A sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Assembleia Legislativa nesta terça-feira (19) foi marcada por duras críticas ao secretário de Segurança Pública, Ricardo Balestreri. Ao microfone, o líder do governo, Francisco Oliveira (PSDB), disse que o secretário não atende os deputados e “desconhece Goiás”. “Vamos tratar disso diretamente com o governador e, ou ele nos atende, ou faça as malas e volte para onde veio”, falou.Segundo ele, ao menos cinco deputados não seriam sido atendidos por Balestreri: Lincoln Tejota (PSD), Daniel Messac (PSDB), Júlio da Retífica (PSDB), Henrique César (PSDB) e Jean (PHS). “Os deputados ligam para agendar uma reunião e pedem para mandar e-mail. Ora, onde já se viu isso?”, afirmou ao POPULAR. Na sessão, após a fala do líder do governo, Tejota relatou que tenta se encontrar com o secretário há cinco meses. “Solicitei agenda no dia 25 de abril e ainda não recebi resposta”.Balestreri, que foi defendido na sessão por Humberto Aidar (PT) e Isaura Lemos (PCdoB), falou ao POPULAR que as críticas fazem parte de um “equívoco”. “É uma tradição de Goiás que as pessoas não queiram ser atendidas por um subordinado, mas pelo secretário em pessoa e faço isso, mas é preciso entender que sou apenas um e a agenda é muito grande para o tempo disponível no dia”.O secretário diz que existe um desencontro de informações, tanto que, “dos parlamentares que falaram isso, ao menos três já têm reunião agendada na próxima semana”. “Atendo às vezes seis deputados por semana, fora prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, deputados federais e senadores. Isso fora minha agenda administrativa, que é enorme”.DesacordoA discussão começou quando Francisco Oliveira foi buscar Henrique César (PSDB) para dar quórum na CCJ e aprovar projeto que cria bônus aos professores estaduais. Ao entrar na comissão, o deputado reclamou da “bronca” e disse que estava trabalhando, “atendendo uma pessoa que precisava de UTI”.Daniel Messac (PSDB) pegou o microfone para defender o colega e disse para Francisco Oliveira: “O governo quer que aprovemos seus projetos, mas não faz nada quando secretários sequer nos atendem. Você ficará sozinho aqui”. O líder do governo deu razão a ele e citou Balestreri.As falas dos deputados vêm um dia depois de o vice-governador José Eliton (PSDB) dizer que não concorda com muitas das políticas defendidas por Balestreri. Em entrevista à coluna Giro, José Eliton, que foi secretário de Segurança, afirmou não achar, por exemplo, que a criação da Secretaria de Justiça e Sistema Penitenciário seja “uma questão fundamental”.Isso foi considerado sintomático por muitos, um sinal de que o secretário estaria perdendo espaço no governo. Ele, porém, diz não avaliar dessa forma. “Não faço análises políticas, mas essa avaliação tem pouco peso diante do que temos alcançado”, diz citando o feedback “tanto dentro da base do governo quanto da oposição”. Para ele, as posições dos parlamentares “nem sempre são articuladas com o governo”.Sobre José Eliton, Balestreri afirma que não viu a fala como uma divergência, mas com a opinião de um especialista em segurança. “É uma reflexão dele como especialista da área, o que é natural. Nuances diferenciadas não significa antagonismo. É um sintoma natural de inteligência”.