Após ouvir, nesta terça-feira (7), o depoimento de apenas dois dos representantes de cooperativas de reciclagem em reunião ordinária, a Comissão Especial de Inquérito (CEI) do Limpa Gyn, da Câmara Municipal de Goiânia, decidiu que não intimará para as novas oitivas as outras 13 entidades que haviam tido as suas convocações anteriormente determinadas pelos integrantes do colegiado. O argumento é o de dar celeridade aos trabalhos investigativos. Com isso, a expectativa é que já no próximo encontro a comissão ouça o gestor do contrato da Prefeitura com o Consórcio Limpa Gyn, Paulo Henrique Francisco Vargas, ex-diretor municipal de Serviços de Infraestrutura Urbana. O presidente da CEI, Welton Lemos (SD), afirmou que reuniões extraordinárias poderão ser chamadas nos próximos dias, em caso de necessidade. “Vamos continuar as oitivas. Das cooperativas, apenas duas pessoas se dispuseram a vir falar. As respostas dessas pessoas foram satisfatórias na oitiva de hoje”, afirmou o presidente.“A partir de agora passaremos a ouvir gestor do contrato, fiscais do contrato, vamos convocar as pessoas que recebem o lixo no aterro sanitário para que haja mais elucidação daquilo que for surgindo durante as oitivas”, disse Lemos, destacando a mudança em entrevista coletiva após a reunião.Na primeira parte do encontro, o colegiado ouviu por cerca de uma hora a presidente da Cooper-Rama, Dulce Helena do Vale; e, em seguida, por pouco mais de 15 minutos, o presidente da cooperativa Beija Flor, Claubi Teixeira Lemos. O principal foco das perguntas foi sobre a qualidade e quantidade do material reciclável entregue pelo Limpa Gyn às cooperativas. Ambos os representantes afirmaram que Goiânia possui apenas uma cooperativa com balança para pesar os reciclados que chegam da coleta na capital. Perguntada sobre a medição para conferir o que foi entregue às cooperativas, Dulce Helena afirmou que isso só é possível quando ocorre a “comercialização das cargas”. “A gente só conseguiria comprovar isso se todas as cooperativas tivessem balança ou se fosse local que passasse antes e pesasse. Hoje é pela forma cubicagem - três metros cúbicos por exemplo”, afirmou Dulce. MediçãoNa coletiva, o presidente da CEI apontou que o ponto seria um dos principais problemas atuais relacionados à transparência da medição. “Identificamos uma falha grave que é no recebimento do resíduo. Lá, o resíduo que vai para o aterro sanitário é medido de forma precária, sem nenhuma tecnologia que traga segurança para o processo, que seja auditável, e a gente detectou que isso também ocorre nas cooperativas. Não há uma forma de gestão eficiente no recebimento. Não há uma medida correta, um peso, para um contrato desse tamanho e vejo isso como uma falha muito grande”, disse Lemos.“É um valor muito vultoso para que o cidadão pague 20 milhões por mês. O que se percebe já no início dessa CEI é, no mínimo, um amadorismo na forma de você fazer a pesagem ou a cubicagem do material recebido. No olhômetro cooperado que recebe a mercadoria o lixo reciclável ele marca ali podendo gerar grandes distorções milionárias para a Goiânia”, reforçou Sanches da Federal (PP).Os representantes das cooperativas, por outro lado, alegaram que houve fases de queda na entrega dos materiais pelo Limpa Gyn, mas que atualmente “está dentro da média”. Nesta terça, a reunião do colegiado foi marcada pelo esvaziamento de parte dos integrantes. Estavam presentes apenas o presidente, Pedro Azulão Jr. (MDB) e Juarez Lopes (PDT), e os suplentes do colegiado Cabo Senna (PRD), Fabrício Rosa (PT) e Sanches da Federal (PP).