No último confronto direto do segundo turno, os candidatos à Prefeitura de Goiânia minimizaram a apresentação de propostas e focaram em ataques e acusações entre si e sobre os grupos políticos de cada um, em debate na TV Anhanguera, realizado nesta sexta-feira (25). Em quase duas horas e com regras que permitiram a troca direta de hostilidades, o ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL) e o presidente licenciado da Federação das Indústrias de Goiás, Sandro Mabel (UB), deixaram de debater diretamente a cidade mesmo nos blocos com temas definidos.1º BlocoCom temas livres, Sandro Mabel abriu o debate com pergunta genérica sobre quais ações o adversário executaria para “resgatar a cidade” logo nos primeiros dias de mandato, caso seja eleito. Antes da pergunta, no entanto, o candidato do União Brasil fez crítica indireta à falta de experiência de Fred, ao apontar que, a gestão de um “prefeito inexperiente”, em referência a Rogério Cruz (SD), transformou Goiânia em “um caos”. Proposta para resgatar nossa cidade nos primeiros diasAo rebater, Fred retrucou com apontamento de que faria o oposto do que é feito na atual administração e buscou relacionar o concorrente à gestão de Cruz, com retomada da eleição de 2020, em que Rogério foi eleito vice-prefeito na chapa com o MDB, que agora apoia Mabel. Citou ainda o apoio recebido por Mabel de vereadores e lideranças que compuseram a base aliada à gestão, além da passagem de Sandro pelo Republicanos.Ao contrapor o bolsonarista, Mabel repetiu a expressão “grupo político”, usado pelo adversário, para disparar críticas a Fred e ao deputado federal Gustavo Gayer (PL), que foi alvo de mandados de busca e apreensão nesta sexta-feira (25), por suposto esquema de desvio de verba do gabinete na Câmara Federal. Ao citar a investigação, Sandro disse que o grupo de Fred “assalta” e “faz maracutaia”.Na sequência, o candidato governista repetiu citação bíblica para “falar para os cristãos” e disse que “o pai da mentira é o diabo”, antes de completar com “o ditado popular que diz que quem mente rouba”. Em resposta, Fred tentou ironizar as falas do adversário e afirmou que “tudo o que ele tem para apresentar na gestão pública é envolvimento em escândalos”. O candidato do PL foi quem antecipou a citação à falta de diploma universitário. “Ele fala que a gente não tem diploma, mas ele tem vários. Ele é um PhD em ter o nome dele envolvido e citado em rolos”, disse.O ex-deputado estadual ainda buscou sair da defensiva com acusação de que Mabel teria se apropriado, em sua casa, de um sistema com equipamentos de vídeo da Federação das Indústrias de Goiás (FIEG), no valor de R$ 15 mil. O empresário não respondeu imediatamente, voltou a questionar a capacidade de Fred para falar sobre honestidade e alegou que o sistema teria sido levado para sua residência na pandemia, para participar de videoconferências.O governista seguiu com questionamentos sobre a assinatura de Fred em documento necessário para a nomeação como Diretor de Promoção de Mídias Digitais na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), em que o ex-deputado confirmava ter ensino superior completo. Fred disse ter ficado “muito feliz” com a abertura de sindicância na Alego sobre o caso. “Eu quero saber o que aconteceu ali, porque me falaram que não precisava de diploma de curso superior para assumir tal cargo. E ontem fiquei sabendo que foi aprovada uma resolução para dispensar o cursos superior para os diretores. Sou o maior interessado em receber aquilo ali porque o meu diploma nunca foi requisitado”, disse Fred.2º BlocoNo primeiro momento com temas pré-determinados à disposição para a escolha dos candidatos, Mabel começou com a repetição da pergunta sobre o Fred faria logo nos primeiros dias na Saúde. O nome apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apontou que terá “autonomia por não ter conchavo”, principalmente para corrigir problemas no IMAS, com reforço na equipe de administrativos com “pessoas técnicas” e renegociação de contratos.Já o governista afirmou que terá “credibilidade” e o “carimbo Sandro Mabel” no IMAS. Prometeu colocar o instituto “para funcionar” nos primeiros dois meses de uma eventual administração, “com uma arrumada geral”, além de perguntar se o bolsonarista sabia o tamanho da dívida da Secretaria de Saúde. Fred ignorou o questionamento e ironizou o “carimbo” e a alegação sobre “credibilidade” do adversário, ao retomar suposto envolvimento de Sandro em investigações. Em resposta, Mabel passou a dizer que não tem processo ou condenação e, ao voltar a fazer citação bíblica, foi interrompido por Fred, que discutia a inclusão de valores cristãos no discurso do concorrente, e que ele não passava de “um personagem” que “utiliza o cristianismo”.Depois da discussão, Mabel repetiu ataques e acusou Fred de ter “roubado na Alego”, por ter recebido os salários do cargo de diretor sem ter o diploma de ensino superior. Fred pediu direito de resposta sobre a acusação, que não foi concedido. Durante o tempo de fala no debate, o ex-deputado estadual questionou a credibilidade de Sandro e questionou qual seria a “ficha corrida” citada por Caiado durante embate mantido com Mabel durante a pandemia.Em segundo momento, Fred escolheu o tema “trânsito” para questionar fala de Mabel, que tratou a doutora em transportes, Erika Kneib, como “uma mulher” e provocou: Porque o senhor não respeita as mulheres?”. Em resposta, o governista fez comparação entre os planos de governo e disse ter 30 propostas para as mulheres e 50 citações à palavra “mulher”, enquanto o plano de Fred teria apenas uma proposta e duas citações à palavra. O bolsonarista não rebate a comparação e retomou o caso de 1998, quando Mabel teria sido agredido na Câmara dos Deputados por ter “mexido com mulher casada”.3º BlocoNa segunda oportunidade de confronto direto e com tema livre, Fred Rodrigues perguntou sobre suposto esquema de liberação de licenças no IBAMA, com participação do então gabinete de Mabel na Câmara dos Deputados. O ex-deputado federal disse não saber do que o adversário falava e repetiu que não tem nenhum processo, antes de retomar ataques à busca e apreensão na casa e gabinete de Gustavo Gayer. Apesar do tema livre, Mabel passou a apresentar propostas sobre o sistema de Saúde da Família.Fred preferiu manter o tom dos ataques e afirmou que o adversário continuava “se enrolando e não explicando”, em “demonstração de total despreparo”. Quando tratou do assunto proposto por Mabel, Rodrigues retoma discurso e diz que “o problema da saúde é o excesso de indicações políticas”.Em nova troca de ataques, Fred intensificou a citação à decisão liminar da Justiça Eleitoral contra “uso da máquina pública para angariar apoio político por meio do oferecimento de cestas básicas”, em ação do programa Goiás Social. Mabel o acusou de ter pedido a paralisação da entrega de benefícios. 4º BlocoA acusação de uso indevido da máquina pública estadual com o Goiás Social voltou a ser enfatizada por Fred na abertura do último bloco, quando o candidato escolheu o tema “programas sociais”. O bolsonarista direciona então a primeira pegunta diretamente ligada à gestão da cidade, sobre as pessoas em situação de rua. “O que faria de diferente de sua inspiração de Rogério Cruz?”, perguntou.Mabel disse que não contrataria nem Rogério nem Fred. E que o adversário seria escolhido, no máximo, para a função de digitador, “pela experiência que tem no digital, apesar de não ter formação”. O governista ainda retomou a cobrança por propostas para as mulheres na área social e voltou a perguntar sobre Fred ter “mentido” sobre o diploma para ter cargo na Alego.O nome do PL retomou a declaração de Mabel sobre moradores de rua que “estavam proliferando” e repetiu que o adversário molda o discurso a depender do público a quem fala. O bolsonarista passou a tratar de educação, para questionar se o concorrente repetiria em Goiânia “o pacote do governo estadual”, em referência ao plano de carreira enviado pelo governo estadual para os professores. Mabel afirmou que não tem conhecimento sobre a questão que é de responsabilidade estadual porque tem estudado os problemas de Goiânia.