As entidades goianas ainda hesitam em apoiar manifesto em prol da democracia, que terá assinatura de associações do setor produtivo, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Goiás (Fecomércio-GO) recuou da decisão de assinar e a Associação Comercial, Industrial e Serviços de Goiás (Acieg) decidiu não integrar o movimento.A Fecomércio-GO, menos de um dia depois de ter informado ao POPULAR que assinaria o manifesto pela democracia, disse que ainda não decidiu se vai aderir e que a assessoria passou informação errada à reportagem publicada por este veículo.Na noite de quarta-feira (27), a assessoria da Fecomércio-GO, presidida por Marcelo Baiocchi, havia informado que seguiria a orientação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), de acompanhar o manifesto da Fiesp.A entidade de São Paulo informou, nesta semana, que apoiaria qualquer movimento em prol da democracia.O manifesto da Fiesp vem na esteira da ‘Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito’, que será lida no dia 11 de agosto na Faculdade de Direito da USP e tem acumulado adesões desde que foi aberta ao público na última terça-feira (26). O documento, que começou com a assinatura de 3 mil pessoas, entre banqueiros, empresários, juristas, atores e diversas outras personalidades, faz parte de uma iniciativa suprapartidária e critica, sem mencionar o nome do presidente, os ataques contra o processo eleitoral perpetrados por Jair Bolsonaro (PL). O texto defende os tribunais superiores, as eleições e a democracia e provocou reações de Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), à frente nas pesquisas de intenção de voto.O manifesto da Fiesp tem a publicação marcada também para o dia 11 de agosto e a entidade deve participar do evento na USP.A Fecomércio havia informado a adesão ao manifesto dos industriais. No entanto, na manhã desta quinta-feira (28), recuou, em nota publicada nas redes sociais: “Não há decisão de que a Fecomércio assinará o manifesto em defesa da democracia. O erro se deu por parte da assessoria de comunicação da entidade, em razão da dificuldade de comunicação com o presidente da entidade, Marcelo Baiocchi Carneiro, que se encontra de férias.”A entidade afirma que só tomará a decisão depois de consultar o presidente da CNC, José Roberto Trados, e a sua base de 33 sindicatos.Já a Acieg deliberou se iria aderir ou não ao manifesto em reunião da diretoria, realizada na noite desta quinta-feira (28). Em nota, o presidente Rubens Fileti disse que a decisão foi de que a entidade não irá se manifestar.“Por ser uma entidade apolítica não irá se manifestar, deixando livre a posição de cada diretor, que pode representar sua posição pessoal e não da entidade”, justificou.A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) reforçou que ainda não discutiu o tema. A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), presidida pelo deputado federal José Mário Schreiner (UB), da base bolsonarista, não respondeu.Nos bastidores, há um entendimento de que o setor empresarial goiano teme que a adesão ao manifesto signifique um apoio ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Não é que o setor seja amplamente favorável a Bolsonaro, é que não querem o retorno de alguns ex-presidentes”, a reportagem ouviu de uma fonte.O manifesto não faz menção ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), mas faz referências às falas que entendem ser ameaças à democracia nas eleições de 2022.Leia também:- Fecomércio-GO vai assinar manifesto pró-democracia- Fecomércio recua e diz que não decidiu se vai assinar manifesto pela democracia