A Presidência da República avaliou em cerca de R$ 4,3 milhões o prejuízo com os ataques golpistas ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro. A maior fatia refere-se a obras de arte depredadas por bolsonaristas radicais durante os atos antidemocráticos.

O balanço foi enviado à CPI do 8 de janeiro e disponibilizado nesta terça-feira (27). Trata-se do relatório mais detalhado feito pelo Planalto sobre os bens danificados ou extraviados pelos vândalos.

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A Coordenação-Geral de Gestão Patrimonial da Presidência identificou 24 obras de arte danificadas. Dessas, 15 tiveram os valores avaliados pelo órgão —montante que chega a R$ 3,5 milhões.

O valor, porém, é bem maior, já que algumas das obras de arte não têm o valor mensurado. É o caso do relógio francês do século 17, entregue pela corte francesa como um presente a Dom João 6º.

Há somente duas unidades do relógio produzido pelo artista Balthazar Martinot. O segundo está no Palácio de Versailles, na França.

O armário usado como base para o relógio, uma ânfora em porcelana e uma cadeira de jacarandá estão entre as outras obras danificadas cuja avaliação não pode ser feita.

O quadro As mulatas, de Emiliano Di Cavalcanti, foi estimado em R$ 3,2 milhões. Um laudo feito pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) mostra que a obra foi danificada com sete perfurações.

"A extensão de cada perfuração (tamanho médio da pedra portuguesa), a característica de cada dano (com destacamento parcial do suporte) e localização na tela (ao centro de sua extensão) podem levar ao agravamento da deterioração em decorrência da movimentação natural das fibras do tecido em estiramento", detalharam os técnicos no laudo.

Um banco de madeira maciça projetado por Oscar Niemeyer e sua filha Anna Maria sofreu "marcas de sujidade e alguns pontos de abrasão, sobretudo nas áreas da quina", segundo o relatório do Iphan. A obra é avaliada em R$ 15,5 mil.

Em nota técnica enviada à CPI, a coordenadora-geral Técnica da Diretoria Curatorial dos Palácios Presidenciais, Laisa Günther, afirmou que algumas obras de arte não puderam ser precificadas por causa de diversas variáveis.

"Não apenas porque questões relativas ao simbólico são sensíveis a divergências de entendimento, mas também porque o valor estrito de obras artísticas é uma categoria fluida. Bens móveis podem depreciar ou não, podem valorizar ou não, conforme determinações individuais do Mercado de Arte, já que paradoxalmente ambas situações são possíveis", escreveu.

O Palácio do Planalto também gastou cerca de R$ 300 mil para a recuperação física de áreas internas e externas da sede do Executivo. A maior fatia (R$ 204 mil) envolveu a reposição da vidraçaria quebrada pelos vândalos.

O valor ainda abrange R$ 39 mil no conserto de elevadores danificados, R$ 15 mil em divisórias especiais e R$ 8,7 mil em reparos na parte elétrica, entre outros custos.

A Presidência da República ainda detalhou 189 bens móveis que foram danificados pelos bolsonaristas radicais. O conjunto representa um prejuízo de R$ 363 mil.

Estão nessa lista monitores de vídeos, seis microcomputadores, 79 cadeiras empilháveis e televisões, entre outros bens.

Ainda foram furtados pelos vândalos 149 itens da Presidência, no valor de R$ 142 mil. A relação dos itens roubados inclui oito armas de choque tipo spark elite 22.0, aparelhos de saúde (estetoscópio, nebulizador e glicosímetro) e quatro algemas.

Os vândalos ainda deixaram a Esplanada dos Ministérios com objetos grandes e de difícil locomoção, como poltronas, gaveteiros e uma mesa para quatro pessoas, com tampo em MDF.

Os relatórios enviados à CPI do 8 de janeiro ainda apresentam uma série de fotografias que mostram como os bens estavam antes da depredação e como ficaram após a invasão dos bolsonaristas radicais.

As imagens mostram, por exemplo, que vândalos rabiscaram um bigode no quadro de José Bonifácio.

Os detalhes foram enviados pela Presidência da República em resposta a um requerimento da senadora Augusta Brito (PT-CE). No texto, ela pede a especificação de todos os bens depredados para "permitir uma responsabilização mais fidedigna quanto à reparação dos danos ao patrimônio histórico-cultural vandalizado".

Em fevereiro, a AGU (Advocacia-Geral da União) pediu à Justiça que ampliasse uma ação cautelar que bloqueou bens de suspeitos de financiar o fretamento de ônibus para os atos golpistas em um processo maior, que garantisse a condenação definitiva de ressarcimento aos cofres públicos.

O valor desse ressarcimento seria de R$ 20,7 milhões e foi calculado pela AGU com base nos prejuízos apontados pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Palácio do Planalto e Congresso Nacional.

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Governo estima prejuízo de ao menos R$ 4,3 milhões no Planalto em ataque de 8/1

Governo estima prejuízo de ao menos R$ 4,3 milhões no Planalto em ataque de 8 de janeiro

Política

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 bolsonaristas radicais

Um homem vendeu a empresa, a casa e perdeu o casamento após começar a fazer apostas online. Ele começou nas apostas esportivas com valores de R$ 30 até R$ 50 para ganhar de R$ 300 à R$ 400. O prejuízo total dele chegou a R$ 700 mil.&nbsp;

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O homem contou em entrevista à TV Anhanguera que as apostas se tornam um vício, uma rotina e a medida que a pessoa vai perdendo dinheiro e tenta recuperar ela começa a se arruinar ainda mais e vai se endividando.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/tribunal-de-contas-da-uni-o-exige-do-governo-lula-medidas-contra-uso-do-dinheiro-do-bolsa-familia-em-apostas-online-1.3210736" target="_blank">Tribunal de Contas da União exige do governo Lula medidas contra uso do dinheiro do Bolsa Família em apostas online</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/assistente-social-e-suspeita-de-pegar-aposentadoria-e-emprestimo-em-nome-de-idoso-para-fazer-apostas-online-1.3188484" target="_blank">Assistente social é suspeita de pegar aposentadoria e empréstimo em nome de idoso para fazer apostas online</a> 
<a href="https://opopular.com.br/opiniao/artigos/perigo-das-bets-para-a-juventude-1.3188415" target="_blank">Perigo das bets para a juventude</a></div>

<cite>Quando eu parti para o mundo do cassino, que é o mais avassalador, que destrói realmente a pessoa, aí eu comecei com R$ 50, R$ 100 e por fim eu estava apostando de R$ 1 mil a R$ 2 mil por rodada”, disse.&nbsp;</cite>

Ele começou a jogar em 2021 e desde então começou a pegar dinheiro emprestado com parentes, amigos e até agiotas. &nbsp;

<cite>Eu comecei a desfazer das minhas coisas. Eu estou desgastado mentalmente, sofri depressão, tomando medicação para se levantar, então eu vou vencer e vou conseguir”, disse.&nbsp;</cite>

O homem diz que não compensa entrar neste mundo das apostas.&nbsp;

<cite>Sempre fui pobre, mas muito trabalhador, consegui minha casa, meus bens, minha lojinha, as coisas que eu tinha e a família vê você sendo destruído por isso, então não é fácil”, disse.&nbsp;</cite>

<h3>Ação do Ministério Público de Goiás &nbsp;&nbsp;</h3>

À TV Anhanguera o promotor de Justiça Élvio Vicente disse que o Ministério Público de Goiás (MP-GO) identificou movimentações suspeitas de 20&nbsp;empresas de apostas online, onde possuem o mesmo endereço.&nbsp;

<cite>Nós pedimos a relação completa para o Ministério da Fazenda através da Secretaria de Esporte e lá informa que aqui em Goiás existem três plataformas digitais online e de cassino”, disse.&nbsp;</cite>

O Ministério Público entrou com uma ação na Justiça contra mais de 250 empresas de apostas online em todo o país pedindo que elas devolvam o dinheiro para quem perdeu tudo nesses jogos.&nbsp;

O objetivo do MP é alertar a população sobre o grande risco de endividamentos causado pelos jogos, conhecidos como bets, que prometem dinheiro, mas que levam a pessoa à falência.&nbsp;

Homem conta que vendeu empresa e perdeu R$ 700 mil após vício em apostas online: 'Eu apostava de R$ 1 mil a R$ 2 mil'

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Moradores da Rua Jandaia, na Vila Brasília, em Aparecida de Goiânia, vem enfrentando dificuldades com as chuvas desde que as águas levaram parte de um asfalto na noite de domingo (27). Para piorar, a enxurrada tomou conta da calçada das casas, levou um muro abaixo e alagou residências. Conforme apurou o jornal O POPULAR, nos últimos dias, as chuvas têm causado prejuízos tanto na capital, como em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana.

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De acordo com um casal de comerciantes que vive na Rua Jandaia, nos últimos anos, o descaso por parte do poder público gera desespero nos moradores. Além da preocupação com a massa asfáltica, a enxurrada trouxe lama, muita lama. Situação agravada pela falta de iluminação pública.

Em uma das casas próximas ao local onde a maior parte do asfalto foi levada, mora uma senhora de 76 anos. Na residência dela, o filho de 51 anos, conta que a água chegou a bater um pouco acima do piso da casa “estragando a geladeira e outros móveis”. De acordo com homem, foi necessário quebrar uma parte do muro para a água evacuar.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/cidades/no-rastro-da-lama-o-dia-seguinte-de-uma-regi-o-que-sofreu-com-temporal-1.3192866" target="_blank">No rastro da lama: o dia seguinte de uma região que sofreu com tempora</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/alagamento-em-trechos-de-obras-recentes-da-marginal-botafogo-traz-preocupac-o-1.3192857" target="_blank">Alagamento em trechos de obras recentes da Marginal Botafogo traz preocupação</a></div>

Durante a passagem da reportagem pela via, os moradores chegaram a mostrar o que, segundo eles, seriam os motivos para o desmonte da massa asfáltica. No local há um esgoto, que teria passado por reformas recentementes, alterando uma parte do asfalto do local. A reclamação vem também após a revitalização de uma parte da via pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia.

De acordo com o casal de comerciantes que vive na Rua Jandaia, há cerca de dois meses, foi entregue uma nova massa asfáltica no local que “estava bem pior do que a anterior”. Eles alegam que não foi considerada a altura do meio-fio. “Antes era baixo, mas parece que só chegaram e jogaram outro (asfalto) por cima, ficou bem alto”, contam.

O POPULAR entrou em contato com a Prefeitura de Aparecida de Goiânia e foi informado pela Secretaria de Infraestrutura que uma equipe de engenharia será encaminhada até o local nessa terça-feira (29) para avaliar as condições e providenciar os reparos.

A respeito das queixas sobre as obras de esgotamento sanitário na Rua Jandaia, na Vila Brasília, a BRK Ambiental, que é subdelegatária da Saneago para a operação e manutenção dos serviços&nbsp; em Aparecida de Goiânia,&nbsp;esclarece que a empresa executou um trabalho de manutenção no local, no dia 11 de outubro, para retirada de pedras lançadas na rede coletora, durante o recapeamento realizado pela Prefeitura Municipal.

“Na ocasião, foi realizado um corte de aproximadamente 20 metros quadrados, em uma área limitada, próxima ao poço de visita, de tamanho mínimo, em relação à extensão da via”, informou. Ainda de acordo com a BRK, a recomposição asfáltica realizada por ela na área do corte resistiu às chuvas e os danos à via pública não são de responsabilidade da empresa.

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Chuva leva asfalto em Aparecida de Goiânia

Prejuízos do temporal

Empresas de vários setores devem ser afetadas em Goiás

Os mercados goiano e nacional devem sofrer impactos da destruição no Rio Grande do Sul. Já existe a expectativa de uma menor oferta de insumos para as indústrias de móveis e da construção civil. “O estado abriga grandes indústrias de insumos para construção, como a Gerdau e CSN. E não é apenas uma questão de paralisação da produção, mas a reconstrução dos municípios destruídos exigirá muito material para lá, o que deve elevar muito a demanda no mercado. A oferta e procura ditam os preços no mercado”, ressalta o economista Bruno Ribeiro, da Fecomércio-GO.

Para o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Felipe Melazzo, nenhum governo, estadual ou federal, tem a real dimensão do problema de forma mensurável, pois a água ainda está subindo. Porém, é fato que a necessidade de reconstrução do Rio Grande do Sul pode inflacionar os materiais construção no mercado, mexendo na questão da oferta e procura e na capacidade de entrega das indústrias. “Boa parte delas fica no Rio Grande do Sul e ainda não sabemos como será este impacto”, adverte.

<div attr-cid="policy:1.3137005" attr-version="policy:1.3137005:1715792365" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3137005" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3137005', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3137005">Empresas de vários setores devem ser afetadas em Goiás (1.3137005)</a></div>

Melazzo acredita que a alta nos preços de materiais de construção pode se refletir no preço final dos imóveis no mercado imobiliário. “Ainda não sabemos qual será o impacto do PIB, pois são problemas de vários lados. Mas o segmento da construção pode ajudar muito. Terão de reconstruir casas, empresas, estradas e pontes. A reconstrução exigirá um bom planejamento por parte do governo, pois levará meses e até anos”, alerta.

Para Irma Fernandes, presidente do Sindicato do Comércio de Materiais de Construção do Estado de Goiás (Sindimaco), é difícil fazer previsões sobre o mercado neste momento. Segundo ela, poucas indústrias gaúchas, mas que têm um grande peso, fornecem materiais para Goiás. “Existem outros concorrentes no mercado que podem ocupar este espaço no mercado”, prevê.

Mas ela admite que, quando começar a reconstrução do Rio Grande do Sul, o mercado vai demandar muito material e quem fornece para o mercado goiano vai fornecer para os gaúchos. “A oferta deve se reduzir e teremos um pouco de inflação sobre os preços”, prevê. Mas, quando as indústrias gaúchas voltarem a fabricar, a oferta no mercado deve ser retomada. “Na pandemia, os preços subiram muito porque a demanda foi maior que a oferta. Mas depois veio uma deflação e tivemos perda financeira nos estoques”, lembra.

Após toda a tragédia e dificuldade, a presidente do Sindimaco-GO acredita que os gaúchos vão se reinventar, com a construção de cidades mais modernas e inovadoras, usando tecnologia atual. “O que acontece no mercado reflete em nossas empresas. Indústrias gaúchas que não tiveram problemas já devem estar se preparando para abastecer o mercado. Por isso é difícil prever o que vai acontecer de agora em diante”.

Móveis

As indústrias moveleiras já temem impactos negativos por conta da queda na produção de importantes insumos no Rio Grande do Sul. Nicolas de Lima Paiva, presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis do Estado de Goiás (Sindmóveis), diz que o setor está muito preocupado com a possibilidade de escassez e já está entrando em contato com seus fornecedores.

Ele explica que quase 100% das chapas de MDF usadas na fabricação de móveis são produzidas na região Sul do País, que também responde por uma boa parte da produção de ferragens usadas nas indústrias de móveis. “O impacto será gigantesco. Estamos muito preocupados com a oferta de insumos de chaparia de madeira, ou MDF”, destaca Paiva.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/tragedia-no-rs-pode-afetar-precos-e-oferta-de-produtos-1.3136849" style="font-size: 12px;">Tragédia no RS pode afetar preços e oferta de produtos</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/segunda-equipe-do-corpo-de-bombeiros-de-goias-chega-ao-rs-1.3136649" style="font-size: 12px;">Segunda equipe do Corpo de Bombeiros de Goiás chega ao RS</a> 
<a href="https://opopular.com.br/cidades/aumenta-para-148-o-numero-de-mortos-na-tragedia-no-rio-grande-do-sul-1.3136582" style="font-size: 12px;">Aumenta para 148 o número de mortos na tragédia no Rio Grande do Sul</a></div>

Apesar da madeira bruta vir do Norte do País, as chapas de madeira são produzidas da Região Sul. Por isso, o presidente do Sindmóveis diz que é grande a preocupação atual com uma possível alta de custos e até com a falta de matérias-primas essenciais no mercado, pois a logística de entregas foi comprometida pelas más condições das estradas gaúchas.

O pior problema é o transporte desta matéria-prima, pois os caminhões não terão acesso. “Algumas fábricas gaúchas não foram atingidas, mas o transporte tem de passar por regiões que tiveram muitas rodovias e pontes seriamente comprometidas. Então, esta matéria-prima não chegará para nós. Já as ferragens, nós ainda conseguimos buscar em fornecedores do Sudeste”, explica Paiva.

Viagens canceladas

O fechamento do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, e as más condições das estradas gaúchas estão obrigando os turistas goianos com viagens marcadas para o estado a cancelar ou remarcar seus pacotes. As incertezas quanto à situação dos principais destinos turísticos gaúchos também paralisaram as vendas de novos pacotes para lá. 
A empresária Meirielle Carneiro cancelou uma viagem com a família para

Gramado, na Serra Gaúcha, que estava marcada para o início de junho, para comemorar o aniversário da filha. Ela conta que já pagou uma entrada de R$ 2 mil para o hotel, mas não sabe se conseguirá mais viajar neste ano, por conta de compromissos de trabalho, e pode perder o valor. O voo ainda será remarcado. “O aeroporto de Porto Alegre está fechado e nos deram a opção de ir para Caxias do Sul e chegar a Gramado por uma estrada alternativa, um risco muito grande”, avalia. Ontem, a Anac proibiu a venda de passagens com destino ao Aeroporto Salgado Filho. A presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem em Goiás (Abav), Rose Páscoa, conta que muitos turistas querem cancelar seus pacotes e comprar outro destino, mas o setor faz uma campanha para que os turistas não cancelem, mas remarquem a viagem para ajudar o trade turístico gaúcho, que enfrenta uma situação muito difícil. “É uma questão de humanidade. Gramado está vazia, um cenário pior que na pandemia”, destaca. Os turistas também não estão comprando novos pacotes para os destinos gaúchos, o que aumenta o impacto no turismo.

Economia

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Matéria - Economia

Enchentes no Sul

Impactos estimados

A tragédia climática no Rio Grande do Sul deve impactar a economia de todo o País, incluindo Goiás. As perdas na produção agropecuária gaúcha, que é muito representativa, devem afetar diretamente o custo de insumos para vários segmentos da indústria, como alimentos, moveleiro e construção civil, e elevar o preço do produto final para o consumidor no varejo, resultando em alta da inflação e dos juros. A indústria local também tem dificuldade para produzir e escoar vários produtos para o País.

Os danos à infraestrutura do estado, com o fechamento do aeroporto da capital Porto Alegre e a interdição de rodovias, também já prejudicam os turistas com viagens marcadas para o estado e ameaçam até o equilíbrio das contas públicas do País. O prejuízo das seguradoras com o pagamento de seguros de automóveis, casas e empresas deve ser gigantesco. Também existe a tendência de aumento da inadimplência entre pessoas físicas e jurídicas do estado. O resultado final de tudo isso deve ser a queda da taxa de crescimento da economia brasileira.

Para o economista e especialista em gestão de empresas Marcelo Camorim, CEO da Fox Partners, a tragédia no Rio Grande do Sul afetará muito a oferta de produtos agropecuários, como arroz, soja, milho, trigo, suínos e bovinos, o que pode resultar em preços mais altos ao consumidor. Ele lembra que cerca de 70% do arroz consumido em Goiás vem de lá, onde lavouras e armazéns foram inundados, o que deve impactar diretamente na cesta básica e na inflação.&nbsp;

“O boletim Focus já projeta uma alta no IPCA por conta da estimativa de alta no custo dos insumos produzidos no Rio Grande do Sul”, alerta Camorim. Ele ressalta que o estado também é grande produtor de chapas de madeira, principalmente de pinhos e eucaliptos, o que pode elevar os custos da indústria moveleira nacional. “Existe a preocupação com a possível escassez de insumos para vários segmentos da indústria, o que prejudicará a oferta de produtos no comércio”, diz.

Outro grande impacto, segundo ele, será nas contas públicas, pois a dívida do Rio Grande do Sul com a União, que já ultrapassa os R$ 100 bilhões, só vai aumentar. Vale lembrar que já foram liberados R$ 50 bilhões a título de emergência para salvar vidas. “Isso num momento em que o governo tentava zerar o déficit fiscal até 2024, o que deve ficar mais difícil agora”, prevê o economista. 
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PIB

Cláudio Henrique de Oliveira, assessor econômico da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), lembra que o Rio Grande do Sul responde por 6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e tem um grande peso na produção de grãos, bovinos, suínos e aves.

“Eles também são fortes na construção civil, indústria de alimentos, máquinas e equipamentos e na fabricação de produtos químicos”, destaca.

O Rio Grande do Sul produz muitos fertilizantes e ração da indústria gaúcha, e dificuldades logísticas para o transporte destes produtos podem prejudicar Goiás e outros estados.

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“Eles são maiores produtores brasileiros de soja, com 6,5 milhões de toneladas, e 30% das lavouras ainda não haviam sido colhidas”, informa o economista. Mas, segundo ele, isso pode beneficiar outras regiões produtoras, que podem ter preços melhores no mercado.

Na bovinocultura, pastos foram alagados, resultando na morte de muitos animais, e há dificuldade de transporte de bovinos para frigoríficos, comprometendo os abates. “Menos oferta significa preços mais altos no mercado, fora a especulação, que pode resultar em aumentos ainda maiores”, alerta.

Outro grande problema deve ocorrer no cumprimento de contratos futuros, pois muitas lavouras afetadas por alagamentos já estavam vendidas. Oliveira ressalta que também há uma tendência de elevação do endividamento bancário de consumidores, produtores rurais e empresas, além de um maior uso dos seguros, o que afetará diretamente as instituições financeiras e a oferta de crédito no mercado. A estimativa das seguradoras é que este seja o maior sinistro da história.

Amplitude

O economista Bruno Ribeiro, consultor econômico da Fecomércio-GO, lembra que o Rio Grande do Sul é um dos estados que mais puxam o PIB nacional, principalmente nos segmentos da agropecuária e indústria. “O estado produz 70% do arroz consumido no País, teve perdas grandes nas safras de milho e soja, tem dificuldade para escoamento da produção e perdas em armazéns por conta dos alagamentos. Os prejuízos serão sentidos de forma ampla”, adverte.

Bruno Ribeiro explica que, quando há uma calamidade desta magnitude, comparável a um estado de guerra, há uma estagnação da produção que gera um processo inflacionário, o que é muito ruim para a economia nacional. “Uma das maiores preocupações é que eles são grandes produtores de itens da cesta básica”, destaca.

Porém, o economista lembra que existem outros efeitos colaterais na economia, como a desaceleração no processo de queda da taxa básica de juros, a Selic. Ele também aponta a pressão sobre as contas públicas, pois os repasses para o estado gaúcho serão na casa dos bilhões, o que endivida o governo e pressiona os juros por conta da pressão inflacionária.

“Além da crise humanitária, também temos muitas perdas de complexos fabris no estado e estradas bloqueadas prejudicam o escoamento de insumos e produtos. É uma situação muito desfavorável”, avalia Bruno Ribeiro.

O também economista Ildefonso Camargo Júnior, CEO da Valorimex Assessoria e Consultoria Empresarial, alerta que qualquer impacto ambiental costuma ter uma morosidade maior para recuperação de prejuízos. Por isso, ele acredita que ainda é cedo para fazer previsões assertivas sobre os reflexos de todas as perdas na economia nacional, principalmente porque os alagamentos ainda não acabaram.

Porém, Camargo lembra que o Rio Grande do Sul é um estado muito significativo na economia brasileira, por conta de sua grande geração de riquezas, principalmente na produção agropecuária e industrial. “Se tudo isso tivesse ocorrido numa outra região do País, talvez o impacto não seria tão grande como será”, adverte.

Os reflexos na logística também são enormes. “Muitas matérias-primas não conseguem chegar às indústrias”, destaca.

O estado é o maior produtor de couros do Brasil e o produto tem dificuldade de chegar a indústrias, como a calçadista e até automobilística. “É um efeito cascata que afeta toda a economia do País”, avalia o CEO da Valorimex.

Ele também admite que haverá uma grande pressão nas contas públicas, mas acredita que, neste caso, não pode haver teto de gastos, em prol da economia do País.

<div attr-cid="policy:1.3136850" attr-version="policy:1.3136850:1715736980" class="p-smartmidiabox">-<a class="p-smartembed" data-onecms-id="policy:1.3136850" data-onecms-type="article" href="javascript:window.parent.actionEventData({$contentId:'1.3136850', $action:'view', $target:'work'})" polopoly:contentid="policy:1.3136850">Impactos estimados (1.3136850)</a></div>