Dados da Secretaria Estadual da Administração (Sead) mostram que 485 servidores públicos iniciaram, entre os dias 3 e 14 de janeiro de 2022, período de licença em decorrência de diagnóstico de Covid-19. O número é mais que sete vezes o registrado em todo o mês de dezembro de 2021, quando 67 pessoas tiveram a doença. Em novembro, 70 servidores foram afastados de suas funções após testarem positivo para Covid-19.Os atestados médicos são lançados ao sistema nas sextas-feiras. Por isso, os dados mais recentes são do dia 14. Atualmente, o estado tem 86.701 servidores ativos entre efetivos, requisitados, comissionados e temporários.Mesmo com o cenário, a Sead informou que não há, no momento, orientação para alterar o atual modelo de trabalho dos servidores, que permanece presencial. De acordo com o decreto em vigência - que trata sobre a gestão de pessoal do Executivo durante situação de emergência de saúde pública -, têm direito ao teletrabalho apenas gestantes e servidores que apresentam sintomas de gripe, tiveram contato com colega diagnosticado com coronavírus ou moram com pessoa que testou positivo.No caso dos servidores que tiverem recebido a primeira dose da vacina contra a Covid-19 há mais de 15 dias, o home office só é permitido para aqueles que apresentarem sintomas de gripe.O Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Goiás (Sindipúblico) tenta pressionar o estado na Justiça. A entidade entrou, no dia 11, com pedido de liminar para que o Executivo seja obrigado a autorizar o regime de teletrabalho, desocupação funcional por calamidade pública e revezamento de seus funcionários. No entanto, a liminar foi negada pelo desembargador Leobino Valente Chaves.Na decisão, publicada na segunda-feira (17), Chaves pediu que o estado se manifeste no processo quanto aos fatos narrados pelo sindicato, sob o argumento de que “não é dado ao Poder Judiciário” se intrometer em ato administrativo, “implementando restrições absolutas ao funcionalismo público”. Na ação, o sindicato pediu que seja mantido apenas o quantitativo mínimo necessário para o atendimento presencial nos órgãos e entidades do governo.ProcessoPresidente do Sindipúblico, Nylo Sérgio Nogueira afirma que a entidade aguarda a manifestação do estado para avaliar possível recurso. Esta quinta-feira (20) é o último dia de suspensão dos prazos processuais durante o recesso do Judiciário. O presidente afirma que, diante da urgência do tema, a entidade espera que o estado se pronuncie o mais rápido possível.Em nota, a Procuradoria-Geral do Estado de Goiás (PGE) informou que ainda não se manifestou no processo, mas o fará no prazo legal (10 dias). “Requisições foram disparadas aos órgãos competentes para fornecimento dos dados que instruirão o pronunciamento em juízo”, diz.Na ação, o sindicato ressalta que instituições como Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), Ministério Público de Goiás (MP-GO) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO) estabeleceram regime de teletrabalho por causa do aumento de casos da doença. Para o sindicato, o fato de os servidores do Executivo ainda estarem em regime presencial aponta para falta de isonomia.Ainda no processo, a entidade afirma que o governador Ronaldo Caiado (DEM), ao não determinar o regime de teletrabalho, é omisso na adoção de medidas protetivas de saúde e segurança dos servidores. O home office foi adotado de forma ampla na administração estadual durante os picos da pandemia em 2020 e 2021.DiagnósticoDe acordo com a Sead, para o servidor obter licença em decorrência da Covid-19, deve apresentar um atestado de seu médico ou relatório do médico-assistente, que o tenha atendido, para ser enviado para a Diretoria Executiva de Saúde e Segurança do Trabalhador (órgão ligado à pasta), pelo Sistema Eletrônico de Informações (SEI) para que seja deferida. Não é necessário fazer mais de um exame. Ainda segundo a Sead, a equipe da diretoria “tem trabalhado o mais rápido possível para avaliar, deferir e homologar as licenças”.Os casos de Covid-19 têm crescido não apenas entre servidores, mas em todo o estado e País. Dados divulgados pela Secretaria de Saúde (SES-GO) têm mostrado escalada de diagnóstico da doença. O boletim epidemiológico divulgado nesta quarta registrou 4 mil novos casos da doença em Goiás nas últimas 24 horas.Ipasgo vai facilitar liberação de testeHá entre os servidores também reclamação sobre burocracia para conseguir fazer teste de Covid-19 por meio do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos de Goiás (Ipasgo). Questionada sobre o tema, a entidade respondeu em nota que oferece aos seus usuários, por meio da rede credenciada, o teste RT-PCR, que pode ser realizado em crianças e adultos. Para ter acesso ao exame pelo Ipasgo, diz o texto, o beneficiário precisa passar por avaliação médica, quando, então, será feito o cadastro do pedido no sistema.O instituto afirmou também que, para dar celeridade ao processo, definiu alteração nas regras de autorização de exame RT-PCR, que passa a ser liberado automaticamente nos sistemas de auditorias, dentro de novos critérios. Segundo o Ipasgo, apenas pedidos em repetição serão avaliados por auditoria médica.“Diante da alta demanda por teste de Covid-19 e exames complementares relacionados às síndromes gripais, o Ipasgo também já reforçou a equipe responsável pela autorização dos pedidos”, informou.Segundo o instituto, o prazo para o resultado sair depende do laboratório em que o usuário faz o exame, que está disponível em 130 unidades. O tempo médio para a conclusão das análises varia entre 24 e 48 horas. “Em parceira com o instituto, as unidades que fazem parte da rede credenciada têm buscado oportunamente ofertar atendimento eficiente e seguro aos usuários, com a ampliação da capacidade de assistência”,diz a nota.-Imagem (Image_1.2389684)