Terminou ontem o prazo para a Enel Distribuição Goiás apresentar um plano emergencial para resgate da qualidade do serviço prestado no Estado. Representantes da empresa se reuniram no final da tarde com a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para entregar o documento com lista de ações e investimentos que devem ser realizados no curto prazo.Os detalhes do documento não foram divulgados para a reportagem. Porém, caso não cumpra o que ficou estabelecido, a Aneel explicou que a companhia está sujeita às penalidades previstas na resolução 63/2004, que incluem de advertência à multa. O plano será analisado pelo órgão e a Agência Goiana de Regulação (AGR), que é conveniada da agência e irá acompanhar in loco a execução. Nos bastidores, as informações são de que a empresa propôs focar em pontos específicos do Estado que estão ou com maior número de problemas na rede ou com muitas reclamações e isso incluiria, então, uma atenção especial para a região do Centro-Sul do Estado.Outro ponto que estaria no plano, que é prometido para ser divulgado ainda hoje pela própria Aneel, trataria sobre o atendimento ao consumidor. Queixas com relação à comunicação com a empresa, especialmente por telefone, teriam aumentado e chamado atenção do órgão regulador. Esse ponto é, inclusive, alvo de processos no Procon Goiás. Por nota, a Enel informou que apresentou o que chama de “plano adicional de melhorias” para a Aneel, conforme acordado com o órgão. “A empresa esclarece que tem um plano robusto de investimento em curso e tem trabalhado para a melhora constante da qualidade do fornecimento de energia no Estado”, diz a nota.CPIEnquanto há expectativa pela lista de ações para amenizar a série de reclamações quanto ao desempenho da Enel, ontem também ocorreu reunião dos diretores da distribuidora com deputados na Assembleia Legislativa. Por lá, onde ocorre abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a cobrança também foi por resultados mais rápidos e ficou prometido diálogo mensal com o Legislativo.O presidente da Assembleia Legislativa (Alego), Lissauer Vieira (PSB), foi quem recebeu representantes da empresa, entre eles o presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno, e o presidente da Enel Goiás, Abel Rochinha. O deputado diz que as queixas da população foram repassadas, especialmente reclamações sobre o desempenho no interior do Estado. Do outro lado, ouviram a defesa de que há investimentos realizados e em curso. “A realidade é que piorou e essa foi a nossa cobrança. Vão apresentar o plano emergencial e não podemos ficar à mercê, o Estado precisa se desenvolver e a demanda é grande. Por isso, temos cobrado e temos 20 assinaturas para a CPI”, destacou. Lissauer afirma que a empresa explicou que nos próximos anos haverá melhorias e que isso não ocorreu ainda porque a rede tinha atraso de dez anos nos investimentos.“Entendemos isso. Mas é um problema que eles têm de resolver e trazer para a sociedade a resolução, porque não está atendendo as expectativas que a população tinha quando assumiram. Infelizmente, sentimos saudades da Celg”, pontua. O deputado explica que a expectativa é de que a CPI comece os trabalhos após o carnaval e que as próximas conversas com a Enel seja para esclarecer pontos questionados pela comissão.Do cronograma de investimentos e as obrigações contratuais até os motivos de não ter energia suficiente no Estado. São vários os pontos que devem entrar nas investigações. O presidente da Alego disse que vai convidar o deputado Henrique Arantes (PTB) para ser presidente ou relator da CPI. Ele foi quem solicitou a criação da comissão para tratar desse caso e também esteve presente ontem na reunião com a Enel.“Falaram que Goiás está bem e que investem mais, mas não fiquei convencido. Acabei de inaugurar a sede do PTB e acabou energia no meio do evento. Aragoiânia ficou 12 horas sem energia. A explicação foi vazia.” Na CPI, ele detalha que será observado o contrato de venda da antiga Celg D e os investimentos que a Enel, que arrematou a empresa em 2016, teria de fazer.“Se eles não estão cumprindo, cabe à Justiça determinar e vamos pedir multa, ruptura de contrato e devolução da companhia. A gente quer melhoria, não importa quem vai ser o dono.”