Quatro dias depois de a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão por envolvimento na trama golpista, o governador Ronaldo Caiado (UB) voltou a defender a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. “No momento do julgamento, ainda vai ser promulgado a maneira como essa pena deverá ser cumprida. O que nós colocamos naquele momento, e o que eu repito aqui, é que como pré-candidato que sou à presidência da República, nós precisamos pacificar o Brasil. Isso é que é importante”, afirmou Caiado.Questionado se a democracia brasileira está em risco após a condenação de Bolsonaro, o governador negou e disse que “ninguém aqui está discutindo isso”, reiterando que seu grande foco em 2026 será o de “derrotar o PT nas urnas”. “Vamos realmente, com todo o nosso esforço, derrotar o PT nas urnas, ganhar as eleições nas urnas, mudar a maneira de se governar o país, combater a corrupção, combater o crime no Brasil, fazer o Brasil crescer, fazer o brasileiro se sentir respeitado. Esse é o processo”, disse Caiado.As declarações do governador reforçam o novo tom de moderação adotado por ele desde a condenação de Bolsonaro. O POPULAR mostrou no sábado (13) que esse movimento é visto como uma estratégia para marcar posição de respeito às instituições democráticas e de reafirmar o discurso de “independência moral” de sua pré-campanha ao Palácio do Planalto. No dia em que a Primeira Turma do STF condenou o ex-presidente, Caiado lamentou a decisão mas disse “confiar na Justiça”, rejeitando os ataques diretos contra a Corte e defendendo a convivência harmônica entre os Poderes, mesmo quando se há discordâncias sobre as sentenças judiciais. As novas falas do governador sobre o tema foram feitas em entrevista coletiva nesta segunda-feira (15), em Brasília, logo após ter ministrado a aula magna sobre segurança pública no primeiro dia do Curso Internacional de Relações Institucionais, promovido pela Frente Parlamentar de Segurança Pública no Congresso Nacional, presidida pelo deputado federal Alberto Fraga (PL-DF). O evento contou com a participação de militares brasileiros e também de outros 20 países, além de assessores parlamentares. Tendências e práticas eficazes no fortalecimento das relações institucionais e no aprimoramento da segurança pública estão no centro das discussões do curso. Na ocasião, o governador foi condecorado com a medalha da Associação dos Oficiais das Polícias Militares do Brasil, em reconhecimento pelo seu trabalho.SegurançaCaiado repetiu críticas ao modelo adotado em âmbito nacional, defendendo que a segurança pública deve estar ancorada no controle do sistema carcerário, na qualificação do efetivo e no uso de tecnologias de monitoramento, drones e softwares de inteligência.“Nós mostramos aqui que a segurança pública tem uma capilaridade enorme. Ela tem capacidade de melhorar a economia, a condição de vida. A renda das pessoas, a educação, a diminuição da criminalidade, a independência do cidadão, o sentimento de poder ter ali a facilidade de poder levantar, ir ao trabalho, voltar, ir para a sua propriedade rural, urbana, enfim, fazer o que desejar”, afirmou o governador goiano. Caiado também criticou a evolução da criminalidade pelo país, que faz com que grupos criminosos estejam ocupando não só a economia formal, mas também cargos de comando. “É o mais grave, mais crítico, pois já tem uma contaminação que atinge as decisões de como governar a nação.” O governador também cobrou mais prerrogativas aos estados, além de acesso mais rápido e ágil a bancos de informações integradas, como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).Nesse sentido, o goiano é um dos principais vocais contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, apresentada pelo governo federal por meio do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), em trâmite no Congresso. Para Caiado, o projeto, que estabelece o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), tira as prerrogativas dos governadores e concentra o poder decisório na União.