O deputado estadual Paulo Cezar Martins anunciou nesta terça-feira (07) que deixará o PL para disputar a reeleição à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) em 2026. O estopim para a decisão, segundo ele, foram os sinais enviados pela cúpula estadual de que o parlamentar não seria aceito na chapa da sigla, que não deverá contar com pré-candidatos em mandato ou que tenham recebido mais que 30 mil votos na eleição de 2022.A saída de Paulo Cezar do PL foi definida na última semana, quando o deputado teria sido comunicado sobre o “critério”. As insatisfações do parlamentar com a direção, comandada no estado pelo senador Wilder Morais e em Goiânia pelo deputado federal Gustavo Gayer, começaram ainda em 2022. Segundo ele, “erros” e “ineficiência” do diretório culminaram em ações contra a chapa que elegeu três cadeiras no Legislativo.Os processos, de autoria dos partidos MDB e União Brasil, além de PT, Psol e Rede, foram rejeitados nesta segunda-feira (06) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que confirmou decisão anterior do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE/GO).Além disso, o deputado reclama da exclusão das reuniões e tomadas de decisão, como a escolha de candidato para a disputa à Prefeitura de Goiânia em 2024 e as conversas realizadas pela cúpula da sigla com o governador Ronaldo Caiado (UB). Questionado se já pode ser considerado como fora do partido, Martins respondeu: “Eu nunca estive dentro do PL”.“O partido nunca me convidou para nenhuma reunião e a vida inteira os líderes estavam indo lá no Palácio conversar com o governador. Estiveram lá em todo momento e eu nunca fui questionado se estava certo ou não. Só me procuraram agora para ver os critérios para candidatura a deputado estadual. Eu entendi que estavam me convidando para sair”, disse.O deputado critica à indefinição do PL e de Wilder em relação à disputa ao governo estadual. “Eu fui um dos entusiastas da campanha do Wilder. Ele tem a estrutura do partido e poderia estar visitando três cidades por semana e elaborando uma proposta de trabalho para o estado, mas eu vejo que ele não tem nenhuma vontade e não está preocupado com isso. Ele está querendo que todo mundo apoie ele e isso não tem jeito de fazer”, afirmou.Ao mesmo tempo em que critica as conversas mantidas por Gayer e Wilder com o governador, o deputado efetiva sua própria aproximação com o Palácio das Esmeraldas. Antes de anunciar a saída do PL, Martins recebeu visita de Daniel Vilela (MDB), em agosto, na casa do deputado. O encontro ocorreu em residência que já foi do vice, em condomínio fechado às margens da GO-020.Os dois mantiveram nova conversa nesta terça-feira (07), desta vez no gabinete de Daniel, no quarto andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira. “O Daniel me procurou. Não fui eu que procurei ele. Não tenho nada contra o Daniel, é um menino bom e tivemos uma boa conversa. Vamos amadurecer as nossas ideias aí para frente”.O deputado considera o retorno ao MDB, partido pelo qual exerceu cinco dos seis mandatos na Alego, mas também cogita aderir aos quadros do PSD, por conta da concorrência na chapa do partido do vice-governador e da boa relação com o senador Vanderlan Cardoso.Martins ainda negou contradição entre a postura de oposição raivosa mantida contra Caiado e a aproximação com o emedebista. “O Caiado sempre foi contrário a nós do MDB. O Caiado dizia que, onde tinha gente do MDB, podia chamar a polícia porque só tinha ladrão. Nunca votei no Caiado e não pretendo, mas uma coisa é muito diferente da outra. O governo tem seus acertos e erros, mas eu tenho demonstrado que todas as minhas críticas foram focadas no governo e nada pessoal”, afirma.Major Araújo (PL) preferiu não comentar a decisão do colega de deixar a legenda, mas afirmou à reportagem que desconhece a imposição de qualquer critério que o exclua da chapa. Já o Delegado Eduardo Prado não marcou presença na sessão ordinária desta terça no Legislativo e não respondeu aos questionamentos. A tendência, segundo apuração da reportagem, é de que o comando do PL mantenha apenas Araújo como mandatário na chapa, enquanto Prado avalia convite de aproximação com o Palácio das Esmeraldas.