Após 70 dias de mandato, o governo de Ronaldo Caiado (DEM) diz ter quitado 44% do déficit de R$ 3,4 bilhões herdado da gestão anterior. A Secretaria da Economia informou ao POPULAR que R$ 1,5 bilhão foi pago, sendo R$ 831 milhões referentes a despesas com pessoal e encargos sociais; R$ 530 milhões de despesas correntes ou investimentos e R$ 139 milhões de dívidas.Resta cerca de R$ 1,95 bilhão, sendo R$ 854 milhões da folha bruta de dezembro do ano passado, que ainda não foram empenhados. Não há ainda um cronograma definitivo para o pagamento dos salários de dezembro, mas a previsão é começar este mês, com escalonamento de cinco ou seis meses. O restante, R$ 1,1 bilhão, é de restos a pagar ainda não quitados.A equipe econômica do governo diz que a arrecadação de janeiro foi de R$ 1,42 bilhão e de fevereiro, R$ 1,49 bilhão. O valor total, que já tem o desconto de transferências constitucionais aos municípios e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), é de R$ 2,92 bilhões.A secretária da Economia, Cristiane Schmidt, tem repetido que toda a arrecadação do Estado tem sido utilizada para pagamento da folha e de dívidas, que comprometem 97% das receitas. Ela diz ainda que a previsão de déficit para este ano é de chegar a R$ 6 bilhões.O POPULAR solicitou à Secretaria da Economia dados detalhados das dívidas quitadas pelo Estado, com os valores destinados às áreas de saúde, educação e segurança pública, mas a pasta informou que o pedido deve ser feito a cada uma das secretarias responsáveis. Também não foi respondido o pedido de detalhamento sobre o que resta de dívida a pagar por setor.Sobre a folha de dezembro do funcionalismo, a secretaria informou que “está realizando estudos para verificar em quantas parcelas e como será feito o escalonamento”. “A previsão é iniciar o cronograma de pagamento da folha salarial de dezembro ainda neste mês de março. A quitação dessa folha será feita com recursos do Tesouro Estadual, conforme o fluxo de caixa”, diz a pasta.Diante das dificuldades, o governo goiano segue aguardando um socorro federal. Depois do fracasso nas conversas sobre o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), a União sinalizou com um novo programa, que vem sendo chamado de Programa de Equilíbrio Fiscal (PEF), para atender os Estados em situação de calamidade financeira.Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo no domingo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou que avançou o estudo sobre a ajuda aos Estados. Ela terá duas frentes: uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) no Senado de revisão do pacto federativo, que coloca fim às despesas obrigatórias e às vinculações orçamentárias (saúde e educação) e o PEF ou “Plano Mansueto”, como afirmou o ministro. O programa autorizaria a contratação de empréstimo aos Estados que se comprometerem a fazer ajuste fiscal.“Um Estado está fazendo um programa de ajuste que parece que vai assegurar a ele R$ 4 bilhões. Então, em vez de ele ter os R$ 4 bilhões lá na frente só, ele poderá ter uma antecipação entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões, para sobreviver enquanto seu pacote não funciona”, exemplificou Paulo Guedes, chamando a ajuda de “balão de oxigênio”. O ministro indica que, no pacote de ajustes, os Estados terão de vender estatais.A secretária da Economia diz ainda não ter ideia do tamanho do ajuste que seria possível fazer e quanto Goiás demandaria de antecipação de recursos por meio dos empréstimos com aval do Tesouro Nacional.