A solicitação da Polícia Federal incluía apenas os três auxiliares do governo estadual nos pedidos de prisão, mas o Ministério Público Federal acrescentou o nome de Jayme Rincón na lista, alegando que havia forte ligação com os demais investigados. O procurador Helio Telho apontou o ex-presidente da Agetop como “sócio-oculto” de Júlio Cezar Vaz de Melo “em alguns empreendimentos, que estariam em nome de terceiros, sendo necessária sua prisão ‘para garantia da ordem pública, como forma de desarticular esse tentáculo da organização criminosa e fazer cessar os atos de lavagem de dinheiro’”.O MPF também citou parte do depoimento de Jayme na Operação Cash Delivery, em que diz que valores (de propina da Odebrecht) eram oficializados nas campanhas eleitorais com a “ajuda de empresas parceiras”, sem apontar quais seriam.O procurador ainda cita registro de conversas pelo WhatsApp entre ele e Júlio Cezar que indicam que a relação ultrapassa “a simples de amizade”. Ele cita a sociedade em “imóveis de luxo, constituídos de uma casa de veraneio em Búzios/RJ, posta à venda, e de uma casa de veraneio, ainda em fase de construção, em Aruanã/GO”.Ainda que o alvo da operação seja a Codego, uma estatal de Goiás, Helio Telho defendeu a ligação com a Cash Delivery, com aceitação do juiz federal substituto Rafael Ângelo Slomp. “A investigação em seus primórdios demonstrava a existência de interesse da União no feito, sendo que o desdobramento dos fatos, com indícios de tratar-se da mesma Organização Criminosa atuando no cometimento de crimes análogos, utilizando de um mesmo modus operandi, são elementos suficientes a atrair a competência deste juízo para as medidas ora pleiteadas”, alegou. O pedido de prisão temporária é justificado pela possibilidade de prejuízo na coleta de provas por meio de busca e apreensão, caso os investigados estivessem em liberdade. A prisão tem o prazo de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco em caso de extrema e comprovada necessidade.CodegoNa época da criação da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego), houve dúvidas sobre a necessidade e as atribuições da pasta, já que parte das responsabilidades já pertencia a outros órgãos, como Secretaria de Gestão e Planejamento e Goiás Parcerias. A iniciativa foi interpretada na ocasião como uma garantia de maior poder ao então vice-governador José Eliton, que já era o candidato natural da base para disputar a sucessão de Marconi Perillo (ambos do PSDB).Ex-presidente da Saneago, Júlio Vaz foi o único presidente. A companhia, segundo projeto de lei aprovado pela Assembleia, é responsável pela gestão dos distritos industriais do Estado e tem poder para contratar obras públicas, implantar e explorar serviços de logística e urbanos, explorar serviços de abastecimento de água e de esgoto, vender ou comprar imóveis, terceirizar serviços públicos, participar de consórcios ou sociedades com empresas privadas ou públicas, administrar aeroportos regionais e os centros de convenções de Goiânia e Anápolis, e também criar subsidiárias ou se associar com empresas privadas. Com capital aberto e com poderes para atuar fora de Goiás, ela seria, segundo Júlio, “o braço executor da SED” e teria mais agilidade e menos burocracia.