O canal no YouTube do goiano Gustavo Gayer (DC) foi listado por relatório do Google enviado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid como o 2º que mais ganhou dinheiro com a publicação de desinformação relacionada à pandemia entre os vídeos analisados.Segundo o levantamento, Gayer recebeu R$ 40 mil por audiência e publicidade de 56 vídeos, que já foram apagados da rede social pelo YouTube ou pelo próprio usuário, após serem identificados como disseminadores de notícias falsas. Os dados, publicados pelo jornal O Globo, foram enviados pela empresa de tecnologia a pedido da CPI e são sigilosos.Gayer foi derrotado na disputa pela Prefeitura de Goiânia em 2020, quando recebeu 45.928 votos (7,62%). Em Goiás, ele é representante de grupos conservadores e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). No levantamento do Google, o goiano aparece após o jornalista Alexandre Garcia, que recebeu R$ 70 mil e teve 126 vídeos apagados por ele ou pelo YouTube. Entre os primeiros colocados também estão Notícias Política BR, que recebeu R$ 20,7 mil, e Brasil Notícias, com R$ 17,7 mil.Segundo O Globo, a empresa de tecnologia forneceu dados sobre 385 vídeos de 34 canais, que foram identificados como responsáveis pela divulgação de desinformação. Do total, 90 vídeos não geraram renda aos responsáveis. O Google afirma no documento que os vídeos estão fora do ar e alguns deles desrespeitam os termos de uso da plataforma.OrquestradoO senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi responsável por fazer o pedido de informações sobre os vídeos. No requerimento, o parlamentar classificou a divulgação de fake news relacionada à pandemia como “ação orquestrada” e disse que a questão provoca consequências diretas no agravamento do números de mortes no Brasil provocadas pela Covid-19.“Só foi possível chegar a essa situação catastrófica por conta dos inúmeros e sucessivos erros e omissões do governo no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil”, disse o senador, após citar dados do impacto da Covid-19 no País.Em nota, Gayer diz que o relatório mostra o número de vídeos apagados do canal no Youtube que leva seu nome, mas informou que o mesmo conteúdo está publicado em outra página, chamada Papo Conservador. Segundo ele, em nenhuma parte o relatório do Google usa o termo “fake news” para descrever seus vídeos.Gayer diz que “esse rótulo” foi usado por membros da CPI e “ecoado pela grande mídia”. Gayer ainda ressaltou que o valor de R$ 40 mil é relacionado à monetização dos vídeos, como acontece com outros canais.Desde a publicação dos dados do levantamento, na sexta-feira (11), Gayer tem zombado da situação em suas redes sociais. Ele divulgou o conteúdo de uma conversa por e-mail com a produção de uma televisão da capital, em que a equipe solicitou posicionamento sobre as informações do Google.Em resposta, Gayer disse que seu posicionamento é “deitado comendo pipoca e tomando refrigerante” e afirmou que a imprensa usa “pseudo notícias para me denegrir”.Entre os títulos de vídeos de Gayer citados por Randolfe em seu pedido estão “Em 36 municípios gaúchos, os resultados do precoce”, “Vacinação brasileira já entre as mais rápidas”, “O cruel pedido para banir tratamento de covid” e “As vacinas e os disfarces do vírus”.