O governador Ronaldo Caiado (UB) confirmou preocupação com o aumento de gastos na administração estadual e defendeu “cautela” e “precaução” na elaboração do projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026. No cargo até o fim de março, quando entregará o posto para o vice, Daniel Vilela (MDB), o governador apontou nesta terça-feira (16) a indefinição sobre a troca do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) pelo Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag), além de repetir cobranças por repasses do governo federal.Caiado e Daniel dedicaram dois dias no início do mês para agendas de reuniões com os titulares das oito pastas que registraram maior aumento de gastos nos últimos anos ou que têm demandas por mais investimentos em 2026. Os encontros foram acompanhados pelos secretários de Economia, Francisco Sérvulo, e Geral de Governo, Adriano da Rocha Lima. Como antecipado pelo POPULAR, ao mesmo tempo em que há interesse na garantia de entregas e resultados como vitrine para as eleições, aumentou a preocupação da cúpula do governo em preservar o discurso de austeridade e responsabilidade fiscal. As reuniões ocorreram na semana seguinte à divulgação de balanço das contas do Estado que indicou déficit de R$ 640 milhões no primeiro semestre deste ano, por conta do aumento de investimentos e outras despesas extraordinárias. “Eu sou extremamente cauteloso. Nós já estamos com o pedido para podermos entrar no Propag e até hoje não tivemos resposta. Como tal, é lógico que eu vou tomar as minhas medidas de contenção. Eu sou um governador que eu tenho responsabilidade com equilíbrio fiscal. Então, eu vou saber conter o máximo até que haja uma definição das regras para o Estado”, afirmou Caiado em resposta a questionamento do POPULAR.Na sequência, o governador apontou “em segundo lugar” a queda do repasse do governo federal para o estado, em relação aos gastos com saúde. “É algo substantivo. Esse documento está sendo preparado com dados técnicos para mostrar o quanto que Goiás vem sofrendo também com esse não repasse. É uma verdadeira discriminação com o Estado de Goiás”, acusou.O governador apontou falta de recursos da União referentes a cirurgias eletivas e a manutenção de hospitais habilitados, com excedentes cirúrgicos. Assim como as policlínicas e uma possível ampliação do atendimento no Complexo Oncológico de Goiás (CORA) e as despesas com medicamentos de alto custo, que, segundo ele, chegam a R$ 350 milhões. O governador garantiu que cobrará os valores na Justiça e que “a peça está sendo preparada” para ser protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF).“Isso é só nessa parte específica que nós estamos a receber. Nós precisamos ter toda aquela precaução. Estamos no RRF e atendemos todas as demandas feitas pelo Tesouro Nacional. As alterações legislativas foram feitas. Agora, se eu não tenho uma resposta, cabe a mim fazer o que acho que devo, neste momento, que é conter maiores despesas”, concluiu.