O detalhamento de custos por paciente dos hospitais da rede estadual de Goiás mostra discrepâncias na atuação das organizações sociais (OSs) contratadas pelo governo. Os dados apontam variação de R$ 2,4 mil a R$ 22,4 mil nos valores pagos, considerando a média da quantidade de saídas nas internações e a média dos dias de permanência dos pacientes.O POPULAR teve acesso às tabelas feitas pela empresa Planisa, referentes ao primeiro trimestre de 2016, e que serviram de base para o relatório da consultoria W Taborda, contratada pelo Estado no início do ano passado. A partir do documento, o governo fez revisão das metas estabelecidas para as OSs e, mais recentemente, decidiu realizar novas seleções de entidades em vez de apenas renovar os contratos.O perfil de cada hospital, com especificidades sobre tipos de atendimento, especialidades e tratamento oferecido, explica parte das diferenças. Quantidade de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) ou cirurgias de grande porte ajudam a compreender assimetrias. Mas há também disparidades entre unidades com perfis bem semelhantes, como no caso dos dois hospitais de urgência de Goiânia - Hugo e Hugol. O alto custo em um hospital do interior, o Hurso (Santa Helena de Goiás), na comparação com os demais, também chama atenção.O relatório da consultoria também inclui, para comparação, tabela com os custos por saída registrados em 2011 por hospitais estaduais de São Paulo administrados por OSs. Já levando em conta a correção da inflação (IPCA geral) no período, apenas 2 de 17 unidades pesquisadas em São Paulo tiveram custo unitário superior a R$ 12,1 mil. No universo dos hospitais goianos, 6 registram custo acima deste valor (veja quadro).A maioria dos hospitais paulistas - 14 de 17 - tem de 5 a 8 dias como média de permanência dos pacientes. Em Goiás, 6 dos 13 registram mais de 8 dias no tempo de internação, com o máximo de 14 dias indicados no Hurso e no Hospital Geral de Goiânia (HGG).O cálculo dos custos já leva em conta a verba específica para internação nos hospitais. Ambulatório e outros tipos de atendimento não entram na conta. Uma outra tabela do relatório mostra o porcentual de cada tipo de serviço prestado pelos hospitais (veja quadro). O Condomínio Solidariedade e o Hurso registram o maior porcentual de internações - 91%, cada um. Hugo e Hugol têm índices semelhantes - 77% e 76%, respectivamente.O governo estadual, por meio da Secretaria Estadual de Saúde (SES), admite estranhamento no caso de tempo de permanência muito prolongado e atribui este ponto à questão de eficiência da gestão. Mas, de modo geral, o governo alega que as correções são parte do aperfeiçoamento do modelo no Estado e as diferenças não apontam muitas anormalidades.A SES informou ainda que a maioria dos hospitais já registrou avanços em relação ao primeiro trimestre de 2016, com ampliação nas saídas e redução de custo.O maior valor de gastos foi registrado pelo Hospital de Doenças Tropicais (HDT) - R$ 22,4 mil, com média de permanência por paciente de 10 dias. O alto valor de medicamentos e o tipo diferenciado de tratamento, com necessidade de isolamento em algumas internações, teria a ver com o custo, embora o Estado tenha determinado mudanças nas metas.Ainda segundo o governo, a contratação da Taborda e da Planisa (esta feita diretamente por cada OS) possibilitou a padronização de dados, com possibilidade de comparação, revisão de custos e maior controle do cumprimento das metas.“Quanto custava o Hugo e o HGG em 2010? Ninguém sabe. Era uma confusão. Por isso que os primeiros contratos de gestão foram muito empíricos. Agora, temos parâmetros e por isso estamos reformando todos os contratos. Agora temos controle diário. Essa coisa de fiscalização meses ou anos depois, não serve. Se tiver desvio, dano ao erário, já foi. Aí é tentar recuperar na Justiça, mas a vaca foi pro brejo. Estamos adotando mecanismos de controle diários”, diz o secretário estadual da Saúde Leonardo Vilela.