O ex-governador de Goiás Mauro Borges (PSD) afirmou certa vez que escolheu “armas de natureza moral” para se opor à intervenção militar em Goiás, há 60 anos. Tempos mais tarde, em suas memórias, ele relatou como resistiu pacificamente aos voos rasantes de esquadrilhas da Força Aérea Brasileira (FAB) que cruzaram os céus de Goiânia em 26 de novembro de 1964, o dia de sua queda. Seis décadas depois da data em que a ditadura militar cravou seus tentáculos em Goiás impondo a saída de Borges do Palácio das Esmeraldas, o enredo golpista ainda ecoa na política contemporânea, comentam historiadores e cientistas políticos. O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela Polícia Federal (PF) na semana passada por supostas tentativas de golpe de Estado e por participar de organização criminosa reacendeu as discussões sobre as ameaças ao Estado democrático de direito.