O senador Jorge Kajuru (PSB), titular da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, instalada no Senado nesta terça-feira (04), articula a inclusão do governador Ronaldo Caiado (UB) entre os primeiros depoimentos a serem ouvidos pelo colegiado. A primeira reunião aprovou os convites para dois ministros de Estado e para 11 governadores, além de especialistas em segurança pública e chefes de órgãos de segurança, mas não considerou o goiano na lista.Todos os nomes para oitivas foram apresentados pelo relator, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), e os outros integrantes da Comissão deverão apresentar requerimentos para adicionar outras pessoas na reunião prevista para esta quarta-feira (05). Segundo Kajuru, já há acordo para contar com os votos de Marcio Bittar (PL-AC), Marcos do Val (Podemos-ES), Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES) e Hamilton Mourão (Republicanos-RS).Assim, o senador considera que haverá aprovação do convite por seis votos a quatro, com provável posicionamento contrário do relator, além de Angelo Coronel (PSD-BA), Otto Alencar (PSD-BA), Rogério Carvalho (PT-SE). O presidente, Fabiano Contarato (PT-ES), só votaria em caso de empate.“Aqui havia um clima para não convidar o Ronaldo Caiado. Eu peitei e convidei. Havia um o clima do governo, que não queria de jeito nenhum. Eu pedi o voto do Mourão para me ajudar e não ficar seis a cinco. Vamos ganhar essa votação e já mandei o convite ao Caiado”, afirmou Kajuru ao POPULAR. “Na hora da sessão só o relator podia apresentar requerimentos e vamos apresentar já com os votos definidos. Mesmo que quatro do governo sejam contra, nós ganhamos”, disse.“Comecei isso tudo porque eu vi que eles não queriam o Ronaldo de jeito nenhum aqui. Tanto que o Alessandro convidou todos os governadores, menos o de Goiás. Não estava na lista. É um absurdo. Colocou os estados com o menor índices de criminalidade, mas como é que não coloca Goiás? É coisa política e isso vai acontecendo e nós vamos resolvendo. Essa do Caiado eu resolvi”, definiu.A CPI do Crime Organizado foi criada em junho, mas desde então estava travada, aguardando a indicação dos integrantes. Após a megaoperação policial que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), anunciou a instalação.O principal objetivo é investigar a atuação de organizações criminosas e milícias no país. A CPI mira o “modus operandi” dos grupos e a sugestão de medidas de combate. O prazo de funcionamento será de 120 dias.Facções“Essa CPI tem que entregar a verdade em cada estado sobre o que está acontecendo. Ouvir todos os estados e ter a coragem de convidar as pessoas. Acho que ela vai ter o suficiente para isso, mas é claro que vai ter disputa política”, afirma Kajuru, que avaliou eventuais entraves por conta dos possíveis envolvimentos políticos das facções.“Pode interferir, porque é uma CPI espinhosa, né? Tem braço político de todo lado. Mas eu creio que vai interferir pouco, pelo respeito a essas três pessoas: Alessandro Vieira, Fabiano Contarato e Hamilton Mourão. A oposição tem respeito pelo Mourão e, se você for respeitado pelos colegas, como é o caso do Mourão, acho que por mais circo que a oposição queira fazer, ela não vai conseguir esse objetivo”, considerou.A primeira reunião da CPI aprovou convites para os governadores Clécio Luís (AP), Jerônimo Rodrigues (BA), Raquel Lyra (PE), Elmano de Freitas (CE), Paulo Dantas (AL) e seus respectivos secretários de segurança. Por serem considerados menos seguros, foram os primeiros nomes aprovados. Houve ainda convites a Jorginho Melo (SC), Ratinho Jr. (PSD), Eduardo Leite (RS) e Ibaneis Rocha (DF), considerados estados seguros.Tarcísio de Freitas (SP) e Cláudio Castro (RJ) serão convocados porque os estados são sede do PCC (Primeiro Comando da Capital) e do CV (Comando Vermelho). Ambos são opositores, eleitos com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e fazem críticas à política de segurança do governo federal.