou e provocou paralisia administrativa em alguns órgãos. Não houve divulgação de qualquer plano com metas para os cem primeiros dias ou para o primeiro semestre da gestão, comum nas estreias de governos. Declarações polêmicas, ações de marketing e mudanças na equipe em cargos estratégicos - Secretaria de Comunicação e Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), que agora passa a se chamar Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) - completam o cenário do primeiro mês de governo.O mês de estreia terminou com a primeira derrota política do governador na relação com o Legislativo. O nome de Caiado para a presidência da Casa, Álvaro Guimarães (DEM), desistiu da eleição depois da articulação de um grupo em torno do nome de Lissauer Vieira (PSB). Mesmo com a grande experiência como parlamentar - foi deputado federal por cinco mandatos e senador por quatro anos -, o governador foi criticado entre os deputados por ter imposto o nome de Álvaro sem se preocupar com o convencimento entre aliados e com a ampliação de sua base de apoio. Em conversas de bastidores, integrantes do governo admitem que muito do capital político do governador foi “queimado” no primeiro mês e o momento deve ser agora de superação das amarras para avançar.-Imagem (1.1720029)