Em junho, o setor de serviços registrou o maior saldo positivo de abertura de novas vagas de trabalho formal em Goiás, com 4.472 contratações a mais que demissões, segundo o Caged. Mas este número poderia ser bem maior, segundo o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado (Acieg), Rubens Fileti. Ele dá o exemplo das empresas de limpeza e conservação, que hoje têm dificuldade para preencher as cotas para PCDs (pessoas com deficiência) por falta de candidatos, e muitas estão sendo multadas por causa disso.“As empresas de serviços têm postos de trabalho abertos para todos os perfis de mão de obra e não consegue preenchê-los”, conta. No caso de cargos que exigem qualificação, a dificuldade é ainda maior. “Mas já está difícil conseguir até pessoal para qualificar”, diz Fileti. Ele acredita que muitos trabalhadores não querem cumprir jornadas das 8 às 18 horas porque recebem auxílios e preferem complementar a renda com bicos.Com isso, bons profissionais já formados acabam assediados por outras empresas. O presidente da Acieg diz que o estado tem dado um importante apoio para qualificação técnica através dos Colégios Tecnológicos, além de promover uma integração entre o pessoal qualificado e as vagas de emprego no mercado. Mas ele acredita que ainda falta um programa de incentivo ao emprego para que as empresas possam dar continuidade a esta qualificação no próprio ambiente de trabalho. “Isso virá através de um incentivo financeiro, que poderia ser fiscal, para que a empresa possa contratar e finalizar a formação destes trabalhadores nos primeiros 12 meses”, sugere Fileti. Estudos mostram que apenas as empresas do setor de TI em Goiás terão uma demanda estimada de mais 40 mil pessoas até 2024.ComércioA alta demanda faz com que 84,5% dos egressos do ensino técnico do Senac consigam emprego nos primeiros três meses. O diretor Regional Sesc-Senac Goiás, Leopoldo Veiga Jardim, informa que um dos desafios para elevar a qualificação foi reduzir a evasão dos cursos, que era causada pela dificuldade financeira das famílias para bancar o transporte e a alimentação dos alunos. “Hoje, já fornecemos vale transporte nos programas de gratuidade, e até lanche”, informa.Foram abertas 1.100 vagas no programa de Educação 4.0 para cursos na área de TI, que tem uma das maiores demandas de pessoal por parte das empresas de quase todos os segmentos, para funções como marketing digital. Quase 90% foram preenchidas. Mas outra barreira tem sido a fraca formação básica de muitos jovens em situação mais vulnerável, que para avançarem no ensino de tecnologia, precisam passar pelo chamado “letramento digital” para que possam se nivelar com os demais alunos. A instituição oferece desde cursos básicos, como de balconista, até os mais avançados na área de TI, como programador, de onde praticamente todos os alunos saem empregados. Para Leopoldo, um maior apoio do Estado pode vir através de um olhar social mais apurado, onde a assistência social vem acompanhado de medidas para elevar a formação e a geração de oportunidades. “Um bom exemplo disso são as bolsas da OVG para cursos superiores, que são atreladas à realização de cursos técnicos”, lembra.