A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) publicou mais uma justificativa de quebra de ordem cronológica de pagamento para quitar parcela atrasada à Maas Serviços LTDA. Desta vez, a empresa informou a necessidade de repassar R$ 3,6 milhões à prestadora de serviço, referente a abril de 2024. O despacho foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM) de quarta-feira (17).A Maas fornece veículos e equipamentos para a companhia. A Comurg alegou no documento que, em notificação extrajudicial, apresentada em 4 de julho de 2025, a Maas informou a iminente suspensão dos serviços devido à inadimplência da empresa pública quanto a pagamentos anteriores a 2025.O POPULAR mostrou que a Comurg publicou, no início deste mês, justificativas para outras duas quebras de ordem cronológica para fazer pagamento de R$ 4,9 milhões à mesma empresa (referente aos meses de agosto e setembro de 2024). Na época, a companhia também mencionou a ameaça de paralisação por parte do fornecedor e citou uma notificação extrajudicial apresentada em 4 de julho.Levando em consideração os recursos relacionados a abril, agosto e setembro de 2024, a Comurg confirmou o pagamento de R$ 8,5 milhões.Em nota, a Comurg confirmou o pagamento dos atrasados e argumentou que “assumiu dívidas geradas em gestões anteriores e, entre os prestadores de serviços, alguns deles se mantêm como fornecedores”. De acordo com a companhia, neste contexto, “foram elencados critérios para o acerto dos valores em atraso e garantir os serviços prestados à população goianiense”.A reportagem perguntou à Comurg quando o novo pagamento foi realizado, o valor da dívida total com a Maas e o montante reivindicado pela empresa na notificação de julho, mas não houve resposta da companhia. O Portal da Transparência da Comurg não mostra dados de despesa da empresa pública.O POPULAR também entrou em contato com a Maas, mas a empresa decidiu não se manifestar.

Comurg paga mais R$ 3,6 milhões fora da ordem cronológica

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Matéria - Política

Prefeitura de Goiânia

A volta do período chuvoso traz um alerta para Goiânia sobre o chorume produzido no aterro sanitário municipal de Goiânia. Apesar de nenhuma autoridade pública admitir, é possível dizer com base nos dados disponíveis nos processos judiciais que tratam da possibilidade de fechamento ou não do aterro e nas respostas dadas ao POPULAR pelos órgãos que atualmente lidam diretamente com este material que, sim, na época de chuva, o chorume está poluindo o Rio Meia Ponte e, talvez, o entorno do aterro e da tubulação que leva o produto até uma estação de tratamento de esgoto (ETE) da Saneago.

O chorume - que também recebe o nome de lixiviado e percolado - é um líquido de cor escura e odor forte, resultado da decomposição de resíduos orgânicos, altamente poluente por possuir em sua composição metais pesados bastante tóxicos para plantas e animais. A falta de uma solução para o descarte deste material é um problema que vem se agravando nos últimos 14 anos e que mesmo após o risco de fechamento do aterro sanitário por decisão da Justiça ainda deve perdurar durante mais este período chuvoso. Pelo menos é o que indicam as respostas da Prefeitura e da Saneago.

Na teoria, está tudo ok. A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), que desde 2011 faz a gestão do aterro sanitário, afirma que o chorume é coletado por meio de um sistema de drenagem especificamente projetado para captá-lo. Depois, passa por lagoas de equalização e estabilização, onde ocorre um processo preliminar de tratamento natural. Após esse período de retenção e homogeneização, o material é levado por uma tubulação interligada à rede coletora de esgoto até a ETE da Saneago, no Setor Goiânia 2, a cerca de 12 quilômetros do aterro. Então recebe um tratamento complementar ao ser diluído no esgoto e passar pelo mesmo processo que os outros efluentes.

A situação se agrava é na chuva. O sistema de drenagem pluvial no aterro apresenta muitas falhas, algo que é admitido pela própria Prefeitura em relatório feito já na atual gestão (o documento fala em “limitações”). Sem o controle da destinação da chuva, aumenta a geração de chorume e o risco de contaminação das águas pluviais que atingem o manancial da região. Também eleva a quantidade de chorume que deixa as lagoas de estabilização antes do período considerado ideal para o tratamento preliminar. Em 2023, a prefeitura reconheceu que “praticamente” não havia elementos de drenagem superficial devidamente instalados.

Em média, o aterro sanitário gera, segundo a Comurg, 260 metros cúbicos (m³) de chorume por dia, sendo que durante o período de estiagem o volume do efluente é ínfimo. A Saneago diz que o limite estabelecido na ETE é de 2,5 litros por segundo de chorume para tratamento, que misturado a uma média de 1,7 mil litros de esgoto recebido por segundo na estação, significa apenas 0,15% da vazão média do que é tratado no local. A empresa de saneamento considera esse total um “volume irrisório frente ao total tratado”, e a companhia municipal afirma que é tudo “monitorado tecnicamente de forma contínua, com registros operacionais diários, garantindo rastreabilidade e controle”.

Um relatório feito pela Comurg em janeiro sobre a situação do aterro em 2024 mostra que, nos meses de estiagem, a geração de chorume ficou em 0,9 litros por segundo (l/s) por dia. Já nos meses chuvosos, a média diária subiu para 3,07 l/s. No ano passado, os meses mais críticos foram março (4,53 l/s) e novembro (4,49 l/s). Em 2024, foram gerados 1,3 mil m³ de chorume no aterro, segundo a Comurg. “Com a chegada do período chuvoso, as operações tornam-se significativamente mais desafiadoras, exigindo redobrada atenção e cuidado na execução das atividades”, escreveu no relatório a gerente de operações do aterro, Gabriela Maria Barbosa.

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Falhas

O documento mais contundente apontando falhas no tratamento do chorume foi produzido por técnicos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) em maio deste ano. O relatório afirma haver falhas na drenagem e que o sistema atual não é eficiente para levar o líquido percolado para as lagoas de tratamento. Também destaca que a estação da Saneago não foi projetada para receber este tipo de produto. Em agosto, um novo relatório da Semad concluiu que não houve nenhuma melhoria efetiva no sistema de drenagem em relação ao que foi verificado no primeiro semestre.

Em junho, a Prefeitura rebateu o relatório da Semad apresentando outro elaborado pelo Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC), em convênio com o próprio município, no qual é dada a melhor nota para os serviços de drenagem e tratamento do chorume. Porém, os próprios técnicos admitem que a avaliação foi feita com base apenas em análise visual durante uma visita e em relatos dos responsáveis pelo aterro. A equipe do IPGC não chegou a ir na Saneago ou consultar a estatal para verificar se o que foi dito no aterro é verídico: “(na ETE) recebe o devido tratamento antes de sua destinação final, garantindo o cumprimento das normas ambientais aplicáveis”.

A Saneago explica que não há um tratamento exclusivo para o chorume na ETE do Goiânia 2. O material é submetido ao mesmo processo pelo qual passa o esgoto, composto por gradeamento e desarenador, seguido de decantação primária com adição de insumos químicos para maior eficiência. Está em fase de implantação um processo de tratamento secundário, o que eleva a capacidade de remoção de carga orgânica em até 90% quando estiver concluído. Até o início de julho, estava em 50%. Atualmente, chegou a 65%. Ou seja, 35% do efluente que chega à ETE vai parar no Meia Ponte.

O problema com a drenagem e o encaminhamento do chorume não é de agora. Em uma ação judicial proposta em 2015, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) cobrava que a responsabilidade pela destinação final dos efluentes produzidos no aterro ficasse com a Prefeitura, uma vez que a ETE do Goiânia 2 não fazia o tratamento eficaz da carga poluidora que chegava lá pela tubulação. “Com isso, a poluição decorrente do chorume deixou de ser lançada no córrego Caveirinha (próximo ao aterro), para ser transportada por áreas residenciais e lançada diretamente no Rio Meia Ponte, após mera diluição nos esgotos domésticos da cidade”, alerta o órgão.

Outros problemas

Além da questão do tratamento do chorume, há indícios de que o problema também esteja na captação do efluente e no seu transporte para a ETE. O sistema de drenagem existente no aterro é criticado pela Semad, e pelo MP-GO e a própria equipe do IPGC contratada pela prefeitura constatou, durante visita técnica, a presença de um “pequeno vazamento de chorume nas proximidades da estrutura do antigo flare”. “A presença de chorume na superfície indica a necessidade de manutenção ou substituição das tubulações utilizadas, a fim de evitar a contaminação do solo e mitigar riscos ambientais.”

<h2>Promessas de melhoria ficam para 2026 ou depois</h2>

Existe um motivo para o problema do tratamento de chorume se prolongar tanto. Conforme a própria Prefeitura admite, no relatório entregue em junho, este serviço é responsável pelos custos elevados de manutenção dos aterros sanitários. Em algumas capitais, o modelo adotado atualmente em Goiânia é recorrente. No entanto, como destacado pelo professor Eraldo Henriques de Carvalho, do Núcleo de Resíduos Sólidos e Líquidos (Nursol) da Escola de Engenharia Civil e Ambiental (Eeca) da Universidade Federal de Goiás (UFG), “é uma alternativa, mas desde que a estação de tratamento esteja completa, o que não é o caso (da ETE do Goiânia 2) atualmente.”

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Durante vistoria feita pelo desembargador Maurício Porfírio no aterro, em setembro, prefeito Sandro Mabel prometeu investimentos no tratamento de chorume, mas para concluir apenas no final de 2026 (Fábio Lima / O Popular)

Durante vistoria judicial feita pelo desembargador Maurício Porfírio ao aterro, em um processo no qual ele avalia decisão de uma juíza sobre o fechamento ou não do aterro sanitário até que a situação do empreendimento seja regularizada junto aos órgãos ambientais, o prefeito Sandro Mabel afirmou que está em processo de aquisição um equipamento importado, para tratamento de chorume, avaliado em R$ 10 milhões. Quando devidamente instalado, permitirá que a Prefeitura não precise mais levar o efluente para a ETE do Goiânia 2. O prefeito comentou ainda que o equipamento deve estar funcionando apenas daqui um ano, mas não deu mais detalhes.&nbsp;

A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) explicou que o processo ainda está em fase de levantamento para compra, não informando quando será iniciada a aquisição nem como será a licitação para escolha da empresa. Já a Comurg explicou que trata-se de um sistema de osmose reversa, “tecnologia de ponta que utiliza membranas semipermeáveis capazes de reter contaminantes, metais pesados e sais dissolvidos, gerando um efluente com alta qualidade e, em muitos casos, com potencial de reúso”. Nas entrevistas, o prefeito exagera dizendo que após a instalação do equipamento será possível beber a água do aterro.

A Comurg também afirma que está implementando estudos para adoção de processo de biorremediação aplicado ao tratamento do chorume. “Esse método utiliza microrganismos selecionados e consórcios bacterianos capazes de degradar e estabilizar compostos orgânicos complexos, reduzindo significativamente a carga poluidora logo na fase inicial do processo. Trata-se de uma solução sustentável, que potencializa os mecanismos naturais de depuração e contribui para a diminuição da toxicidade do efluente.” Segundo a companhia, a implantação integrada das duas soluções apresentadas devem estar concluídas em 12 meses.&nbsp;

A Comurg garante que, mesmo enquanto as melhorias não chegam, o lançamento do chorume para a ETE respeita parâmetros técnicos operacionais de controle e vazão e que o tratamento preliminar atual reduz a carga poluidora inicial. “Este tratamento preliminar contempla o controle de altura e o tempo de residência, onde os microrganismos naturais realizam a degradação da matéria orgânica e outros componentes por um período mínimo de 15 dias. Depois dessa fase, o resíduo é encaminhado à ETE, onde recebe tratamento complementar e final.” Quando chove, entretanto, esse período de 15 dias geralmente é reduzido.

Esgoto

A Saneago minimiza o impacto do chorume que chega à ETE, dizendo que no período de estiagem é “praticamente nulo”. A estatal diz estar investigando mais de R$ 130 milhões para aperfeiçoar o tratamento do esgoto, passando do primário para o secundário. “Com isso, o esgoto produzido na capital passa por mais um processo de tratamento, por lodos ativados, em uma nova estação. Isso eleva os índices de remoção de carga orgânica para mais de 90%”, afirma a empresa por nota. Indiretamente, então, o chorume passa a receber um tratamento mais adequado. Entretanto, ainda está em 65% o índice e não há um prazo público para a conclusão do processo de melhoria.

A estatal de saneamento argumenta que, mesmo nesta fase de ajustes para a fase secundária, o processo está dentro da normalidade e já haveria comprovação de maior eficiência no tratamento do esgoto. “Isso significa maior proteção ambiental para o Rio Meia Ponte.” A Saneago também garante que são realizadas análises de qualidade do chorume, do esgoto bruto, do efluente tratado, do corpo receptor - “a montante e a jusante, ou seja, antes e depois da ETE” - e do lodo gerado no processo. “Esses resultados são monitorados e reportados periodicamente, garantindo a conformidade ambiental e a segurança do processo”, afirma em nota.

Não há nos processos judiciais nenhuma exigência sobre como deve ser o processo de descarte do chorume, se deve ou não passar pela Saneago ou sair já integralmente tratado de dentro do aterro sanitário.

<h2>Semad alerta para falta de licenças</h2>

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) tem destacado em suas manifestações sobre o aterro sanitário de Goiânia que o principal problema é a falta de licenciamento ambiental desde 2011 e a ausência de informações confiáveis sobre a real situação do empreendimento, visto que até hoje a prefeitura não abriu o processo para obter a licença. O impasse entre a pasta e a Prefeitura tem gerado embates políticos envolvendo o prefeito Sandro Mabel e a titular da secretaria, Andrea Vulcanis. A Semad se refere ao aterro como “lixão”.

Em nota ao POPULAR, a Semad lembra que a ETE do Goiânia 2 não foi dimensionada para recebimento de chorume de resíduos sólidos, “uma vez que estes possuem uma carga poluidora muito superior à carga dos esgotos sanitários domiciliares” e que a estação não tem licença ambiental autorizando o recebimento de chorume de aterro sanitário. Atualmente, esta licença de funcionamento se encontra em fase de renovação, e a Saneago já teria sido informada de que o recebimento do chorume vai seguir sem autorização.&nbsp;

Em 15 de julho, a estatal foi notificada pela Semad a adotar medidas necessárias para interromper o recebimento desse efluente líquido e apresentar um estudo da capacidade de suporte do sistema de tratamento de esgoto para o recebimento e tratamento do chorume de aterro sanitário, comprovando a sua eficiência.

A Semad afirma que técnicos do Centro de Análises Ambientais e Laboratoriais (Ceamb) monitoram periodicamente a qualidade da água dos mananciais em Goiás, entre estes o rio Meia Ponte. No caso do manancial onde é descartado o chorume do aterro, a análise é feita em pontos antes e após o lançamento do efluente da ETE do Goiânia 2. Na nota, a pasta informa que é avaliado o impacto do chorume, por meio de parâmetros que indicam a presença de matéria orgânica na água que pode ser proveniente do efluente, porém não comentou os resultados destas análises.&nbsp;

No relatório feito em agosto pela Semad, são destacadas deficiências no controle da geração e coleta do chorume, “sem evidência de automação, individualização ou monitoramento efetivo de vazão e volume, dificultando o controle da carga hidráulica interna do maciço”. Também reclama da falta de melhorias prometidas na drenagem pluvial, alegando que é um sistema essencial para a proteção superficial dos maciços, “prevenindo processos erosivos e infiltração excessiva de águas pluviais”, fatores que podem aumentar significativamente a geração de chorume.

A Semad ressalta que não foi adotada nenhuma das medidas relativas ao destino da água da chuva prometidas pela Prefeitura tanto durante a inspeção no primeiro semestre como em reunião em julho. “A inexistência de infraestrutura adequada para o escoamento superficial tem provocado o surgimento de processos erosivos, ocasionados pelo fluxo desordenado das águas de chuva.

<h2>Processos questionando situação do aterro se acumulam na Justiça</h2>

Já são pelo menos sete processos judiciais envolvendo a situação atual do aterro sanitário municipal de Goiânia. A ação que tem gerado mais trabalho para a Prefeitura atualmente é a que foi proposta em junho de 2024 pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), que representa empresas prestadoras de serviços de limpeza urbana no país. Em junho deste ano, a juíza Mariuccia Benicio Soares Miguel chegou a determinar, de forma cautelar, a suspensão progressiva do funcionamento do aterro. Porém, a decisão foi derrubada pela presidência do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO).&nbsp;

Esta ação da Abrema conta com o apoio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). A partir deste processo, já foram gerados outros três, todos recursos contra ou a favor da decisão que suspendeu o uso do aterro. Atualmente, as partes aguardam um posicionamento do desembargador Maurício Porfírio a respeito de manter ou não a decisão da juíza. Ele esteve no aterro duas vezes no segundo semestre, sendo que a primeira causou polêmica por ter sido com a participação apenas de representantes da Prefeitura e da Câmara.

Tramita na Justiça também uma ação questionando o acesso da Comurg a um sistema que libera o aterro como destino final para o lixo recolhido por empresas particulares de limpeza urbana junto aos grandes geradores de resíduos de Goiânia, outra ação questionando a responsabilidade criminal pelo vazamento de chorume do aterro e mais uma cobrando a ilegalidade de uma lei estadual que libera o funcionamento de aterros sem licenciamento até maio de 2026.

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Volta das chuvas liga alerta para chorume no Rio Meia Ponte

Cidades

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Poluição

A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) decidiu quebrar a ordem cronológica de pagamento (princípio da administração pública na relação com fornecedores e prestadores de serviço) e realizou o pagamento de R$ 4,9 milhões à empresa Maas Serviço LTDA. A justificativa da estatal foi garantir “a continuidade da execução dos serviços de limpeza urbana, gerenciamento de resíduos e urbanização” no âmbito do contrato com a Prefeitura.Em documentos publicados no Diário Oficial do Município (DOM) de 5 de setembro, a Comurg informou que, em 4 de julho, a Maas informou a iminente suspensão dos serviços por causa de inadimplência da companhia quanto a pagamentos anteriores a 2025. Na justificativa da quebra, a companhia afirmou que a estrutura de equipamentos fornecida pela Maas é “imprescindível”.De acordo com a companhia, “o quadro de equipamentos disponibilizado pelo referido contrato já se encontra reduzido, em razão das dificuldades financeiras enfrentadas pela Comurg, sendo que sua capacidade de faturamento está diretamente vinculada à quantidade de equipamentos disponíveis para a prestação dos serviços”.O valor cobrado pela empresa é referente a serviços prestados nos meses de agosto e de setembro de 2024 (R$ 2,47 milhões e R$ 2,43 milhões, respectivamente). As justificativas foram publicadas em dois despachos que têm textos semelhantes. A reportagem apurou que o valor já foi repassado à empresa e não houve interrupção do serviço. Os dados sobre despesas da Comurg não são publicados no Portal da Transparência da companhia. A reportagem entrou em contato com a Maas, mas não houve retorno até o fechamento desta edição. A empresa é ligada ao Grupo HP. Em nota, a Comurg confirmou a autorização dos dois pagamentos em atraso e argumentou que “assumiu dívidas geradas em gestões anteriores e, entre os prestadores de serviços, alguns deles se mantêm como fornecedores”. Segundo a Comurg, foram criados critérios para acerto dos valores em atraso e garantir os serviços prestados à população.ArgumentoNos documentos divulgados no DOM, a Comurg apontou que, em setembro de 2024 - durante a gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (SD) -, foi publicado decreto municipal que declarou o encerramento do exercício financeiro de 2024. Com isso, aponta o despacho da companhia, houve a anulação dos empenhos vigentes, “inviabilizando, portanto, a liquidação e o pagamento das despesas daquele exercício”. Em seguida, os documentos citam decreto de janeiro de 2025 - gestão de Sandro Mabel (UB) -, que determinou a suspensão temporária de pagamentos de exercícios anteriores, que deveriam ser submetidos à análise da Controladoria-Geral do Município (CGM), assim como à verificação de disponibilidade orçamentária pela Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz) e à autorização do prefeito. O documento cita que o decreto foi publicado para resguardar a sustentabilidade financeira do município. A companhia também citou como argumento resolução própria que estabelece ordem de prioridade de pagamentos, sendo a primeira o pagamento de salários e de benefícios aos servidores, e, a segunda, “o pagamento de fornecedores essenciais, dentre os quais consta ‘locação de veículos”’.“Embora a ordem cronológica seja um princípio que deve ser obedecido pela administração pública, a supremacia do interesse público e a necessidade de garantir a continuidade de um serviço essencial à população sobrepõem-se, neste caso, à regra geral”, justificou a empresa. A Comurg alegou ainda que o não pagamento resultaria em um dano “muito maior” à coletividade, comprometendo a infraestrutura da cidade e a saúde pública. Contexto Desde o início da gestão de Mabel, a Comurg está sob um plano de recuperação e reestruturação, que prevê aporte de até R$ 190 milhões da Prefeitura para a companhia. Entre as medidas já implantadas estão a diminuição de comissionados e outras ações para diminuir a folha (como cortes em gratificações e demissão de aposentados). No início de agosto, a Prefeitura apresentou ao Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás uma proposta de Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) que estabelece medidas para “recuperação econômico-financeira, administrativa e operacional” da Comurg em dois anos. A medida foi um passo na tentativa de reverter a dependência financeira da empresa pública quanto à administração municipal, determinada pelo TCM-GO.

Comurg faz quebra de ordem cronológica por maquinário

Reestruturação

Representantes da empresa sul-coreana Sejin G&amp;E estiveram na quarta-feira (27) no aterro de Goiânia para conhecer a estrutura do espaço e mostrar um projeto para implantar a primeira usina de geração de energia com biogás no Brasil. A implantação, conforme comunicado à imprensa divulgado pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), terá investimento estimado em US$ 30 milhões, por financiamento do Fundo do Meio Ambiente da Coreia do Sul. A companhia diz que a gestão do aterro foi elogiada pela empresa estrangeira, na contramão das denúncias da Semad e do MP-GO.

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 85, 128); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; outline: 0px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp&nbsp;</a>

Com a implantação da usina, há promessas de “ganhos sociais e econômicos” ao município, e de que a capital se consolide como referência nacional “em inovação ambiental, gerando empregos, atraindo investimentos e abrindo espaço para créditos de carbono no mercado, além de reforçar o compromisso da cidade com a agenda climática e a economia circular”. Em nota, a Comurg diz que o processo ainda está em “tratativas iniciais”. “Nos próximos meses, a empresa realizará estudos técnicos detalhados de viabilidade, incluindo análises ambientais, jurídicas, financeiras e estruturais, antes de apresentar formalmente o projeto à Prefeitura. Somente após essa etapa as propostas serão avaliadas para possível implantação”, alega.

Para o promotor Juliano de Barros Araújo, que assina o TAC junto ao município desde 2020, e renovado no início de 2024, a medida seria inviável sem o licenciamento ambiental do aterro. “O município deveria deixar de somente apontar os desejos do que sonha fazer e apresentar projetos e o pedido de licenciamento. Só é possível para a Semad e o MP manifestarem sobre documentos reais no processo de licenciamento”, comenta. Conforme ele, caso a instalação seja feita sem o documento, o órgão ministerial deve ingressar com nova ação civil pública e requisitar a instauração de um inquérito policial para apurar o crime de “construir, reformar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes”.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/prefeitura-de-goiania-insiste-em-manter-aterro-polemico-1.3287437" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_self">Prefeitura de Goiânia insiste em manter aterro polêmico</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/apos-reuni-o-e-debate-vistoria-vai-avaliar-seguranca-de-aterro-de-goiania-1.3285698" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_self">Após reunião e debate, vistoria vai avaliar segurança de aterro de Goiânia</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/sandro-mabel-questiona-competencia-da-semad-para-licenciar-aterro-de-goiania-1.3283986" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px;" target="_self">Sandro Mabel questiona competência da Semad para licenciar aterro de Goiânia</a></div>

Após ter a licença ambiental corretiva suspensa pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) em dezembro, a Semad foi reconhecida como a responsável pela emissão do documento. Contudo, a pasta já citou, em outras ocasiões, a inviabilidade da concessão do licenciamento diante das irregularidades no local. Dentre elas, a localização inadequada, por estar perto de áreas habitadas e fontes hídricas, projetos de impermeabilização e drenagem ineficientes, e risco de deslizamentos e acidentes estruturais, dentre outros.

Empresa sul-coreana interessada em instalar usina de biogás no aterro de Goiânia

Energia

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Grama sintética é colocada pela Prefeitura em ilha da Avenida Castelo Branco, entre as Praças Ciro Lisita e Walter Santos, no Setor Coimbra (Diomício Gomes / O Popular)

A prefeitura de Goiânia deu uma explicação economicamente viável para a decisão de implantar grama sintética em ilhas da Avenida Castelo Branco, no Setor Coimbra, e da Rua 44, no Setor Norte Ferroviário. “[Foi para fazer] o aproveitamento de material adquirido pela gestão anterior, especialmente neste período de seca, quando o plantio de grama natural se torna mais ineficiente”, segundo nota da Comurg divulgada sexta-feira (15). O custo de implantação dessa grama é mais caro, mas a manutenção muito mais barata e ainda havia estoque na prefeitura.

Faltou, contudo, por parte da empresa informação sobre o custo ambiental, conforme observou também neste jornal o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, o arquiteto e paisagista David Finotti. Ainda mais complexa se torna a questão se observada por outro ângulo: se uma cidade opta por plantas artificiais é porque algo já mudou na sua concepção do seu meio ambiente. A grama natural tem uma temperatura média de 28º C, já a sintética pode mais que dobrar essa temperatura, por isso são indicadas para ambientes com pouca luz solar. E Goiânia passa pelo período mais seco e quente do ano, que tende a se agravar até a chegada das chuvas, em outubro. Imagina o desconforto.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/crimes-em-apps-e-redes-focam-em-dados-pessoais-1.3280716" target="_self">Crimes em apps e redes focam em dados pessoais</a> 
<a href="https://opopular.com.br/opiniao/como-os-golpistas-evoluiram-para-enganar-suas-vitimas-1.3280675" target="_self">Como os golpistas evoluíram para enganar suas vítimas</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/chega-pra-ca-155-beatriz-farrugia-coordenadora-da-pesquisa-a-jornada-dos-golpes-1.3280440" target="_self">Chega pra Cá #155: Beatriz Farrugia, coordenadora da pesquisa A Jornada dos Golpes</a></div>

Não é acaso que uma das ruas escolhidas para receber a grama sintética tenha perdido, nesta gestão, 80 centímetros de largura de sua ilha (sobrou só 1 metro) para aumentar a área para os carros. Houve opção pelo automóvel também na redução da pequena área verde no encontro das Avenidas 136 com a 85, no Setor Marista.&nbsp; Inesquecível a <a href="https://opopular.com.br/cidades/operac-o-de-poda-de-arvores-vira-desmate-na-marginal-botafogo-1.3272484" target="_self">operação de poda de árvores na Marginal Botafogo</a> que retirou espécies vetadas pela Agência de Meio Ambiente.

As escolhas de políticas públicas de uma administração têm consequências. Em meados dos anos 1980, o então prefeito Nion Albernaz, percebeu a baixa estima da população com a cidade, administrada entre 1969 e 1985 por prefeitos biônicos. Teve a ideia de recuperar essa estima com a memória ambiental de Goiânia. Enfeitou ilhas, praças, e áreas verdes com grama, flores e plantas paisagísticas. Deu certo e Goiânia passou a se achar uma cidade jardim e mais arborizada do país. Um certo exagero, mas tudo bem. Agora Goiânia dá um passo em outra direção ao abrir ruas e avenidas para as plantas artificiais. Para onde esta política pública levará a cidade?

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