Um dia depois de o prefeito Sandro Mabel (UB) ter ido à Câmara Municipal de Goiânia para encontro fora da agenda oficial com o presidente Romário Policarpo (PRD), o primeiro-secretário Henrique Alves (MDB) e o vereador Thialu Guiotti (Avante), a sessão ordinária desta quinta-feira (21) foi marcada por ao menos 13 manifestações de parlamentares da base e independentes em defesa do líder do Governo, Igor Franco (MDB).Os vereadores conflagraram ato de desagravo a Franco, que ocorreu em meio à avaliação de que a postura do prefeito acabou fortalecendo o clima pela instalação da Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar o contrato do Consórcio Limpa Gyn. Autores do pedido agora dizem que não haverá recuo e que a instalação depende apenas da publicação da comissão no Diário Oficial do Município (DOM).Ao defender Franco, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e signatário da CEI, Luan Alves (MDB), puxou a fila dos elogios e destacou que as pautas relacionadas ao Paço sempre foram conduzidas pelo líder, apontando que “nunca foi procurado nem pela secretária de Governo nem pelo prefeito”. Alves citou como exemplo a votação do projeto que destinou R$ 10 milhões à Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), envolto em idas e vindas com o Ministério Público de Goiás (MP-GO). “Eu fui convencido pelo líder do Governo a votar com o Paço. Quero pontuar que o papel de líder do Governo vem sendo empenhado e conta com meu respeito e apoio”, afirmou o emedebista, presidente da CCJ.Após a fala de Luan, outros vereadores da base como Markim Goyá (PRD), Bruno Diniz (MDB), Denício Trindade (UB), Anselmo Pereira (MDB), Henrique Alves (MDB), Léo José (SD), Welton Lemos (SD) e Daniela da Gilka (PRTB) seguiram a mesma linha do presidente da CCJ em sequência de discursos elogiosos a Franco. Chamou a atenção o posicionamento favorável ao líder de parlamentares independentes como Coronel Urzêda, Oséias Varão e Willian Veloso (os três do PL), e Aava Santiago (PSDB).“Quero avaliar com os colegas sobre qual é o papel do líder do prefeito. Acredito que o papel do líder do prefeito não seja só levar as demandas da base do prefeito para que o prefeito resolva. O papel do líder do prefeito é diminuir os desgastes do prefeito com a Câmara independente se seja da base ou oposição. E pela primeira vez em quase cinco anos que sou vereadora, o líder do prefeito fez com que uma lei sancionada fosse realidade, por ser parceiro”, declarou Aava.Logo depois da ida à Câmara, na quarta, o prefeito afirmou em coletiva que ainda avalia a situação de Franco. O emedebista é visto como um dos principais articuladores da CEI, e aliados de Mabel dizem que sua saída da liderança é “só uma questão de tempo”, diante da incapacidade de conter a mobilização pelo avanço da comissão.“É estranho, porque a forma que eles fizeram, eles fizeram sem falar comigo, inclusive o líder não falou comigo quando foi fazer. Mas a minha preocupação com a CEI é nenhuma. Eu nunca estive aqui no governo de Goiânia, eu estou fora da política há 10 anos, então qual é a minha preocupação com o CEI? Ainda mais CEI que não é do meu mandato? (...) Mas, eu já entreguei para Jesus isso daí”, afirmou o prefeito.Diante do risco de esvaziamento da base, Mabel pretende intensificar conversas individuais com os vereadores nas próximas semanas, como revelou o POPULAR. Segundo afirmou, o novo grupo de apoio deve ter entre 20 e 23 vereadores, inferior aos atuais 27 integrantes da base. O movimento ocorre em meio ao avanço da CEI, que ameaça levar à saída de atuais aliados.AprovaçõesA reestruturação da base está ligada também ao interesse do Paço em garantir a aprovação de projetos de lei no segundo semestre, como as alterações no Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas) e medidas voltadas à Educação. Há preocupação de haver obstrução das pautas na Câmara com o avanço dos trabalhos da CEI. Lucas Kitão (UB) negou a existência de crise entre os aliados de Mabel e disse que a reestruturação da base trata-se de “questão de ajuste”. “Acho que uma base tranquila tem que ter pelo menos 25 vereadores, lembrando que as matérias de alta complexidade, leis complementares, precisam de um quórum qualificado. E é questão de ajuste mesmo. Acho que o prefeito tem todos os dias visto isso e o que eu posso dizer é isso, que tem bons vereadores aqui, tem boas vereadoras, todos eles dispostos a fazer um debate transparente”, afirmou em entrevista nesta quinta.Ao ser questionado sobre a realização dos trabalhos da CEI, o vice-presidente da Câmara, Anselmo Pereira (MDB), disse que o interesse do prefeito em desmobilizar a CEI reside no receio de travamento das pautas do Paço. “Ele está com menos de oito meses de administração. Então, ele tem uma preocupação de querer redirecionar as forças e os recursos para o melhor serviço de Goiânia. A preocupação do Sandro Mabel talvez seja de não desviar uma atenção, nesse momento, do foco principal, que é redirecionar, a meu ver, as tratativas dos gargalos que nós temos no município de Goiânia”, declarou.