O governo estadual terá pelo menos mais R$ 600 milhões para realizar investimentos em obras de infraestrutura no próximo ano. O recurso adicional terá origem na devolução do valor acumulado ao longo dos últimos três anos pela Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), mas a destinação dependerá também das indicações dos deputados estaduais, segundo anuncia o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (UB), em entrevista ao POPULAR.O valor supera o montante destinado às emendas impositivas no ano eleitoral, que chegará a R$ 567,8 milhões, divididos entre os 41 deputados. Além da participação dos próprios parlamentares, Peixoto aponta que as ações com a devolução do duodécimo já são analisadas em conjunto com o governador Ronaldo Caiado (UB) e o vice, Daniel Vilela (MDB).Segundo ele, a entrega da verba ocorrerá em parcela única até o início de 2026, mas o processo ainda depende da adesão de Goiás ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) e da consolidação do teto de gastos para o próximo ano. Além da renegociação dos débitos goianos junto à União, a entrada no programa deverá ampliar a fatia do orçamento destinada a investimentos. O presidente da Alego ainda analisou o cenário para a disputa ao governo estadual e refutou a possibilidade de retorno de Marconi Perillo (PSDB) ou de crescimento do senador Wilder Morais (PL), já que Daniel desponta como “favorito”. O deputado considera a boa avaliação da atual gestão para apostar no projeto de continuidade e evita se posicionar diretamente sobre a escolha do vice na chapa. Segundo ele, a escolha será “pessoal” do governador, já que o cargo deverá representar “a presença do Caiado na chapa”.A Alego chega às vésperas do ano eleitoral ampliando gastos com a folha, que atingiu novo recorde de comissionados, com aumento no pagamento de diárias, que mais que quintuplicaram. Isso não pode ter reflexos negativos na eleição, principalmente na sua candidatura, por ser o presidente?O que nós temos que pensar é que o índice de gasto com pessoal está em 1,28% da receita corrente líquida do estado. O limite de alerta da Lei de Responsabilidade Fiscal é de 1,35%. Aumentar o número de cargos comissionados não significa aumento da folha. Nós cortamos horas extras, gratificações, e houve redução dos salários maiores. Há aumento do número de servidores para a população e temos servidores nas 246 cidades. A Assembleia está aberta todos os dias e ampliamos o trabalho. O projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026, que começa a tramitar nesta semana, foi elaborado em meio a cobranças do governador Ronaldo Caiado por cortes de gastos em reuniões com as secretarias. Esse tom de redução também chegará à Alego?É bom que a gente toque nesse tema. A Assembleia cumpre todos os índices. O regime de recuperação fiscal é uma realidade e nós nos mantemos dentro do limite do nosso orçamento. Em menos de três anos, eu tenho em caixa o valor que construiria essa nova sede. Isso é com muita austeridade, com muita economicidade. Temos aproximadamente R$ 600 milhões em caixa e esse recurso será devolvido aos cofres do Estado, para que, em conjunto com o governador Ronaldo Caiado e com Daniel Villela, seja investido em infraestrutura para melhorar a qualidade de vida da população. A nossa gestão tem eficiência e em nenhum momento nós ultrapassamos o teto. A devolução dos R$ 600 milhões vai ocorrer ainda neste ano e em parcela única? Já existem projetos para a destinação do recurso?Nós estamos dialogando com o governador Ronaldo Caiado e com Daniel Vilela e estamos aguardando a adesão ao Propag para juntos elaborarmos a devolução do duodécimo para que seja investido em infraestrutura. Então estamos aguardando ainda a adesão ao Propag, mas a devolução seria em parcela única e com obras determinadas. A espera pela adesão ao Propag se deve pela definição do teto de gastos do estado para 2026?Exato, mas, até dia 31 de dezembro, possivelmente teremos o aceite do Tesouro Nacional. Tendo o aceite, aderindo a essa nova modalidade que é o Propag, nós vamos ampliar o recurso de investimento. Evidentemente, nós vamos sentar com o governador e com Daniel Villela, com os deputados e deputadas, para juntos definirmos as obras de infraestrutura que serão feitas com a devolução do duodécimo. Será um momento importante para todos já que, pela primeira vez na história, a Assembleia Legislativa tem esse volume de recursos em caixa. E olha que já fizemos uma devolução no início do mandato.Que obras devem ser realizadas com esse recurso?São várias as obras possíveis. Unidades avançadas do Corpo de Bombeiros Militar, reformas de delegacias, obras de pavimentação, anel viário, duplicação de rodovias estaduais, construções e reformas. Então são várias as obras. Nós queremos, juntamente com Ronaldo Caiado, Daniel Villela e com os deputados e deputadas, definirmos a devolução do duodécimo, até mesmo porque foi um trabalho de muita austeridade e muita economia que nós fizemos aqui na Assembleia, para que tenhamos esse volume de recursos em caixa. A Alego se manifestou junto ao STF sobre o Ifag. Como a Casa avalia, institucionalmente, a ADI contra esse modelo de realizar obras?Nós aprovamos leis na Assembleia Legislativa, sancionadas pelo governador, com base em uma lei federal. Então, eu não vejo óbice jurídico. Até mesmo porque, enquanto estiver vigente a legislação federal, eu entendo que esta modalidade é totalmente possível. Não vejo irregularidades na legislação aprovada pelo Poder Legislativo. Tanto que nós apresentamos a defesa com base na lei federal que tivemos como base para aprovação da legislação estadual. Portanto, não existe óbice jurídico nesse modelo. Mas esse modelo tem uma diferença importante na forma de contratação, em que a escolha das organizações não segue as regras da licitação. Isso não prejudica a credibilidade por conta da possibilidade de escolha política?Em relação à fiscalização pelos órgãos de controle, inclusive é muito mais rígida. Seja Tribunal de Contas do Estado, Ministério Público e Assembleia Legislativa. Nós acompanhamos, a par e passo, cada investimento do Estado de Goiás. Então, o rigor na fiscalização é, sim, eficiente. O modelo tem base na lei federal e todos estes investimentos em infraestrutura têm sim transparência, tanto é que a Assembleia Legislativa e o governo de Goiás têm o selo máximo em transparência, que é o diamante. Existe fiscalização rígida e controle, além da transparência. O impasse sobre as obras gerou intenso debate político, principalmente por conta da ansiedade de deputados e produtores rurais por resultados da taxa do agro. Ainda há preocupação com a falta de entregas do governo em infraestrutura?Acho que a entrega do governo está acontecendo e são obras importantes não apenas para o agronegócio, mas para toda a população do estado. São obras de relevância e com recursos em caixa. Houve a liberação das obras já contratadas em caráter de liminar e evidentemente, quem ganha com isso é a população. Então, as obras estão sim acontecendo, até mesmo porque são obras que requerem um controle, uma fiscalização, uma transparência, e o governo tem todos esses critérios e este cuidado, com a Assembleia também acompanhando. Os desgastes do governo, acumulados desde a proposta da taxa do agro, foram superados? Problemas com esse setor não podem ter reflexos para a base governista nas eleições de 2026?Hoje eu entendo que não há desgaste com os produtores. Até por que eles estão vendo a realização de obras, estão vendo os projetos sendo aprovados na Goinfra, estão vendo o recurso com total transparência e várias obras já em execução. Nós temos duas obras concluídas e várias outras em execução. Então, estão vendo que o recurso está sendo destinado exclusivamente para melhorar a qualidade de vida da população do estado de Goiás, baratear em relação ao transporte e o escoar da produção. Está acontecendo e eu vejo que nós hoje temos o apoio do agro. O senhor recebeu o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, que tem sido defendido por deputados da base como o melhor nome para a vice na chapa com Daniel Vilela. O senhor também avalia assim? Nós temos vários nomes que estão aptos, e eu cito aqui José Mário Schreiner, Adriano Rocha Lima e Pedro Sales. São nomes que têm conhecimento do governo do estado, têm conhecimento político e estão credenciados. O vice na minha opinião, será definido pelo governador Ronaldo Caiado, que será o grande cabo eleitoral para as eleições de 2026 e a proposta é clara: dar continuidade ao governo Ronaldo Caiado, com o candidato ao governo Daniel Villela, ou retroagir a governos anteriores. Hoje nós temos a segurança pública número um do país, primeiro lugar no Ideb, regionalização da saúde, programas sociais que são eficientes, reduzindo a extrema pobreza e a pobreza. Ou seja, está melhorando a qualidade de vida da população. Nós temos infraestrutura, melhoria nas rodovias, asfalto de qualidade, casas a custo zero para a população. São várias as ações que nós temos para mostrar. A possível indicação de José Mário Schneider para a vice perde força devido aos questionamentos no STF em relação às obras em parceria com o Ifag?De maneira nenhuma. José Mário Schneider foi deputado federal, tem conhecimento, tem capacidade, está preparadíssimo para ocupar a função de vice. Digo ao modo Adriano Rocha Lima, que é secretário de Estado e tem o conhecimento da máquina administrativa. Pedro Salles, que é servidor de carreira do STF, que preside a Goinfra e foi secretário de outras pastas, também tem total capacidade. Mas eu entendo que a escolha será do governador Ronaldo Caiado. Se for consultado, tem um nome preferido para a vice?Eu entendo que é algo pessoal. O Caiado tem que ter afinidade para que esse nome seja a presença do Caiado na chapa. Eu entendo assim. Tem que ser um nome definido por ele. Acredito que ficará aí entre esses três nomes, mas nós temos outros também que têm total capacidade, que são Adib Elias e Paulo do Vale. O senhor citou a comparação entre o atual governo e os anteriores. Esse será o cenário da próxima eleição?Eu entendo que nós vamos ter êxito no primeiro turno. Porque o governador Ronaldo Caiado está acima de 90% de aprovação e Daniel Villela representa a continuidade de um governo muito bem avaliado. Nós temos o maior número de partidos conosco, o maior número de candidatos, pelo menos fazem parte da nossa base. Então, eu percebo que nós, pela conjuntura política, ganharemos no primeiro turno. Eu percebo essa vontade da população de continuidade da gestão de Ronaldo Caiado e Daniel representa isso. O ex-governador Marconi Perillo lançou na Alego a pré-candidatura ao governo e tem mantido agendas na Casa. Avalia que existe espaço para o retorno de Marconi ao governo no próximo ano?Eu vou fazer uma análise. Em 2006, o governador da época, Marconi Perillo, tinha aproximadamente 70% de aprovação. Alcides Rodrigues estava abaixo de dois dígitos e Maguito Vilela liderando. A estrutura de governo deu a vitória para Alcides. Hoje nós temos um governador com 90% de avaliação positiva e Daniel Vilela já lidera as pesquisas. O crescimento é latente e nós vamos ganhar no primeiro turno. Qual seria o impacto para a estruturação de chapas proporcionais na base aliada se o governador de fato migrar para outro partido para viabilizar a candidatura presidencial?Eu tenho acompanhado o governador e digo que vários partidos querem Ronaldo Caiado candidato a presidente. Então, sem medo de dizer, Ronaldo Caiado será, sim, candidato a presidente da República. Nós estamos trabalhando para que ele seja candidato pelo União Brasil e eu entendo que será. Mas existe a possibilidade de ocorrer uma mudança de partido. Se ocorrer, a montagem de chapas não seria prejudicada pela migração de pré-candidatos seguindo o governador?Eu não entendo que isso possa acontecer e explico por quê. Se acontecer algum óbice, por algum motivo, e o União Brasil não deixar que Caiado seja candidato, o que eu acho difícil de acontecer, porque até o momento eu entendo que tem sim o apoio do União Brasil, caso isso aconteça, será dialogado a candidatura de Caiado por um outro partido. Então, não haverá ruptura em relação ao apoio do União Brasil ao Daniel, em momento nenhum. E nem na composição de chapas?Não mudaria a composição de chapas. Até mesmo porque o governador tem uma história no PFL, no Democratas e hoje no União Brasil. Se, por algum motivo, o União Brasil impedir a candidatura a presidente, Ronaldo Caiado disputará por um outro partido e o União Brasil permanecerá com Daniel Vilela e, evidentemente, com o direcionamento político no estado por Ronaldo Caiado. Não vejo ruptura nesse aspecto.Entre os partidos em que o nome do senhor é citado para possível filiação está o PSD. Há diálogo? Quando pretende definir o partido em que disputará para deputado federal?Não. Eu não tenho diálogo com o PSD. O Vanderlan é um amigo que eu tenho, mas em nenhum momento falamos sobre filiações ao PSD. Nunca houve esse diálogo. Até mesmo porque todos sabem do meu alinhamento com Ronaldo Caiado. Então, vamos aguardar para o momento oportuno, que é a janela partidária em março. Até lá, eu não discuto mudança de partido, mas todos sabem que meu líder político é Ronaldo Caiado e essa decisão será tomada em conjunto. O senhor articula as chapas em pelo menos seis partidos. São eles: Agir, PRD, SD, PSB, Avante e PMB. Como será a atuação desse grupo nas eleições e sua filiação será a um deles?Estou ajudando esses seis partidos na montagem de suas chapas. Isso é real e amplamente conhecido. Porém, a questão da minha filiação será juntamente com Ronaldo Caiado e Daniel Vilela. Hoje, não há de se dizer em individualismo e temos que aguardar. Mas nós já temos 18 nomes para uma disputa a deputado federal e essa chapa está pronta. Assim como temos também várias chapas de deputados estaduais formadas. Como ex-emedebista e um político ligado a Iris Rezende, como encarou as falas de Ana Paula Rezende sobre a falta de apoio dos emedebistas, inclusive lembrando que o partido tem deputados, ao memorial na Casa de Vidro?Estou ajudando no memorial, inclusive já indiquei duzentos mil de emenda impositiva para o memorial, que eu entendo que seja justo. Na minha opinião, Iris Rezende foi o maior político do estado de Goiás. Então, sem sombra de dúvidas vou ajudar e destinar emenda impositiva. Em relação à Ana Paula, ela é peemedebista, tem uma história e ela apoia, sim, Daniel Vilela. Ela fez um desabafo. Nada mais do que isso. Continua apoiando o governo Ronaldo Caiado, apoia Daniel Vilela para o governo e defende justamente o legado de seu pai. Mas não falta mesmo engajamento político nesse projeto?Conversei com vários deputados estaduais e todos vão destinar emendas impositivas para o memorial. Entendo que nós estamos fazendo a nossa parte. Daniel Vilela também está trabalhando para isso, mas existe impedimento jurídico. Mas ele está trabalhando nesse intuito. Daniel Vilela tinha grande carinho por Iris Rezende, e eu acompanhei. Então, sem sombra de dúvidas, tudo que for possível dentro da lei para ajudar, ele o fará.