Rubens Salomão

Daniel Vilela

A crescente influência do debate nacional, principalmente a partir da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deve levar a disputa pelo governo de Goiás em 2026 a um cenário de polarização dentro da direita. Especialistas ouvidos pelo POPULAR confirmam a tendência e apontam novos desafios para o discurso e imagem do vice-governador Daniel Vilela (MDB), que antecipa passos da pré-candidatura à reeleição no próximo ano.

O presidente estadual do MDB já tem apresentado escalada de alinhamento com o perfil direitista do governador e principal cabo eleitoral, Ronaldo Caiado (UB), com críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, mais recentemente, manifestação contrária à prisão de Bolsonaro. A gradativa transformação ocorreu após definição de posicionamentos ao centro ou até em proximidade à centro-esquerda ao longo da trajetória política, nos momentos em que seu partido integrava a base de apoio aos governos petistas em Brasília. 
 
A polarização na direita tem, além do vice-governador, o senador e presidente regional do PL, Wilder Morais, que mantém intenção de representar o bolsonarismo na disputa ao Palácio das Esmeraldas, apesar das movimentações ainda tímidas. Também nas últimas semanas, o parlamentar trocou a postura de “articulador”, defendida até antes da prisão do ex-presidente, pela tentativa de se apresentar como militante bolsonarista, com maior engajamento nas pautas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e a obstrução violenta no Congresso.

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<a href="https://opopular.com.br/politica/estrategia-de-daniel-vilela-mira-em-atalho-eleitoral-1.3292716" target="_self">Estratégia de Daniel Vilela mira em 'atalho eleitoral'</a> 
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<a href="https://opopular.com.br/politica/governo-lanca-canal-digital-onde-populac-o-pode-acompanhar-consultas-exames-e-mais-servicos-na-area-da-saude-em-goias-1.3286666" target="_self">Governo lança canal digital onde população pode acompanhar consultas, exames e mais serviços na área da saúde em Goiás</a></div>

Apesar da apresentação de contexto de embate contra a extrema-direita, cientistas políticos avaliam que o caminho para Daniel Vilela não deverá seguir pela disputa ideológica contra Wilder. Como informado pelo Giro, o alinhamento público do vice com a pauta, pelas redes sociais, passou apenas por avaliação pessoal do emedebista em ato considerado por aliados como “pontual”. Governistas apostam no discurso de continuidade, sem a busca direta dos eleitores radicais.

Para o professor de ciências sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), Guilherme Carvalho, o peso das pautas nacionais influencia para que cada vez mais o estado tenha situação de polarização entre candidatos à direita do espectro político. “Isso constrange candidatos do centro a se apresentarem dessa forma mais radical também. A vantagem desse tipo de político, como Daniel Vilela, é que eles conseguem fazer essas viradas de chave. A grande questão é transparecer originalidade”, aponta.

<div attr-cid="policy:1.3301219" attr-version="policy:1.3301219:1755514781" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3301219" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3301219', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3301219">Daniel Vilela (1.3301219)</a></div>

O professor considera que ainda não é possível determinar o tamanho ou a expressão do eleitorado de centro em Goiás, mas considera que essa fatia comporta “viradas” à esquerda ou à direita, “a depender de como estão os ventos da política nacional”.

<cite>Sendo assim, Daniel Vilela tem um campo para percorrer e a disputa dele não é necessariamente da direita e da extrema-direita. O campo dele é na direita e no centro. Neste cenário, é possível termos uma reedição do que aconteceu em Goiânia, com o Daniel Vilela de um lado e com Wilder, de outro”, considera o especialista.</cite>

A possibilidade de repetição do enfrentamento entre caiadismo e bolsonarismo, protagonizado por Sandro Mabel (UB) e Fred Rodrigues (PL) na disputa pela Prefeitura de Goiânia em 2024, também é apontada pelo professor da PUC/GO, Pedro Pietrafesa. “Esse enfrentamento deve acontecer mesmo com a tentativa de aproximação do Ronaldo Caiado com o campo bolsonarista nos últimos meses. As lideranças do PL em Goiás desejam a disputa local, como aconteceu no ano passado”, afirma.

Pietrafesa considera que o vice-governador deverá incluir em seu discurso a busca por aproximação com o eleitorado de direita. “Ele vai ter que fazer alguns acenos para se posicionar nesse espectro e dizer que ele abraça algumas bandeiras de extrema-direita, apesar de o MDB ser um partido de centro. O partido tem características diferentes em cada estado e, em Goiás, vai ser preciso fazer uma adaptação desse discurso, que é algo já realizado desde a adesão ao governo Caiado”, avalia.

Já Guilherme Carvalho indica que Daniel Vilela deverá manter discurso ao centro com a aposta na defesa da continuidade da gestão estadual, sem se pautar, diretamente, pelos fatos da política nacional. “Não faz sentido para o Daniel ficar tentando emular um candidato de direita, porque isso não passa seriedade para aquele eleitor mais ideológico, que tende a caminhar com quem for apontado como candidato do bolsonarismo em Goiás.” 
 
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Para o cientista político, o vice-governador vai contar com maior musculatura de campanha, por ter base consolidada de partidos, prefeitos e lideranças. “Até o momento, essa base não parece que vai se fragmentar, mas isso deve acontecer em algum tempo e o governo vai perder alguma estrutura rapidamente a partir do fim deste ano. Daniel vai definir com quais alianças ele poderá contar. Mesmo assim, ele deve ter uma tropa muito bem engajada”, diz.

O professor aponta, no entanto, que a estrutura da máquina estadual não significa que Daniel Vilela abrirá mão de usar o discurso ideológico. “Essa parte, no entanto, deverá ser uma reprise do discurso ideológico de Ronaldo Caiado. O Daniel tem de apostar na continuidade do governo e tem mais facilidade para isso.”

O caminho do vice, segundo Guilherme Carvalho, é tentar “emplacar” a relação com o governo bem avaliado de Caiado, a exemplo do que pregou Sandro Mabel durante a disputa em Goiânia. “As pesquisas de avaliação indicam que a população não quer que o governo acabe e isso abre ampla margem para o discurso de continuidade, mas não é suficiente para vencer a eleição. Daniel Vilela vai precisar reunir uma série de outros elementos, mas tudo também dependerá do destino do bolsonarismo, que ainda é incerto.”

De acordo com Pedro Pietrafesa, Daniel Vilela precisará apresentar não apenas a continuidade do governo Caiado, mas ideias que o coloquem como o candidato mais novo e que possa trazer algum tipo de renovação para o governo de Goiás. “É uma continuidade com essas particularidades a partir do perfil do candidato.”

<h2>Outro lado</h2>

Os especialistas ainda consideram que a ausência de viabilidade prática de uma eventual candidatura de centro-esquerda no estado reforça a tendência de polarização entre nomes da direita.

<cite>Vai ser muito difícil a centro-esquerda lançar uma candidatura tão competitiva quanto Daniel Vilela ou Wilder Morais, por terem as estruturas do caiadismo e do bolsonarismo”, aponta Pedro Pietrafesa.</cite>

Segundo o professor, no caso do PT, o lançamento de chapa própria do partido e aliados terá importância para manter um palanque da eleição presidencial no estado e a busca por vagas de deputado estadual e federal. “Não é viável, pelo cenário atual, disputar efetivamente o governo estadual”, avalia.

Já o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) mantém aberta a possibilidade de disputar o governo pela quinta vez, mas sofre com a desestruturação política acumulada desde 2018.

<cite>Apesar de ser um nome tradicional, ainda não está no nível de concorrer com o candidato do Caiado ou o candidato bolsonarista. Pode haver uma movimentação para reorganizar o PSDB no estado, que está muito enfraquecido, mas seria um projeto com menor capacidade de conquistar os votos da direita”, afirma Pedro Pietrafesa.</cite>

Daniel Vilela deve enfrentar maior polarização na direita

Política

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Matéria - Política

Eleições 2026

O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Goiás, Gilvane Felipe (Cidadania), afirma que os embates do governador Ronaldo Caiado (UB) e aliados com o órgão têm motivações políticas. Especialmente a tentativa de desgastar a gestão do presidente Lula (PT) e o incômodo com o seu trânsito entre a esquerda e o centro.

“Sem querer supervalorizar meu peso na política em Goiás, creio que o que incomodou mesmo Caiado e o fez me escolher como inimigo foi o movimento que eu e meus companheiros de ideais no Cidadania empreendemos rumo à esquerda, dentro da perspectiva da formação de uma frente ampla no estado”, avalia.

Ele continua: “Por minha trajetória junto à esquerda e junto ao governo Marconi (Perillo, do PSDB), acabo tendo interlocução tanto com a esquerda, quanto com o centro, o que me posiciona como um dos intermediários nesse processo. Creio que este seja, no fundo, o motivo de Caiado tentar me desestabilizar à frente do Iphan.”

Leitura

Gilvane aponta que o ponto de partida de sua “reflexão” é a percepção de que Caiado “requentou polêmicas” sobre o Cavalhódromo de Pirenópolis, o 6º Batalhão da Polícia Militar (BPM), em Goiás, e “lançou uma nova”: a Igreja da Boa Morte, também na antiga capital.

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Linha do tempo

“Todos esses temas de controvérsia datam de antes do meu ingresso no órgão”, completa Gilvane Felipe.

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Resistência

O superintendente do Iphan afirma que o órgão “resistirá”. “Na história aprendemos que todo líder autoritário se volta contra órgãos de fiscalização e tudo aquilo que venha a limitar sua fome incontrolável de poder absoluto”, dispara.

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Aliás...

Passou a circular nas redes uma animação feita por inteligência artificial que associa a atuação do Iphan no caso do Cavalhódromo à ligação entre Gilvane e Marconi. “Então, Iphan, libera logo. E Marconi, sai da frente”, diz a locução.

<img attr-cid="policy:1.3301165" attr-version="policy:1.3301165:1755479121" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3301165/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Memória - Grafite faz homenagem às vítimas do césio 137. A frase foi escrita em muro localizado na Rua 57, no Centro, onde morava a família da menina Leide&nbsp;das&nbsp;Neves. O acidente completará 38 anos em setembro (Diomício Gomes / O Popular)

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Terras raras

A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), em parceria com a Unesco, vai investir R$ 750 mil no mapeamento de minerais críticos, como terras raras. O mineral ganhou os holofotes do mundo por ser essencial à produção de motores de carros elétricos, telas, celulares e equipamentos militares de alta tecnologia.

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Pontapé

A Secti lançou um termo de referência para estruturar um Cluster Produtivo Inovador de Mineração em Goiás. O projeto prevê a entrega de cinco produtos técnicos ao longo de 230 dias para o desenvolvimento de soluções para o setor que combinem inteligência de mercado, inovação tecnológica e sustentabilidade.

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Nacional

O Governo de Goiás publicou anúncio de uma página na edição de domingo (17) do jornal O Globo. A peça repete o discurso de Caiado de que blindagem de automóvel e segurança privada são negócios que não prosperam no estado. Saiu ao lado de reportagem sobre a movimentação de governadores de direita de olho no Planalto.

Pergunta para:

Zacharias Calil 

Deputado federal pelo UB

<img attr-cid="policy:1.3301163" attr-version="policy:1.3301163:1755478731" class="p-smartimage" src="/image/policy:1.3301163/image.jpg?f=default&amp;w=400&amp;q=1" /> 
Zacharias Calil (Carlos Cunha)

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Como avalia a possibilidade de desembarque do União Brasil do governo federal?

Sempre defendi isso. A gente é de direita e fica apoiando o governo? Que negócio é esse? Não tem condição ficar com o governo federal se temos um pré-candidato a presidente da República, que é o governador Ronaldo Caiado. Tem de ser imediato. Eu defendo que já nesta convenção o desembarque aconteça na convenção de terça (19). 

Arremate:

Pausa - Nesta semana, não haverá edição do Jackson Abrão Entrevista. O programa volta na próxima segunda-feira (25).

Em São Paulo -&nbsp;A vereadora Aava Santiago (PSDB) participará nesta segunda-feira (18) da 1ª Reunião do Conselho Consultivo da Bancada do Clima. O encontro marcará o início de um trabalho colaborativo que reúne parlamentares, gestores públicos, acadêmicos e organizações da sociedade civil de todo o País.

Aniversário I -&nbsp;O Senado realizará, na quarta-feira (20), uma sessão especial em comemoração aos 69 anos do Gabinete de Representação do Estado de Goiás em Brasília.

Aniversário II -&nbsp;O Hemocentro completa 37 anos nesta segunda.

Gilvane diz que incômodo de Caiado com Iphan é por sua defesa de frente ampla

Opinião

Matéria - Coluna Giro

Giro

Desconformidades

O governador Ronaldo Caiado (UB) enviou à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) 61 vetos a projetos de deputados estaduais ao longo do primeiro semestre deste ano. O número mantém a rotina de impedimentos do Executivo a projetos avaliados como inconstitucionais ou com vício de origem pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e pela Secretaria de Estado da Casa Civil.

A quantidade de desconformidades em 2025, até agora, segue a média de 2024 e representa quase metade dos 123 processos enviados entre janeiro e dezembro do ano anterior. Apesar disso, o governo aponta redução gradativa do número de indeferimentos, que chegou ao maior patamar em 2023, quando houve a negativa de sanção a 284 projetos de parlamentares (veja o quadro).

A retomada dos trabalhos no segundo semestre foi logo marcada por reação do líder do governo, Talles Barreto (UB), que avisou, em discurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que não pretende mais “fazer média” com os colegas. A afirmação faz referência aos acordos internos entre os parlamentares que garantem voto favorável em apreciações em troca de apoio aos próprios projetos, sem considerar a legalidade das propostas.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/politica/estado-quer-renovar-incentivos-fiscais-com-renuncia-de-r-11-3-milh-es-1.3299405" target="_self">Estado quer renovar incentivos fiscais com renúncia de R$ 11,3 milhões</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/recorde-de-vetos-marca-populismo-legislativo-1.3144285" target="_self">Recorde de vetos marca 'populismo' legislativo</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/assembleia-vai-arquivar-projetos-de-n-o-reeleitos-1.3038564" target="_self">Assembleia vai arquivar projetos de não reeleitos</a></div>

O líder antecipou o provável veto a um projeto que acabou aprovado pela CCJ, que buscava alterar procedimentos da Secretaria de Saúde no tratamento de fibromialgia. “Evidentemente esse projeto vai ser vetado porque implica em impacto financeiro. É óbvio que ele tem vício de origem. Eu não vou indagar e vou deixar correr”, disse Talles Barreto, que registrou o único voto contrário à matéria.

“A CCJ não pode ficar aprovando tanta coisa de projetos com vício de origem e inconstitucionais. A gente tem que tomar uma providência. Está passando tanta coisa aqui para fazer média. Acho que descredencia o nosso trabalho aqui”, reclamou o líder logo após a aprovação do texto, ainda na primeira reunião da comissão neste segundo semestre.

Em nota, a Casa Civil aponta que a quantidade de <a href="https://opopular.com.br/politica/recorde-de-vetos-marca-populismo-legislativo-1.3144285" target="_self">vetos do Executivo</a> a projetos de lei da Alego tem diminuído significativamente. A pasta compara o número de impedimentos impostos pelo governador entre janeiro e agosto de 2024, quando houve um total de 94 vetos a projetos aprovados pelo Legislativo, com 57 totais e outros 37 parciais. No mesmo período de 2025, a soma dos vetos é 61, sendo 47 totais e 14 parciais.

Além de questões técnicas e matérias que são consideradas “inoportunas” pelas secretarias estaduais, as principais justificativas para os vetos são baseadas em diferentes motivos de inconstitucionalidade. Os mais comuns se referem à busca dos parlamentares pela criação de novos programas ou providências, que demandam gastos adicionais do Executivo. Nas justificativas encaminhadas à Alego, a PGE aponta que a indicação de despesas e ações concretas gera inconstitucionalidades formais e materiais.

Manifestações da pasta ao longo do ano também definem que as iniciativas interferem na separação constitucional dos Poderes e na autonomia do governador de estado, além de tentar interferir indevidamente na atribuição e funcionamento da administração. Outro argumento constante nos vetos se baseia na falta de estimativa do impacto orçamentário-financeiro, o que descumpre a Constituição Estadual e impossibilita a análise da viabilidade da proposição.

<a href="http://opopular.com.br/canal" style="color: rgb(0, 136, 204); text-decoration-line: none; font-family: &quot;Lucida Grande&quot;, &quot;Lucida Sans&quot;, geneva, arial, sans-serif; font-size: 12px; background-color: rgb(238, 238, 238);" target="_blank">🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp&nbsp;</a>

<h2>Acordos políticos</h2>

Em resposta ao líder do governo no episódio sobre o projeto que seria inconstitucional, o presidente da CCJ, Amilton Filho (SD), solicitou que os deputados sorteados como relatores, devem “se atentar a essa questão e às orientações da procuradoria da Casa”.

Ao POPULAR, o dirigente do colegiado admitiu interesse político entre os deputados estaduais para que os projetos sejam aprovados já que a análise, segundo ele, é técnica e jurídica, mas “também política”. “Muitas boas ideias demandam recursos do governo, como a ampliação de determinados atendimentos de saúde ou a criação de programas e políticas públicas. A gente faz essa análise jurídica, mas também política. Muitas vezes o projeto, mesmo vetado, levanta um debate importante”, afirma Amilton Filho.

Talles Barreto tem assumido o diálogo com as secretarias da Casa Civil e de Relações Institucionais, que são consultadas previamente sobre a possibilidade de veto a determinadas matérias em trâmite no Legislativo. “A gente ainda está trabalhando para melhorar isso, para que os projetos aprovados pela CCJ sejam de fato constitucionais. Buscamos também a orientação junto aos assessores dos deputados para evitar a apresentação desses projetos”, afirma o líder do governo.

A Casa Civil considera o total de autógrafos de lei analisados para apontar uma tendência de redução dos vetos do governador. Segundo a pasta, foram 464 até agosto de 2024 e 410 autógrafos de lei processados no mesmo período deste ano. “Apenas 47 receberam veto total, ou seja, só 11% das propostas aprovadas na Alego foram totalmente vetadas pelo governador”, in forma na nota.

<h3>Motivações</h3>

A secretaria aponta que os vetos, apesar de em tendência de redução, se baseiam em “motivos consistentes”. De acordo com a Casa Civil, alguns projetos não são sancionados pelo Executivo, em primeiro lugar, por conta dos “vícios de inconstitucionalidade”, principalmente por “projetos de iniciativa parlamentar não observarem a competência privativa do chefe do Executivo determinada pela própria Constituição”.

Outra causa recorrente da ação, segundo o apontado pela secretaria, é a “proposição de despesa obrigatória sem a estimativa dos impactos financeiro e orçamentário”, o que contraria a Constituição Federal e também a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Por fim, a Casa Civil ainda indica que “respeita a autonomia do Legislativo e sempre acompanha com interesse as propostas dos parlamentares. Soma-se a isso a firme disposição de colaborar com eles quando é previamente consultada”.

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Caiado vetou 61 projetos de deputados no 1º semestre

Assembleia Legislativa

O senhor participou da Reunião do Fórum Nacional de Governadores da COP-30, em Belém (PA). O que Goiás deverá levar para a conferência?Haverá espaço para que os estados possam se apresentar na COP30, mas isso deve estar sendo conduzido pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad), imagino eu, ou pela própria Secretaria Geral de Governo (SGG). Isso não foi tema da discussão do Consórcio dos Governadores ontem. Mas eu mostrei lá, por exemplo, os dados que envolvem o Estado de Goiás. Os dados são de que o bioma que mais apresentou redução de desmatamento foi o Cerrado, e, ao mesmo tempo, a região Centro-Oeste é a que vem alavancando cada vez mais o crescimento e o aumento da produção no país. Só esses dois dados representam o desenvolvimento sustentável aqui da nossa região, da região que mais produz para o país. O senhor falou em defesa do agro goiano como vitrine para a produção sustentável...Eu levei essa contribuição no sentido de que a gente possa, quem sabe, não só estabelecer uma presença durante os dias lá em Belém, mas para colocar o Estado de Goiás à disposição para recebê-los aqui e poder apresentar essa produção agropecuária sustentável, que alia alta produtividade à preservação ambiental, que hoje é muito evidente e de referência para o mundo todo. Essa foi uma sugestão para a agenda geral da COP. Qual é o grande desafio, o grande questionamento que todos os governos subnacionais defenderam lá? Que a gente possa discutir mais desenvolvimento dentro da agenda ambiental e menos imposições, restrições. Até porque nós entendemos que nós temos uma das melhores legislações do mundo e que nós temos hoje uma série de razões para demonstrar o quanto o Brasil produz de forma sustentável, né?O senhor também sugeriu que a COP incluísse na pauta a discussão sobre terras raras, para agregar valor de forma sustentável. Como que o senhor acha que é possível fazer essa discussão levando em conta que a mineração é um ponto sensível na questão ambiental?A mineração é um ponto discutido em todas as COPs e terras raras é um minério que hoje está bastante atual na discussão, inclusive geopolítica. Goiás tem a primeira planta em operação de extração das terras raras, lá em Minaçul, e já com um projeto bastante avançado para início de 2026, 2027, na cidade de Nova Roma, no Nordeste do Estado, e com uma extração bastante sustentável. O projeto de Nova Roma, inclusive tem uma planta piloto em Aparecida de Goiânia, ele só utiliza água para fazer extração e 95% da água utilizada é reutilizada. Então, é um caso bastante proveitoso de mineração e ambientalmente adequado. A a gente pode apresentar ao mundo mais esse case de produção sustentável que o Goiás.A gente sabe que o bioma amazônico vai estar em evidência, mas como o senhor acha que o bioma Cerrado deverá ser representado na COP pelo nosso Estado?Eu pontuei também a necessidade de discutir e apresentar os demais biomas. O Mato Grosso do Sul falou muito sobre o Pantanal, e ele, junto com com o Cerrado, são biomas que precisam ser discutidos na COP. O mundo todo fica bastante focado na discussão sobre Mata Atlântica, Floresta Amazônica, e acaba esquecendo desses biomas. Eé predominantemente no Cerrado que nós temos tido o aumento significativo da produção, ao mesmo tempo, garantindo uma atuação ambiental que também serve como referência. Então, acho que a gente tem que defender também a inclusão do debate sobre o Cerrado.A agenda do combate às mudanças climáticas é uma preocupação do governo estadual?Sem dúvida nenhuma. Ele não é só do governo, é do produtor. Quem sofre os maiores impactos do ponto de vista de produção é o próprio produtor rural. A chuva, a falta dela, o calor intenso, tudo isso reflete a redução da produção. Então, nós temos que mostrar isso ao mundo também, que quem mais sofre os impactos do ponto de vista de negócio é o próprio produtor. Nós temos hoje a nossa lei de Desmatamento Zero, que foi assinada no ano passado pelo governador Caiado. Nós temos aí um outro dado muito interessante, em que 100% dos alertas do MapBiomas foram autuados e multados.Primeiro ano na história que todos os alertas são autuados e multados. O governo está fazendo a sua parte no sentido de coibir e impor as penalidades àqueles que são desobedientes às regras ambientais.Recentemente vimos notícias de estudos apontando que o Brasil vai ficar inabitável até 2070 por causa do calor, ou até mesmo especialistas dizendo que o Cerrado vai acabar, vai ficar inabitável. O senhor acredita nesses alertas? É evidente que o mundo inteiro passa por mudança climática. Agora, o Brasil, de uma forma diferente do que é propagado, principalmente pela União Europeia, ele tem, se não me engano, 87% da sua vegetação preservada. E ficam colocando como se nós fôssemos o grande problema em relação a isso. O grande problema são os combustíveis fósseis, que são intensamente utilizados pelos países desenvolvidos, e nesse quesito também o Brasil é referência, porque ninguém tem um parque energético tão lindo quanto o Brasil. Outro dado importante: o Brasil representa 3% das emissões de carbono no mundo todo. O governador Mauro Mendes (MT) fez até uma explanação interessante. Se não existisse nada no Brasil, nenhuma cidade, nenhuma pessoa, nenhum animal, nós teríamos a importância de 3% da emissão de carbono no mundo todo. Então, não somos nós que estamos gerando isso, e a COP tem que pedir para cobrar exatamente de quem são os grandes contribuintes das emissões de carbono no mundo.Qual a posição dos governadores de direita em relação à COP30, evento realizado pelo Governo Federal? Há alguma possibilidade de boicote por parte de alguns governadores?Não, não. Eu não vejo absolutamente nada nesse sentido. Há uma unidade dos governadores no sentido da defesa de Belém como sede da conferência, que é mundial. Ontem foi apresentado todo o planejamento pelo governador Helder Barbalho nos deu a garantia de que vai ser um sucesso sobre todos os aspectos. A grande discussão entre todos os governadores, independente de questões ideológicas, é exatamente que a gente possa ter uma COP que seja produtiva, que seja positiva e não fique apenas em discussões que não vão encontrar soluções para os problemas reais das mudanças climáticas. Essa é a grande união dos governadores nesse sentido. Independente de questões políticas, todos querendo que nós tenhamos uma COP que seja efetiva.Belém está enfrentando o problema por conta do alto preço da hospedagem. Goiânia corre o risco de viver algo parecido durante o Campeonato Mundial de Motovelocidade (MotoGP), que será realizado no ano que vem aqui na capital?Ontem o governador Helder Barbalho mostrou que nós teremos em Belém o dobro daquilo que foi solicitado lá no Azerbaijão. Tem o dobro de leitos já ofertados. E da mesma forma será em Goiânia. Nós não temos dificuldade nenhuma em encontrar soluções. Inclusive, vamos buscar a expertise que Belém construiu para que a gente possa garantir isso tudo também para esse grande evento na nossa capital.

"Que a gente possa discutir mais desenvolvimento e menos imposições", diz Daniel Vilela sobre COP30

Cidades

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Matéria - Cidades

Entrevista

WEBSTORIES CAIADO X LULA

O governador Ronaldo Caiado garante que o União Brasil (UB) vai anunciar a saída de filiados de cargos no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na terça-feira (19), na convenção do partido para oficializar a federação com o Progressistas, fechada em abril. A pauta da convenção extraordinária conjunta com o PP, que ocorrerá em Brasília, prevê apenas votação da federação e de seu estatuto, mas Caiado afirma que há acerto para inclusão do <a href="https://opopular.com.br/politica/lula-se-descola-de-bolsonaro-michelle-e-ratinho-e-empata-com-tarcisio-em-cenario-de-2026-aponta-quaest-1.3289221" target="_self">desembarque da gestão petista</a>.

“Já está decidido. Vai ter votação, lógico. Vai ser constituída a federação, depois vai ser colocada na pauta esta votação, e vai sair todo mundo que é filiado”, afirmou o governador ao POPULAR, após evento no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, nesta quinta-feira (14). A saída do governo é reivindicação antiga de Caiado, que trabalha a pré-candidatura à Presidência da República em oposição a Lula.

O UB tem três ministérios, mas apenas um indicado é filiado - Celso Sabino, do Turismo. Os outros dois integrantes do primeiro escalão são apadrinhados do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP): Waldez Góes, da Integração Nacional, e Frederico Siqueira, das Comunicações. O primeiro é filiado ao PDT e o segundo não tem legenda.

<ul>
	<li>Ouça na CBN Goiânia os próximos passos de Caiado rumo à presidência:&nbsp;<a href="https://www.cbngoiania.com.br/cbn-goiania/papo-politico/de-olho-em-2026-caiado-se-articula-sobre-iminente-federac-o-entre-uni-o-brasil-e-pp-1.3299949" target="_blank">De olho em 2026, Caiado se articula sobre iminente federação entre União Brasil e PP</a></li>
</ul>

Questionado sobre os dois casos, Caiado disse que a ordem será apenas aos correligionários: “Esses não estão no partido. Vai sair todo mundo que está no partido”.

A direção nacional do UB não confirmou que haverá a inclusão do desembarque na pauta da convenção, mas o presidente do partido, Antonio Rueda, <a href="https://opopular.com.br/politica/lula-massacra-candidato-unico-da-direita-diz-caiado-1.3298954" target="_self">intensificou as críticas a Lula</a> nas últimas semanas e disse ser remota a chance de apoio à reeleição do petista. Caiado já havia dito no dia 1º de agosto que Rueda concordou com a entrega dos cargos.

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<a href="https://opopular.com.br/politica/lula-massacra-candidato-unico-da-direita-diz-caiado-1.3298954" target="_self">Lula 'massacra' candidato único da direita, diz Caiado</a> 
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“Não pode montar a pauta (com proposta de saída do governo) antes de constituir a federação. Mas, depois de constituída, vai ser montada a pauta. Na mesma hora, tão logo aprove a federação, pauta e define: o partido sai do governo”, afirmou Caiado nesta quinta.

O presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, também diz que a saída do governo será discutida na convenção de terça-feira. Segundo ele, após a aprovação oficial da federação, haverá reunião das bancadas para definir a entrega de ministérios. Ciro defende o desembarque. O PP tem o Ministério do Esporte, com André Fufuca, e o comando da Caixa Econômica, com Carlos Antônio Vieira Fernandes, indicado pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL).

Enquanto líderes do UB e PP intensificam a pressão pelo afastamento do governo, o presidente Lula reuniu os três ministros da cota do UB no dia 29 de julho para manifestar insatisfação com declarações de integrantes da cúpula do partido.

O encontro ocorreu dias depois de críticas de Rueda ao comportamento do governo federal diante do tarifaço anunciado pelos Estados Unidos. O líder do UB no Senado, Efraim Filho (PB), também fez ataques ao governo Lula, participou de inauguração da nova sede do PL na Paraíba ao lado da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e se disse disposto a entregar seus cargos.

No encontro com o presidente, os ministros teriam dito que pretendiam permanecer no governo e Lula sinalizou que trataria do assunto com Alcolumbre e com Rueda. Nos bastidores, o presidente do Senado também vem articulando permanecer com os dois ministérios como de cota pessoal, enquanto o partido forçaria a saída de Sabino.

Rueda afirmou recentemente que o UB trabalha hoje com duas possibilidades - candidatura própria ou uma composição com grupo de direita. No entanto, na última segunda-feira (11), ele disse à Folha que se dispõe a conversar com Lula se for chamado. “O presidente da República me chamando eu tenho que ir. Se ele faz uma deferência dessa, não tenho como não atender”, disse.

O governador defende internamente o rompimento do governo desde de junho do ano passado, quando trabalhou para que Rueda assumisse o comando nacional do partido, no lugar de Luciano Bivar. Depois passou a afirmar que a permanência nos ministérios estava mais relacionada a questões locais do partido e que não representava o desejo da maioria.

Depois do anúncio da federação, em abril, e com a posição da cúpula do PP a favor do rompimento, Caiado passou a intensificar as articulações contra a permanência. A queda da popularidade de Lula e a oposição da maioria da bancada federal também ajudaram a fortalecer o discurso internamente, apesar de Alcolumbre manter proximidade com o governo.

No dia 1º de agosto, Caiado, em entrevista ao Globo, afirmou que o assunto seria tratado na reunião seguinte da Executiva nacional do partido e defendeu como necessária a “ruptura definitiva”. Na opinião do governador, a sigla não poderia continuar com “posição híbrida”.

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<h2>Queixas</h2>

O governador voltou a criticar o governo Lula em entrevista coletiva no Palácio, em evento de apresentação de projeto de construção da Casa Ronald McDonald em Goiânia, em área próxima ao Complexo Oncológico de Referência de Goiás (Cora). Ele reafirmou queixas sobre falta de repasse de recursos para custeio da saúde por parte da União.

“(A reclamação) Vai até o dia em que a gente derrotar o Lula. Ele não tem sensibilidade alguma. O que se pode esperar? Já estamos com gasto orçamentário de 17% (na saúde), quando a obrigação é 12%. O governo federal concentra arrecadação e cada vez repassa menos. Os Estados estão sufocados e o governo só sabe arrecadar. Mas 14 meses (até a eleição) passam rápido”, disse o governador.

Caiado recebeu no Palácio representantes do Instituto Ronald McDonald para apresentação da estrutura para acolher familiares de pacientes durante tratamento. Serão 22 apartamentos, com investimentos previstos de R$ 22 milhões, custeados pela empresa Marfrig.

Diante da previsão de construção em dez meses, Caiado brincou que gostaria que uma parte fosse agilizada para entrega antes de ele deixar o governo, em 31 de março do ano que vem, prazo para renúncia de candidato, conforme regras da legislação eleitoral.

Caiado diz que UB deixa gestão Lula na terça (19)

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