Em meio à calamidade financeira e discurso de rombo nas contas da Prefeitura de Goiânia, o prefeito Sandro Mabel (UB) irá à Câmara, nesta quinta-feira (2), para prestar contas do 2º quadrimestre de 2025. O resultado primário foi de R$ 678 milhões, o melhor em pelo menos cinco anos.Em 2021, primeiro ano da gestão de Rogério Cruz (SD), o superávit foi de R$ 170 milhões. No ano seguinte, houve aumento para R$ 610 milhões. Já em 2023, houve queda para R$ 31 milhões. Em 2024, ano eleitoral, a Prefeitura registrou resultado primário negativo, de R$ 166 milhões. Este recorte leva em consideração a diferença entre receitas e despesas, deixando de fora os pagamentos de juros e amortização da dívida pública. No resultado primário, também são desconsideradas as receitas e despesas ligadas ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).Os dados da Prefeitura também demonstram que, no período analisado, os impostos e taxas arrecadados diretamente pela Prefeitura somaram R$ 2,6 bilhões, superando as transferências correntes, realizadas pelos governos federal e estadual, que foram de R$ 2,5 bilhões. O imposto com maior arrecadação foi o Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), com o total de R$ 970 milhões. Já o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) somou R$ 921 milhões, seguido do Imposto de Renda (IR), com R$ 445 milhões, e do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), com R$ 243 milhões. Já a arrecadação de taxas registrou R$ 102 milhões. A receita total no 2º quadrimestre foi de R$ 6,6 bilhões, valor que representa variação real (considera a inflação de 5,13%) de 6,61%. Em 2024, a receita do período foi de R$ 5,9 bilhões. Quanto à despesa municipal, houve uma queda de 10,57%. Os gastos da Prefeitura de janeiro a agosto de 2025 somaram R$ 5,9 bilhões. No mesmo período do ano passado, a despesa apontada foi de R$ 6,2 bilhões. A Prefeitura registrou queda de 30% em investimentos. Neste ano, foram aplicados R$ 165 milhões neste item, contra R$ 226 milhões gastos no ano passado - 2024 foi eleitoral e o último da gestão de Cruz. Já 2025 é o primeiro de Mabel à frente do Paço Municipal. O POPULAR mostrou que, no primeiro quadrimestre, houve queda de 76% nos investimentos na comparação com o mesmo período do ano passado. Também houve queda na despesa com pessoal e encargos sociais, de 1,61%. No segundo quadrimestre de 2024, o gasto foi de R$ 2,9 bilhões. Neste ano, foi de R$ 3 bilhões. Esta foi a principal despesa do Paço no período. Até agosto, o gasto com folha representou 46,35% da receita corrente líquida (RCL). Em relação ao cumprimento de limite constitucional de despesa com Saúde, a Prefeitura aplicou 20%, sendo que o piso é de 15%. Em Educação, o índice registrado também foi de 20%, mas o exigido para o ano é de 25%, ou seja, a Prefeitura precisa avançar na aplicação de recursos nesta área até o fim do ano. ContextoDesde que assumiu a gestão da Prefeitura, Mabel e sua equipe afirmam que a Prefeitura está em grave situação financeira, com rombo de cerca de R$ 4 bilhões. No valor, o prefeito considera dívidas históricas da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e do Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores (Imas).No início do ano, Mabel conseguiu articular a aprovação, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), de decreto de calamidade nas finanças e na Saúde. Em julho, o prefeito conseguiu ainda que a Alego prorrogasse o reconhecimento do cenário caótico até dezembro deste ano. A decisão foi tomada mesmo com um parecer contrário do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO).