Fabiana Pulcineli

Na semana seguinte à divulgação de balanço das contas do Estado de Goiás que indicou déficit no primeiro semestre deste ano e prestes a fechar o projeto de lei do Orçamento (PLOA) para seu último ano de mandato, o governador Ronaldo Caiado (UB) reuniu secretários nesta terça-feira (9), no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, para determinar controle de gastos e cortes em algumas ações previstas para 2026.

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O vice-governador Daniel Vilela (MDB), que assumirá o governo em abril do ano que vem, participou da reunião, que teve a presença de representantes das pastas com maiores orçamentos da gestão.

O POPULAR apurou que, ao mesmo tempo em que há interesse de Caiado e Daniel em garantir entregas e resultados como vitrine para as eleições, aumentou a preocupação da cúpula do governo em preservar o discurso de austeridade e responsabilidade fiscal. O governador é pré-candidato à Presidência da República e o vice disputará a reeleição no grupo governista.

Aliados do governo falam em necessidade de estabelecer limites diante de um “sentimento” de que há muito dinheiro em caixa, somado à ampliação do teto de gastos garantida com a saída do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). A entrada no Propag ainda não foi oficializada, mas a gestão já considera que não precisa cumprir o teto imposto pelo RRF este ano, o que poderia ampliar as despesas em R$ 3 bilhões no ano pelos cálculos iniciais.

Entre os cortes determinados na reunião estão gastos na área social, incluindo o contrato de gestão do governo com a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG) - que subiu para R$ 738,7 milhões por 12 meses, conforme mostrou O POPULAR no sábado (6) - e em projetos da Secretaria-Geral de Governo (SGG). A primeira-dama do Estado, Gracinha Caiado (UB), que é presidente de honra da OVG e pré-candidata ao Senado em 2026, participou do encontro e admitiu a possibilidade de rever pontos do contrato.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/estado-tem-deficit-nominal-de-r-640-milh-es-no-1-semestre-1.3308188" target="_blank">Estado tem déficit nominal de R$ 640 milhões no 1º semestre</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/contrato-com-a-ovg-tem-salto-e-chega-a-r-738-7-milh-es-1.3309124" target="_blank">Contrato com a OVG tem salto e chega a R$ 738,7 milhões</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/pac-em-goias-tem-so-30-de-obras-e-ac-es-concluidas-1.3306696" target="_blank">PAC em Goiás tem só 30% de obras e ações concluídas</a></div>

O incômodo com as despesas crescentes da área da saúde também foram foco da conversa. Apesar das acusações públicas de que os recursos repassados pelo governo federal são insuficientes e da ameaça de acionar a Justiça para obter mais verba da União, internamente, o governador defendeu iniciativas da Secretaria Estadual de Saúde para conter o descontrole financeiro.

O POPULAR mostrou na terça-feira que o Ministério da Saúde nega que haja retenção ou atraso de recursos para o Estado de Goiás e rebate a acusação de “perseguição política” por conta do projeto presidencial de Caiado. O ministério não sinaliza para o aumento das transferências para a gestão estadual, que cobra demanda de R$ 1,4 bilhão.

Em prestação de contas à Comissão de Tributação, Finanças e Orçamento da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) no último dia 3, o secretário estadual da Economia, Francisco Sérvulo Nogueira, disse que a aplicação do Estado na área da saúde já alcança 17% da receita corrente líquida (RCL), enquanto a obrigação mínima constitucional é de 12%. O aumento de despesas da saúde e o salto em investimentos foram apontados como as principais razões para o registro de déficit no primeiro semestre deste ano.

Apesar do descompasso entre receita e despesa no período e da previsão de encerrar 2025 sem superávit, diferentemente dos anos anteriores, o secretário afirmou na apresentação que a gestão vem utilizando recursos que ficaram em caixa nos anos anteriores, por isso não haveria um déficit estrutural ou permanente.

Quanto às despesas para investimentos, o maior volume de recursos vem do Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra), que arrecadou R$ 2,4 bilhões desde 2023 com a cobrança da taxa do agro.

O governo vem repetindo que há R$ 15 bilhões de recursos disponíveis para todo o Estado, sendo R$ 12 bilhões do Tesouro. A reportagem apurou que Daniel pediu levantamento sobre o porcentual de recursos vinculados e o que ainda haveria para uso livre.

Na parte da área social, também foram discutidos gastos prioritários das Secretarias de Desenvolvimento Social e da Retomada. As despesas da Educação também foram abordadas na reunião, mas devem sofrer menos cortes diante da exigência constitucional de aplicação de 25% na área.

Quanto ao valor para a OVG, já houve decisão de reduzir, por exemplo, a quantidade de novas unidades do Restaurante do Bem (antigo restaurante popular). O plano de trabalho da entidade afirma que havia 17 em funcionamento no primeiro semestre, com previsão de abertura de mais 6 este ano e 23 no ano que vem.

O valor do aditivo do governo assinado com a OVG para o período de julho deste ano a junho de 2026 é mais que o triplo daquele repassado em 12 meses no início do mandato do governador, em 2019. O aumento de gastos com pessoal da entidade - que subiu de R$ 48,1 milhões em 2022 para R$ 115 milhões em 2025 - também pode ser revisto.

O projeto de lei orçamentária (PLOA) tem de ser enviado à Alego até 30 de setembro. O governador solicitou adequações ao texto, com os cortes discutidos na reunião, e nova apresentação na semana que vem para bater o martelo sobre a proposta.

O balanço apresentado na Alego apontou déficit nominal de R$ 640 milhões de janeiro a junho deste ano. O dado considera o déficit primário de R$ 960 milhões, referente ao cálculo simples sobre o caixa, mas inclui também recebíveis e pagamentos referentes à dívida do estado. Em 2024, no mesmo período, houve superávit de R$ 1,67 bilhão. O déficit orçamentário este ano foi de R$ 321 milhões, o que não ocorria desde 2019 (R$ 630 milhões).

Caiado pede controle e corte de gastos, após déficit no 1º semestre

Política

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Matéria - Política

Governo de Goiás

Começa nesta terça-feira (9) as inscrições para o <a href="https://opopular.com.br/economia/governo-anuncia-concurso-para-goiasfomento-com-vagas-imediatas-e-salario-de-ate-r-6-2-mil-1.3295484" target="_self">concurso público&nbsp;da Agência de Fomento do Estado de Goiás (GoiásFomento)</a>&nbsp;com salário de até R$ 6.225,66 e oportunidades&nbsp;para cargos de nível médio e superior. Conforme o <a href="https://sistemas.institutoverbena.ufg.br/2025/concurso-goiasfomento/" target="_blank">edital</a>, as vagas são para escriturário e analista de desenvolvimento, com especialidades em Direito, Ciências Contábeis, Engenharia Civil e Engenharia Agronômica. &nbsp;

O concurso terá validade de dois anos, podendo ser prorrogada uma única vez, pelo mesmo período. São 19 vagas disponíveis com carga horária semanal de 30 horas para todos os cargos. &nbsp;

O salário para a vaga de escriturário é no valor de R$2.973,41, sendo que, passados&nbsp;90 dias de admissão o vencimento inicial de nível médio passa a ser R$ 3.249,13 e o de nível superior passa a ser R$ 6.802,95.&nbsp;

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As inscrições, com taxas de R$ 160 para cargos de nível médio e R$ 220 para os de superior, devem ser realizadas exclusivamente pelo <a href="https://sistemas.institutoverbena.ufg.br/2025/concurso-goiasfomento/" target="_blank">site do Instituto Verbena</a>, responsável pela organização do concurso. O prazo final para a realização das inscrições é até as 17h do dia 07 de outubro. &nbsp;

Para todos os cargos haverá a prova objetiva como a primeira etapa do concurso, que valerá 100 pontos, sendo que o candidato que não obtiver no mínimo 50 pontos será eliminado. &nbsp;

A segunda etapa, com a realização da prova discursiva, será apenas para candidatos dos cargos com nível superior. A avaliação também valerá 100 pontos, e o candidato que não alcançar no mínimo 50 será desclassificado.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/governo-anuncia-concurso-para-goiasfomento-com-vagas-imediatas-e-salario-de-ate-r-6-2-mil-1.3295484" target="_self">Governo anuncia concurso para GoiásFomento com vagas imediatas e salário de até R$ 6,2 mil</a> 
<a href="https://opopular.com.br/economia/governo-quer-abrir-41-187-novas-vagas-e-preencher-47-871-cargos-federais-1.3307577" target="_self">Governo quer abrir 41.187 novas vagas e preencher 47.871 cargos federais</a>&nbsp; 
<a href="https://opopular.com.br/economia/camara-de-itumbiara-abre-concurso-com-salario-de-ate-r-8-9-mil-1.3305962" target="_self">Câmara de Itumbiara abre concurso com salário de até R$ 8,9 mil</a>&nbsp;</div>

<h4>Confira as vagas oferecidas:&nbsp;</h4>

<ul>
	<li>13 vagas para Escriturário (1 reservada para pessoa com deficiência);&nbsp;</li>
	<li>2 vagas para Analista de Desenvolvimento - Direito;&nbsp;</li>
	<li>2 vagas para Analista de Desenvolvimento - Ciências Contábeis;&nbsp;</li>
	<li>1 vaga para Analista de Desenvolvimento - Engenharia Civil;&nbsp;</li>
	<li>1 vaga para Analista de Desenvolvimento - Engenharia Agronômica.&nbsp;</li>
</ul>

<h4>Cronograma&nbsp;</h4>

<ul>
	<li>9/9 a 7/10 - Período de inscrições &nbsp;</li>
	<li>7/10 - Último dia para realizar o pagamento do boleto da taxa de inscrição&nbsp;</li>
	<li>26/10 - Realização das provas objetiva e discursiva&nbsp;</li>
	<li>11/12 - Período destinado à realização da avaliação biopsicossocial de candidatos PcD, caso necessário&nbsp;</li>
	<li>30/12 - Resultado final do concurso &nbsp;</li>
</ul>

GoiásFomento abre inscrições para concurso público com salário de até R$ 6,2 mil

Economia

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OPORTUNIDADE

Marconi faz visita a Alego e Câmara em pré-campanha

<img attr-cid="policy:1.3309941" attr-version="policy:1.3309941:1757382725" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3309941/Captura de tela 2025-09-08 225152.png?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Ex-governador Marconi Perillo com vereadores de Goiânia: PSDB discute chapas (Reprodução Redes sociais)

O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) iniciou nesta segunda-feira (08) uma movimentação mais intensa na agenda externa, encarada por aliados como preparação para a disputa ao governo de Goiás na eleição de 2026. Desde maio, quando considerou a possibilidade de quinta candidatura pela primeira vez, em entrevista ao podcast Giro 360, o tucano aumentou as reuniões no escritório político, mas agora levou a pré-campanha para encontros com vereadores e deputados estaduais em Goiânia.

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Marconi esteve com o vereador Léo José (SD), além dos correligionários Michel Magul e Aava Santiago, acompanhado do vereador Tião Peixoto (PSDB). Depois, foi à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e passou pelos gabinetes dos deputados estaduais tucanos Gustavo Sebba e José Machado, além de reuniões com Clécio Alves (Republicanos), Eduardo Prado (PL) e Rosângela Rezende (Agir).

Nas duas agendas, o ex-governador não buscou encontros com os presidentes da Câmara, Romário Policarpo (PRD), e da Alego, Bruno Peixoto (UB), que mantêm posicionamento na base do governador Ronaldo Caiado (UB) e em apoio à pré-candidatura do vice-governador Daniel Vilela (MDB). A conversa com Rosângela foi considerada por aliados como “institucional”, dada a relação de Perillo com o pai da parlamentar, o ex-governador e ex-prefeito de Mineiros, Agenor Rezende.

Já com Clécio Alves e Eduardo Prado, a pauta incluiu convite para que os dois participem da estruturação do projeto de oposição para a corrida ao Palácio das Esmeraldas no próximo ano. Como antecipado pelo Giro, integrantes de PL e PSDB realizam diálogos para o lançamento de duas candidaturas ao governo, de direita e centro-direita, com abertura de espaço para união em um eventual segundo turno contra Daniel Vilela.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/opiniao/marconi-o-candidato-a-governador-n-o-e-caiado-sera-outro-menos-experiente-1.3304311" target="_blank">Marconi: "O candidato a governador não é Caiado; será outro menos experiente"</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/cautela-marca-reac-o-de-daniel-e-marconi-a-numeros-de-pesquisa-1.3303485" target="_blank">Cautela marca reação de Daniel e Marconi a números de pesquisa</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/estrategia-de-daniel-inclui-intensificac-o-de-agendas-1.3309148" target="_blank">Estratégia de Daniel inclui intensificação de agendas</a></div>

Eduardo Prado defende a união de forças na oposição, enquanto Clécio Alves aponta que ficou “feliz” com a atenção dedicada a ele por Marconi Perillo, mas que “muita água ainda vai passar por baixo da ponte” até a tomada de decisão sobre com que grupo político deverá caminhar no próximo ano. Na última semana, o deputado abandonou a independência e ingressou oficialmente na bancada de oposição na Alego.

“Eu aprendi que não se deve fechar porta para coisa nenhuma na política. No máximo pode deixar encostada e não posso adiantar nada, mas me senti valorizado pelo ex-governador”, disse o deputado. Clécio ainda confirmou que Marconi Perillo garantiu a pré-candidatura ao governo, apesar de ainda não ter apresentado o projeto publicamente.

“O Marconi está se movimentando e não é de agora. Hoje ele deixou claro que ele é candidato a governador, vai disputar e inclusive apresentou pessoas próximas que serão candidatas a deputado federal e estadual. É legítimo que as movimentações estejam acontecendo”, contou Clécio ao POPULAR.

<div attr-cid="policy:1.3310100" attr-version="policy:1.3310100:1757427134" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3310100" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3310100', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3310100">Marconi faz visita a Alego e Câmara em pré-campanha&nbsp; (1.3310100)</a></div>

<h2>Candidatura</h2>

O presidente regional do PSDB, Gustavo Sebba, avalia que o partido já trabalha com o projeto de nova candidatura de Marconi ao governo para fortalecer o processo de estruturação das chapas proporcionais. Aliados de Perillo passaram a se animar com a ideia e citam “perspectiva de poder” em torno do tucano, depois da publicação da última rodada da pesquisa Genial/Quaest, que mostrou cenário de empate técnico com Perillo numericamente atrás de Daniel, dentro da margem de erro.

“O trabalho de todo mundo no partido e as nossas lideranças é para que o Marconi seja nosso candidato a governo e isso é dado como certo entre nós todos. Esse é o plano A e também o plano B”, afirma. Sebba confirmou que o ex-governador passará a intensificar as agendas externas, além da rotina de encontros fechados no escritório político, em Goiânia.

A previsão é ampliar as visitas a municípios em busca de apoio à provável candidatura, apesar da manutenção de compromissos relacionados à presidência nacional do PSDB. Marconi tem intensificado os movimentos de pré-campanha estadual principalmente depois da frustração na tentativa de fusão com o Podemos, em junho.

Sebba reforça a expectativa de ampliação dos quadros da oposição a partir de defecções do caiadismo a partir de março de 2026, quando Ronaldo Caiado deverá entregar o governo a Daniel Vilela. “Tem gente insatisfeita no governo, mas também tem muita gente desanimada. Ouvimos muito de integrantes da base que a pré-candidatura do Daniel não empolga. Com o Marconi é o contrário e ele tem gerado expectativa de poder”, alega o deputado.

A principal aposta dos tucanos gira em torno de lideranças emedebistas tradicionais no interior do estado, que estariam propensas a abandonar o barco governista por conta de uma suposta entrega do partido à estrutura de governo e descumprimento de compromissos. “Já tem muita procura de várias pessoas dizendo que querem caminhar com o Marconi”, afirma Sebba.

Na visita à Alego, Marconi recebeu declaração de apoio do ex-presidente da Câmara de Rialma e assessor de Bruno Peixoto, Paulinelly Carneiro, durante conversas na sala do diretor parlamentar adjunto da Casa, Rubens Sardinha.

Tucanos e ex-prefeitos marconistas organizam evento de comemoração aos 30 anos de filiação do ex-governador ao PSDB e planejam fazer cobranças para que Perillo confirme o lançamento da pré-candidatura ao governo. O encontro será realizado no próximo dia 27 de setembro, às 9 horas, no auditório da Alego.

Controlada pelos tucanos, a Associação Goiana de Ex-Prefeitos (Agexp) tem centralizado os convites a ex-prefeitos, ex-vice-prefeitos, ex-presidentes de câmaras e ex-vereadores e para o que chama de “um grande debate”. O objetivo, segundo as publicações da entidade, é realizar “deliberação sobre o convite para Marconi ser candidato ao governo em 2026”. A associação já produz adesivos com a frase “Marconi está de volta”.

O ex-governador postou vídeo na última semana em que responde sobre a possibilidade de voltar à disputa pelo Executivo e afirma que está “disposto a enfrentar desafios”. “Vamos juntos discutir essa ideia”.

Aliados veem visitas de Marconi como ato inicial por candidatura

Eleições 2026

Embate na Saúde

O Ministério da Saúde nega critérios políticos na transferência de recursos para os Estados e não sinaliza aumento de repasses depois da escalada no tom do governo de Goiás ao anunciar que irá à Justiça para cobrar mais verba diante da expansão do atendimento na área. A gestão estadual aponta demanda acumulada de cerca de R$ 1,4 bilhão, enquanto a União nega atrasos ou retenção de recursos.

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O Giro mostrou na quarta-feira (3) que o governador Ronaldo Caiado (UB) reforçou à sua equipe a ordem para estudos sobre a judicialização do caso. Ele já havia anunciado em julho que pretendia recorrer à Justiça, acusando retaliação política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diante de seu projeto de disputar a Presidência da República em 2026.

As queixas de Caiado começaram ainda em 2023, depois que solicitou recursos para o Complexo Oncológico de Referência do Estado (Cora), ao pedir inclusão da unidade entre os três projetos prioritários do Estado de Goiás no novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), formatado pelo governo Lula naquele ano.

As reclamações cresceram diante do avanço da regionalização da saúde, quando Caiado passou a apontar recursos insuficientes para seis policlínicas do interior e para o Hospital Estadual de Águas Lindas (Heal), no Entorno do Distrito Federal. A gestão goiana também alega que tem bancado sozinha a compra de medicamentos de alto custo, sem a devida compensação por parte da União.

“Estamos gastando cada vez mais, ampliando a rede, sem receber recurso novo. Isso é muito desanimador. E há municípios recebendo recomposição do Teto MAC sem critério algum. Talvez pelo nosso governador ser candidato a presidente, não tem sido tratado de forma republicana. Eu não consegui um centavo de recomposição de teto desde que eu sentei na cadeira de secretário, desde 2024. E não foi por falta de ir lá em Brasília”, diz o secretário estadual de Saúde, Rasível Santos.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/caiado-diz-n-o-saber-sobre-projeto-de-anistia-que-exclua-bolsonaro-1.3309541" target="_blank">Caiado diz não saber sobre projeto de anistia que exclua Bolsonaro</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/caiado-nega-protagonismo-de-tarcisio-na-busca-por-anistia-1.3308623" target="_blank">Caiado nega protagonismo de Tarcísio na busca por anistia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/caiado-celebra-desembarque-e-indica-identidade-da-federac-o-1.3307639" target="_blank">Caiado celebra desembarque e indica 'identidade' da federação</a></div>

Ao citar Teto MAC, o secretário refere-se ao limite de recursos que o ministério repassa a estados e municípios para custear a Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar, em atendimentos como exames, cirurgias, internações e unidades de terapia intensiva (UTIs). Para incluir novos serviços no Teto MAC, o ente deve comprovar a prestação do serviço e solicitar aprovações das Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e Tripartite (CIT). A última inclui o Ministério e é a instância final para pactuar recursos e diretrizes da gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao aprovar o financiamento, o Ministério publica portaria de habilitação e formaliza o repasse de recursos.

Goiás recebeu mais de R$ 400 milhões anuais em 2023 e 2024 do Teto MAC, e caminha para receber valor semelhante este ano, mas cobra recomposição de R$ 385 milhões. Diz que há defasagem na tabela de pagamentos e grande ampliação de serviços, sem a compensação. Já o governo federal alega que elevou o valor na gestão de Lula e não sinaliza para o acréscimo.

“O Ministério da Saúde esclarece que os repasses federais aos estados e municípios seguem critérios estritamente técnicos e legais, definidos a partir da produção assistencial informada pelos gestores locais, das habilitações publicadas em portarias e das pactuações tripartites. Todos os repasses têm sido realizados regularmente, garantindo o atendimento integral à população”, diz a pasta, em nota.

Quanto ao Cora, a União havia informado ao Estado desde 2023 que não poderia entrar com recursos para a construção na unidade por conta do modelo adotado pelo administração estadual, de parceria com uma entidade privada (Fundação Pio XII), com dispensa de licitação para a execução da obra. Houve acerto do ministério então para ajuda em equipamentos e para o custeio.

A entrada de recursos para o Cora virou guerra de narrativas. O governo federal alega que cumpre o acerto feito em 2023 de destinar R$ 19,4 milhões anuais para a unidade. Rasível afirma que se trata de “nome fantasia”. “Eles falam em repasse para o Cora desde 2023 sendo que o Cora entrou em operação em junho deste ano. Era um valor para oncologia, que se chamou de Cora na portaria, mas foi para serviços que já fazíamos em oncologia na nossa rede, como em Itumbiara, Rio Verde, Uruaçu. Agora temos o Cora aberto. Mais uma vez começamos um novo serviço, estamos gastando R$ 5 milhões a mais, e não estamos recebendo um novo repasse”, diz o secretário.

O maior volume de recursos nas cobranças feitas pelo governo goiano é de medicamentos de alto custo, que seriam de responsabilidade da União. Rasível admite que o valor acumulado, de R$ 970 bilhões, vem desde 2019, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), então aliado de Caiado.

Estrutural

Ao reclamar das dificuldades de obter repasses do governo federal, Rasível cita estudo do Conselho Nacional de Secretários de Saúdade (Conass) que aponta que a União contribuía com 52% dos gastos com ações e serviços públicos da área em 2002 e reduziu a 40% em 2023.

Ja a participação dos Estados subiu de 22% para 27% no mesmo período, e dos municípios, de 25% para 34%.

Na série histórica do estudo, o menor porcentual de participação do governo federal foi no último ano da gestão de Bolsonaro, em 2022, com 38%.

O documento afirma que, no período de 2015 a 2019, houve uma desaceleração no crescimento real dos gastos, “reflexo das restrições fiscais impostas pela crise econômica e pelas políticas de austeridade adotadas no Brasil”. “Esse período coincide com a aprovação de medidas como o teto de gastos públicos - Emenda Constitucional (EC) nº 95, de 15 de dezembro de 2016 -, que limitou o crescimento das despesas primárias, incluindo da saúde”, aponta.

Parlamentares da bancada federal comentam nos bastidores que os dados mostram mais uma questão estrutural de mudanças no financiamento da área, incluindo o impacto da EC nº 95, do que “perseguição política” ao governo goiano por conta da candidatura de Caiado. Eles admitem, no entanto, que há possibilidades de repasses extra Teto MAC e de agilizar a recomposição dos valores se houver “vontade política”.

A Procuradoria Geral do Estado (PGE) informou nesta segunda-feira (8) que ainda não definiu se a ação judicial será protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF) ou na Justiça Federal nem a data para a formalização da demanda. “Estamos levantando documentos e informações a fim de adotarmos a melhor estratégia processual”, afirma a PGE.

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Gestão Lula nega critério político no repasse à Saúde

O vice-governador Daniel Vilela (MDB) passou a executar nos últimos dois meses, com maior intensidade, a estratégia de pré-campanha com vistas à disputa pelo governo estadual na eleição de 2026. O movimento de transição, anunciado pelo governador Ronaldo Caiado (UB) desde o ano passado, ganhou forma ao longo do primeiro semestre com o objetivo de dar resposta às principais demandas verificadas pelo núcleo político próximo ao projeto do emedebista.A principal meta até o fim do ano é ampliar o nível de conhecimento, considerado ainda baixo por governistas em análise sobre a última rodada da pesquisa Genial/Quaest, que apurou intenções de voto para o próximo pleito. O caminho, segundo aliados ouvidos pela reportagem, é consolidar a ligação com Caiado e apresentar o vice como protagonista dos aspectos mais bem avaliados na gestão.Como informado pelo Giro, Daniel ampliou vertiginosamente a presença como a principal figura da administração estadual em 28 eventos do governo estadual nos meses de julho e agosto. O número representa uma profunda expansão em relação à média percebida ao longo de todo o primeiro semestre do ano pré-eleitoral. A quantidade foi puxada também pelos 15 municípios visitados pelo governador em exercício durante os 11 dias da viagem de Caiado ao Japão e aos Estados Unidos, em julho, quando o emedebista assumiu o posto pela 12ª vez na gestão.Ao mesmo tempo em que Daniel assumiu maior protagonismo, o Palácio das Esmeraldas reagiu com alerta e convocação de aliados para maior engajamento na pré-campanha a partir do resultado da pesquisa, divulgada em 22 de agosto, que apontou empate técnico com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) e crescimento do senador Wilder Morais (PL). Articuladores do projeto do vice alegam que a estratégia já era colocada em prática, com gradativo aumento das “missões” assumidas pelo emedebista, desde antes da divulgação da pesquisa. Os governistas, porém, se dividem sobre a influência do cenário de proximidade do pré-candidato com nomes da oposição, que somam a maior parte das indicações dos eleitores entrevistados pela Genial/Quaest.Enquanto aliados próximos ao vice rejeitam a possibilidade de efetivo cenário de disputa apertada com Marconi ou Wilder no próximo ano e confiam no crescimento de Daniel até lá, deputados estaduais do grupo governista admitem que o empate da última pesquisa gerou apreensão. “Com certeza houve um alerta no governo, que tem buscado coesão junto a nós deputados e outras lideranças da base para trabalharem pelo Daniel. A pesquisa mostrou que o Marconi não está morto”, apontou um parlamentar aliado. Integrantes do núcleo político em torno do emedebista, no entanto, consideram que o rendimento do ex-governador, comparado com seu alto nível de conhecimento junto ao eleitorado, mostra que o tucano “parte do teto” para uma eventual quinta candidatura ao governo e teria uma tendência de “derreter” à medida que a disputa se aproxima e que passe a pautar a análise dos goianos. ConcorrênciaOs articuladores no governo esperam, por outro lado, o crescimento de Wilder, com o discurso bolsonarista para avançar sobre o “nicho” da extrema-direita, mas sem expectativa de ataques diretos ao governo Caiado. A análise de cenário reforça no grupo o entendimento de que é preciso antecipar os passos para consolidar a correlação entre as imagens do governador e Daniel, para não deixar dúvidas sobre a associação e garantir o discurso de continuidade.Neste sentido, o grupo busca maior envolvimento dos aliados na pré-campanha, como ocorreu quatro dias depois da publicação da pesquisa, em café da manhã promovido por Caiado e o vice-governador com auxiliares do governo, à bancada governista na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). O governador garantiu total esforço para a estruturação da candidatura do emedebista e disse que vai “dar a vida” para obter o sucesso no projeto estadual. Caiado usou o próprio exemplo para incitar integrantes da base aliada a fazerem o mesmo, além de apontar que terá mais envolvimento na disputa do que o dedicado à eleição de Sandro Mabel (UB) à Prefeitura de Goiânia, em 2024.Questionado sobre a ampliação do protagonismo de Daniel e o maior envolvimento dos aliados, o deputado estadual Issy Quinan (MDB), aponta que o movimento governista representa estratégia natural. “Política não admite vácuo. À medida que você proporciona um vácuo, vem alguém e ocupa o seu lugar. Isso faz parte do jogo e quem quer ser candidato ao governo no próximo ano não pode ficar deitado em berço esplêndido. Todos nós que somos candidatos estamos nos movimentando e ele, como pré-candidato a governador vai no mesmo sentido”, avalia.AgendaAs ações de governo com Daniel como protagonista envolveram entregas ou inaugurações, além de anúncios de obras e vistorias em 33 municípios, entre julho e agosto. Do total de 17 entregas realizadas pelo governo no período, sete foram de casas a custo zero em 11 cidades, totalizando 394 unidades. Dos seis anúncios, cinco foram de obras rodoviárias e um foi referente à construção de um Centro de Pesquisas sobre terras raras, em Catalão. Em todos os meses anteriores, em 2025, o vice-governador tomou a frente de forma individual em apenas 12 oportunidades.A nova média foi mantida na primeira semana deste mês de setembro. Nesta semana, Daniel entregou recapeamento e instalação de unidade do Vapt Vupt em Mara Rosa e a conclusão de 60 casas a custo zero a famílias em Estrela do Norte e Bonópolis. Também houve evento para finalização de 89 unidades habitacionais do programa Pra Ter Onde Morar – Construção, em Água Limpa e Rio Quente.O vice-governador também entregou a ampliação do sistema de abastecimento de água de Jataí, nesta sexta-feira (05), quando lançou investimento de R$ 43 milhões para a nova Estação de Tratamento de Água (ETA), com licitação marcada para o próximo dia 14.Além das atividades administrativas, articuladores governistas trabalham para que Daniel também passe a realização encontros regionais com lideranças aliadas. A agenda deverá ser iniciada em outubro, mas a avaliação majoritária, por enquanto, é de que os compromissos de governo no interior cumprem parte das demandas de movimentação política, além de favorecer a associação de imagem entre o vice e Caiado.

Estratégia de Daniel inclui intensificação de agendas

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