O governo estadual nomeou de uma só vez pelo menos 78 ex-prefeitos derrotados ou que não disputaram eleições do ano passado para cargos comissionados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e do Vapt Vupt, com salários de R$ 1.750. As nomeações dos políticos, publicadas no Diário Oficial do Estado (DOE) de terça-feira (20) e anuladas no início da noite de ontem após contato da reportagem, seriam para parte dos polêmicos 800 postos criados ou transformados recentemente.Estes ex-prefeitos representam 40% dos 195 eleitos que não continuaram nos cargos porque ou perderam as disputas do ano passado ou não tentaram a reeleição. Todos foram incluídos em um pacote com 176 nomeações, entre as quais também estão o ex-vice-prefeito de Itapuranga, José Garcia Pires, duas ex-primeiras-damas e o filho do prefeito de Senador Canedo, Divino Lemes (PSD), Daniel Uiatan Miguel Lemes.Os cargos são os mesmos que foram inicialmente criados a partir de emenda não divulgada do líder do Governo na Assembleia Legislativa, Francisco de Oliveira (PSDB), e posteriormente derrubados pela Justiça. Alegando necessidade de suprir demanda de atendimento nas unidades do Vapt Vupt, o governador Marconi Perillo (PSDB) acabou enviando depois nova proposta com o mesmo teor. Em nota, o governo informou que as nomeações dos ex-prefeitos foram publicadas “equivocadamente” e que publicará novo decreto, assinado na noite de ontem por Marconi, tornando as mesmas sem efeito. “Vale ressaltar que nenhum dos ex-prefeitos pleiteou a nomeação”, diz o texto. Conforme o apurado nos bastidores, as nomeações teriam ocorrido a partir de um erro no manuseio de lista de indicações de deputados que visavam atender demandas políticas com suas bases no interior, mas não necessariamente com a presença dos ex-prefeitos nos cargos.Dos ex-prefeitos nomeados, dois publicaram em seus perfis do Facebook que não iriam assumir os cargos antes mesmo de o governo decidir anular os atos. São eles: Jabez Melo (PHS), de Itapuranga, e Dioji Ikeda (PDT), de Inhumas. Ao POPULAR, Jabez diz que conversou sobre o cargo com os deputados federal Roberto Balestra (PP) e estadual Jean Carlo (PHS). “Eles me indicaram. Conversamos sobre isso uma vez e ficamos de acertar como seria. Aí saiu a nomeação e só fiquei sabendo quando me disseram, mas não vou assumir. Tenho empresa e família em Itapuranga e não posso sair daqui para assumir cargo no governo”, relata.FamiliarO ex-prefeito de Itapuranga afirma que pretende verificar se é possível indicar alguém para o posto. “De repente, um familiar”, afirma.Diferente de Jabez, Dioji Ikeda nega qualquer articulação. “Não conversei com ninguém sobre esse cargo e também não o pleiteei. Respeito o governo, mas estou aliado ao projeto do senador Ronaldo Caiado (DEM).”Para ele, o fato de estar ao lado de Caiado, que é pré-candidato ao governo do Estado e faz oposição ao governador Marconi Perillo (PSDB), o impediria de buscar um cargo no governo. “Inclusive falei com Caiado ontem pela manhã para tranquilizá-lo sobre essa situação. Sempre tive lado em política e, atualmente, este é o meu”, informa.Já o ex-prefeito de Piracanjuba Amauri Ribeiro teria avisado o governo que não irá assumir. Ele está em viagem para o exterior, segundo informações de pessoas próximas. (Colaboraram Ana Vera Santiago e Marcos Pimental, estagiários em convênio do GJC com a PUC-GO)-Imagem (1.1297867)-Imagem (1.1297866)-Imagem (1.1297865)