A edição do Diário Oficial do Município (DOM) publicada no início da noite desta quarta-feira (3) traz a portaria da Câmara Municipal de Goiânia que oficializa a instalação da Comissão Especial de Inquérito (CEI) destinada a investigar o contrato e os serviços do Consórcio Limpa Gyn na capital. O documento, assinado pelo presidente Romário Policarpo (PRD), confirma os sete membros titulares e três suplentes do colegiado. A medida ocorre 12 dias após a publicação do requerimento de abertura da investigação.A leitura do ato em plenário está prevista para a sessão ordinária desta quinta-feira (4). Somente depois disso será possível convocar a primeira reunião da comissão, que deve ser provocada pelos próprios integrantes junto a mesa diretora, segundo informação dada pela Câmara. Nos bastidores, há expectativa de que o encontro inaugural ocorra já na sexta-feira (5), embora a tendência seja que os trabalhos tenham início apenas na próxima semana.Mais cedo, pela manhã, a sessão da Câmara teve clima morno em plenário, durando pouco mais de uma hora. Por outro lado, no entanto, houve intensa movimentação nos bastidores e gabinetes. As conversas giraram em torno da definição de quem assumirá os cargos de presidente, vice e relator da CEI, funções estratégicas para condução das investigações. O regimento interno determina que essa escolha só pode ocorrer na primeira reunião do colegiado, por meio de eleição interna. O vereador Welton Lemos (SD) é o mais cotado para a presidência, enquanto Willian Veloso (PL) é visto como favorito para a relatoria. A comissão terá prazo inicial de 120 dias, prorrogáveis por igual período, para apurar possíveis irregularidades na execução do contrato de limpeza urbana. O escopo da investigação, segundo a portaria, abrange aspectos técnicos, financeiros, operacionais, ambientais e administrativos, com ênfase em denúncias sobre falhas recorrentes na coleta seletiva, uso indevido de maquinário e justificativas consideradas frágeis em alterações contratuais.A composição da CEI reúne as indicações dos blocos partidários e terá três vereadores da oposição - Aava Santiago (PSDB), Pedro Azulão Jr. (MDB) e Welton Lemos (SD) -, três da base governista - Ronilson Reis (SD), Thialu Guiotti (Avante) e Juarez Lopes (PDT) - e um representante do PL, Willian Veloso, que não aderiu a blocos. Os suplentes serão Sanches da Federal (PP), Fabrício Rosa (PT) e Cabo Senna (PRD).Também nesta quarta, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) não conseguiu quórum para analisar o projeto de lei do prefeito Sandro Mabel (UB) que amplia de dois para cinco anos o prazo de contratação temporária de professores. O presidente da CCJ, Luan Alves (MDB), negou, em entrevista ao quadro Na Trilha da Política, da CBN Goiânia, que a ausência de parlamentares tenha sido uma manobra para atrasar a tramitação da proposta, mas o episódio reforçou a percepção de que a pauta do Executivo está em segundo plano diante das articulações para a CEI.Consórcio rebateEm meio ao iminente início das apurações, o Consórcio Limpa Gyn divulgou nota nesta quarta em que afirma que seguirá executando normalmente os serviços de limpeza urbana na capital. A empresa declarou que “não existe qualquer receio em prestar esclarecimentos” solicitados pelos parlamentares e que está à disposição da Câmara para colaborar com a investigação. Afirmou ainda “cumprir fielmente” o contrato firmado com a Prefeitura, dentro das normas técnicas, de segurança e de saúde, e considerou a apuração “imprescindível para comprovar a lisura e a legalidade” de seus procedimentos.Segundo o Consórcio, os investimentos feitos em monitoramento, modernização e controle da operação também estarão abertos à análise dos vereadores. A nota acrescenta que todas as correções e adequações contratuais foram fiscalizadas e validadas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra). “Com seriedade, integridade e retidão prosseguimos na execução dos serviços, por termos compromisso com a comunidade goianiense em fazer a gestão dos resíduos produzidos, honrarmos o contrato assinado e termos como meta tornar Goiânia uma cidade cada vez mais limpa”, concluiu o comunicado.Assim que a CEI fizer a primeira reunião e definir presidente, vice e relator dos trabalhos, um dos próximos passos será a definição dos nomes convocados para as oitivas. O POPULAR vem noticiando que, nos bastidores, além da análise do contrato do consórcio responsável pela coleta de resíduos, o ex-prefeito de Anápolis Roberto Naves (Republicanos) aparece entre os nomes cotados para ser convocado a prestar depoimento nas oitivas. Há o apontamento de suposta ligação de Naves com a Quebec Ambiental, empresa que realiza a coleta em Anápolis e participa do consórcio em Goiânia, que assumiu os serviços na capital no início de 2024. Outra possível convocação citada nos bastidores é a do ex-secretário de Infraestrutura e atual presidente regional do Solidariedade, Denes Pereira. O ex-auxiliar foi responsável pela assinatura do contrato com o Consórcio Limpa Gyn, em março de 2024, e deixou a Seinfra em junho daquele ano, após ser alvo da Operação Transata, que investiga fraudes em licitações da Prefeitura.