O depoimento da superintendente de Obras e Serviços da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), Flávia Ribeiro Dias, à Comissão Especial de Inquérito (CEI) do Limpa Gyn, da Câmara Municipal de Goiânia, nesta sexta-feira (31), reforçou, segundo vereadores do colegiado, falhas na fiscalização do contrato de limpeza urbana de Goiânia. Flávia admitiu que faz sozinha a análise dos relatórios de fiscalização dos GPS dos caminhões do consórcio responsável pelo serviço, sem equipe.“Quem faz é a equipe de fiscalização. A superintendência só supervisiona. Quando chega para mim, eu corro o olho, dou uma olhada, faço análise rápida, porque eu não tenho condição e não tenho equipe junto comigo na superintendência. Eu faço sozinha essa análise e repasso a medição para frente. Não tenho auxiliar de forma técnica na superintendência. Servidor qualificado é complicado. Eu prefiro trabalhar sozinha”, afirmou Flávia.Presidindo a comissão nesta sexta em virtude da ausência do titular (Welton Lemos, do SD), Aava Santiago (PSDB) classificou como “alarmante” as informações dadas durante o depoimento de Flávia, que apontaram falhas estruturais na fiscalização do contrato, avaliação compartilhada pelos outros integrantes do colegiado. “É alarmante a situação em que se encontra a fiscalização do contrato, especialmente considerando a responsabilidade que recai sobre a supervisora, que lida com essa complexidade sem o suporte técnico adequado. A própria supervisora relata que, sozinha, analisa os relatórios de GPS e de coleta, além de realizar testes, sem qualquer assessoria especializada”, disse.Na esteira dos questionamentos reforçados nas últimas oitivas sobre a falta de balanças de medição nas cooperativas de lixo e também acerca da pesagem (feita atualmente por cubicagem), os vereadores voltaram a atacar o tema nas perguntas à superintendente, que reconheceu a falha da secretaria na demora em instalar as balanças.Além dessas falhas, a CEI chamou a atenção para a circulação de servidores entre Goiânia e Anápolis, onde empresas do mesmo grupo do Consórcio Limpa Gyn - entre elas a Quebec Ambiental - supostamente mantêm contratos públicos.Em apresentação de slides, Aava mostrou que antes de atuar na Seinfra de Goiânia, Flávia foi secretária de Obras, Meio Ambiente e Serviços Urbanos de Anápolis até 2024, período em que a Quebec tinha contrato com o município. Durante o depoimento, ela confirmou que havia tratativas da empresa com a pasta que chefiava. Além dela, Aava apontou ainda que Paulo Roberto Silva, que presidiu a Comissão de Licitação da Prefeitura de Goiânia, e hoje é secretário de Administração de Anápolis. Já Paulo Henrique Francisco Vargas, gestor do contrato do Limpa Gyn em 2024, atua hoje como fiscal de contrato da Quebec Ambiental na cidade vizinha. Ambos foram ouvidos pela CEI em oitivas anteriores. Para os vereadores, esses vínculos reforçaram a suspeita de uma “migração” de servidores entre as duas prefeituras, acompanhando empresas do mesmo grupo.