Karla Jaime

IAGO na Estrada, ferramenta com uso de inteligência artificial (IA), vai permitir o acompanhamento em tempo real da situação das rodovias goianas com a utilização de equipamento que vai captar imagens para a identificação de problemas. A própria IA analisará a natureza dos defeitos constatados na malha rodoviária, para verificar se o que foi contratado na obra é o que foi entregue, encaminhando as informações às equipes de auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO).

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Dividida em duas vertentes, IAGO na Estrada e IAGO DOCs, a ferramenta é uma das novidades em utilização da tecnologia para contribuir com o controle dos recursos públicos lançadas nesta segunda-feira (30) pelo TCE-GO. Outra é o Observatório de Políticas Públicas. Ambas foram apresentadas durante o 1º Encontro de Inteligência Artificial e Políticas Públicas.

O presidente do TCE-GO, Saulo Mesquita, explica que IAGO na Estrada vai possibilitar a elaboração de relatórios a serem encaminhados aos conselheiros e aos próprios gestores. A depender da natureza dos problemas, diz ele, o tribunal poderá deslocar seu laboratório móvel para a realização de ensaios técnicos in loco. Essa operação resultará em agilidade e diminuição de custos, evitando deslocamentos de auditores e longo tempo despendido nessas atividades.

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Ainda segundo Mesquita, o uso da ferramenta de IA deve começar a produzir resultados efetivos já no próximo ano, uma vez que o veículo entrará em fase de testes, visando ao calibramento do software e ao treinamento da ferramenta de inteligência artificial para que possa ser provida das trilhas de conhecimento necessárias ao seu pleno desempenho.

No caso de IAGO DOCs, também se busca o aprimoramento dos processos, mediante o fornecimento de informações e análises que tornem mais ágeis as conclusões de auditoria.

As novas ferramentas tecnológicas, concebidas no bojo do ecossistema da Inteligência Artificial do TCE (IAGO), estão sendo desenvolvidas em convênio com o Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia), da Universidade Federal de Goiás (UFG). O objetivo é conferir eficácia, eficiência e efetividade na fiscalização. A parceria com o Ceia-UFG começou há cinco meses e deve se estender por três anos.

“Os dados obtidos contribuirão para a transparência das políticas públicas na medida em que, por sua natureza, permitirão à população interessada o conhecimento a respeito da higidez de nossa malha viária, incrementando, assim, a participação da sociedade e o efetivo exercício do controle social”, observa o presidente do TCE-GO.

O Observatório de Políticas Públicas pode ser acessado por QR Code. Segundo o TCE-GO, ele “organiza e traduz em linguagem gráfica e acessível os indicadores e dados relacionados a cada política pública”. Ainda segundo o tribunal, “é repositório de informações sobre as principais políticas públicas em execução pelo Estado de Goiás”.

Presente à abertura do evento, o governador Ronaldo Caiado UB) destacou que as pessoas querem que o dinheiro público seja corretamente aplicado e que o TCE-GO, ao adotar em sua fiscalização esses recursos tecnológicos, auxilia o Estado com indicadores confiáveis para melhorar a sua atuação. Caiado ressaltou a importância do trabalho harmônico entre as instituições em Goiás para um serviço público cada vez mais eficiente.

Também na abertura, o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, desembargador Carlos Alberto França, apresentou as principais parcerias do Judiciário com o TCE-GO no uso de inteligência artificial. Para ele, o setor público não pode mais abrir mão do uso dessa tecnologia, que representa a supressão das atividades repetitivas para a otimização dos recursos humanos nas tarefas em que são realmente necessários.

Dentre os termos de cooperação entre TJ-GO e TCE-GO, França destacou o projeto de IA aplicado à comunicação processual e linguagem simples, a cessão de módulos dos sistemas administrativos e os laboratórios de inovação.

IA vai monitorar condição de rodovias goianas em tempo real

Política

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Fiscalização

Gastos com pessoal do TCE-GO

O Tribunal de Contas de Goiás (TCE-GO) está entre os órgãos de controle estaduais que mais gastaram com o pagamento líquido de conselheiros entre janeiro e outubro de 2024. Um levantamento publicado nesta semana pela Fiquem Sabendo, organização sem fins lucrativos especializada em transparência pública, aponta que o tribunal goiano é o 3º colocado em lista de 13 instituições que divulgam os dados de forma acessível em seus portais.

No TCE-GO, o gasto apurado pelo estudo foi de R$ 4,4 milhões. No entanto, em novembro, quando o levantamento foi feito, os dados de agosto e outubro de Goiás ainda não estavam disponíveis. Com a inclusão da despesa destes dois meses no Portal da Transparência, o gasto com pagamento dos conselheiros subiu para R$ 5,4 milhões. Com este resultado, o TCE-GO continua na mesma classificação do ranking. O valor é referente à despesa com membros ativos, aposentados e pensionistas.

O TCE-GO é composto atualmente por sete conselheiros. Em outubro, o pagamento líquido a titulares foi de R$ 217 mil. Já a lista de aposentados e pensionistas tem 11 nomes, que tiveram, juntos, rendimento líquido de R$ 263 mil. O pagamento líquido total do mês passado foi de R$ 480 mil. Os números são de planilha extraída pela reportagem do site do TCE-GO às 17h29 desta sexta-feira (6).

Além do vencimento de R$ 39,7 mil, a remuneração dos conselheiros titulares do TCE-GO também é formada por pagamento de penduricalhos, como gratificação por função comissionada e benefícios que são classificados no Portal da Transparência como “indenizações e diferenças retroativas”.

Em janeiro deste ano, o tribunal registrou pagamento de altos valores aos conselheiros. Em 11 casos (ativos e inativos), os valores recebidos superaram R$ 50 mil. O maior valor unitário foi de R$ 62 mil. Em nota, o TCE-GO informou que em janeiro de 2024 houve o pagamento do 13º salário (a primeira parcela é sempre paga neste mês, para servidores e membros). O texto afirma que “todas as verbas remuneratórias, contudo, foram objeto de corte em submissão ao teto constitucional”.

Quanto ao levantamento da Fiquem Sabendo de forma geral, o tribunal informou que “toda a composição dos vencimentos é realizada com a devida observância às disposições legais”. A instituição também afirmou que os conselheiros têm seus vencimentos estabelecidos em simetria com os da magistratura, com as parcelas de gratificação por exercício de função, auxílio saúde e, para aqueles que já preenchem os requisitos de aposentadoria, abono de permanência. Segundo o tribunal, o campo de indenizações se refere ao acervo processual.

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Nacional

O levantamento da Fiquem Sabendo mostra o Tribunal de Contas de Roraima (TCE-RR) com a maior despesa com conselheiros, R$ 12,6 milhões de janeiro a outubro de 2024. Em segundo lugar na lista está o Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), com R$ 7,8 milhões. O estudo mostra que dos 27 tribunais estaduais, 14 não divulgam os dados de forma integralmente acessível e aberta ao público. Por este motivo, o levantamento foi publicado com lista de 13 TCEs.

Cofundador da Fiquem Sabendo, Bruno Morassutti afirmou que a expectativa sobre os tribunais de contas é de exemplo institucional, já que são os órgãos responsáveis pela fiscalização de estados e municípios (Goiás é um dos três estados brasileiros que ainda possui tribunal específico para acompanhar gastos das prefeituras, nas demais unidades da federação, este papel é dos tribunais estaduais).

“Quando o tribunal de contas tem um problema de transparência, em alguns casos, até grave, isso gera um indicativo, para quem está sendo fiscalizado, de que, no mínimo, a transparência não é uma prioridade”, disse Morassutti. O cofundador afirma que existem alguns tipos de dados que a divulgação não é simples, “mas se tratando de informações sobre remuneração de agentes públicos, é muito feijão com arroz”. “É o tipo de informação que já temos direito de acesso há muito tempo. O fato de que, em 2024, temos dificuldade de acessar, é muito preocupante”, declarou.

No levantamento nacional, Morassutti também apontou dificuldade envolvendo a falta de padronização de nomenclaturas e procedimentos nas informações dos tribunais, o que dificulta a comparação dos dados. O cofundador cita que os tribunais, embora independentes, têm diálogo institucional e discutem a padronização de processos dos entes que fiscalizam, e este poderia ser um caminho adotado pelos próprios órgãos de controle.

TCE-GO tem 3º maior gasto do país com conselheiros

Despesas públicas

O advento das novas tecnologias tem sido, sem lugar para dúvida, o aspecto mais impactante no campo das atividades econômicas, não apenas para o universo das finanças, mas também para o setor produtivo. Esse avanço acelerado tem gerado novas oportunidades, mas também traz grandes desafios.

No que diz respeito mais especificamente às atividades das Juntas Comerciais, essas ferramentas – e, sobretudo, a Inteligência Artificial – revelam-se como um recurso cada vez mais estimável em um processo que se tornou a âncora do trabalho diligente nesse setor: o auxílio em processos de dinamização na abertura de negócios e a desburocratização no registro de novas empresas.

Nesse sentido, a Juceg se prepara para dar, no início de 2025, mais um passo para a viabilização desse maior dinamismo, tão importante para o aumento da competitividade de uma economia em escala regional. Isso porque a autarquia encampou a criação de ferramentas de IA capazes de identificar, em uma única varredura, inconsistências nos processos com base no contrato social da nova empresa, na Ficha Cadastral (FC) e do Documento Básico de Entrada na Receita (DBE).

Atualmente, em que pese todo o empenho da Junta goiana na adoção de meios que facilitem registros mercantis e tramitação de processos, a análise é feita de forma predominantemente “humana”, ou seja, após a criação da empresa, cujo tempo de abertura já é um das mais rápidos do Brasil, os processos são submetidos ao crivo de um analista.

Esse profissional, na medida em que procede à verificação técnica dos documentos apresentados, aponta eventuais inconsistências. E assim o processo se desenrola: o analista identifica a incongruência, comunicava-a para o empreendedor para que este, então, proceda a correção necessária.

O problema é, como não podia deixar de ser, a quantidade de tempo demandado para vencer essa etapa burocrática pós-abertura, que pode levar semanas para ser concluída, com os documentos finalmente prontos e sem qualquer tipo de vício que comprometa seu andamento mais adiante.

Com a adoção das novas ferramentas, a IA utilizará uma massiva base de dados para identificar padrões e possíveis irregularidades. Ao receber os documentos digitalizados, o sistema os submete de imediato à análise segundo tais padrões. Os eventuais erros são identificados, apresentados em conjunto e de uma só vez para que possam ser solucionados de forma célere e eficiente.

Assim, um procedimento que durava horas passa a levar apenas alguns segundos. Surpreende a quantidade de recursos – monetários, humanos e, obviamente, de tempo demandado – poupados pelo empreendedor ao iniciar suas atividades.

Dessa forma, a Juceg, já reconhecida nacionalmente pela celeridade do serviço prestado, avança mais uma etapa no sentido de aumentar a competitividade da economia goiana lá onde mais importa: na ponta da cadeia produtiva, no momento em que novas iniciativas no campo da produtividade e da prosperidade estão em sua fase inicial.

Euclides Barbo Siqueira, presidente da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg)

IA: avanço na desburocratização

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Euclides Barbo Siqueira

Recursos para inovar

A startup goiana Biotech Tecnologia Genômica, encubada no Centro de Empreendedorismo e Incubação (CEI) da UFG, que criou um kit de diagnóstico molecular pela tecnologia LAMP para testes rápidos e baratos, foi uma das contempladas com o Prêmio Fieg. A diretora e cofundadora da Biotech, Elisângela de Paula, lembra que a nova técnica concorre com os atuais testes PCR, que é o teste ouro, “mas com execução simples, rápida e de baixo custo”, explica. A estimativa é de que ele custe três vezes menos que o PCR, que exige laboratório e pessoal especializado.&nbsp;

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“É uma técnica inovadora que está saindo do campo da pesquisa para aplicação prática clínica, em testes para doenças como dengue, zica, chikungunya e outras”, informa. O teste conta com maleta pocket, que facilita a execução em qualquer local, sem a necessidade de ambientes laboratoriais sofisticados e pessoal muito capacitado, possibilitando que unidades de saúde recebam os resultados em tempo real.&nbsp;

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/gestores-precisam-se-abrir-mais-para-a-inovac-o-1.3191690" target="_blank">Gestores precisam se abrir mais para a inovação</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/industria-que-e-referencia-em-inovac-o-1.3191683" target="_blank">Indústria que é referência em inovação</a></div>

A empresa, que está entre as 100 startups to Watch 2024, melhores para se investir, está a procura de investidores para alavancar o projeto. 
 
Há 14 anos, o Senai começou a ajudar a indústria na área de tecnologia e informação, quando percebeu o avanço da desindustrialização, que ainda está acima de 10% ao ano. Contra isso, a palavra de ordem é inovação. O gerente de Tecnologia e Inovação do Senai Goiás, Rolando Vargas Vallejos, lembra que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) desenvolve projetos para ajudar a indústria a ser mais competitiva e criou os Institutos do Senai, um modelo alemão que ajuda a indústria com maior velocidade.&nbsp; 
 
Os institutos de tecnologia e inovação se tornaram o braço forte do Senai, que antes era conhecido só pela profissionalização. São mais de 80 no Brasil, resultado de mais de US$ 4 bilhões em investimentos. Em Goiás são dois: de Alimentos e Bebidas e de Automação, certificados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) e pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), que fazem avaliação de qualidade de produtos.&nbsp; 
 
“Nossos institutos não devem nada aos de outros países. Somos o único laboratório do Norte e Centro-Oeste com esta certificação para produtos de origem animal, que antes eram mandados para laboratórios credenciados no Sudeste do País”, lembra Vargas. Agora, equipes de consultores vão às indústrias para ajudá-las a melhorarem seus produtos. “Também ajudamos a desenvolver novos produtos e processos”, ressalta. 
 
Para isso, o Senai busca editais de inovação em instituições como Finep, CNPQ, Sebrae, BNDES e Fapeg. Muitas indústrias tiveram seus produtos premiados nacionalmente. Ele lembra que inovação tem custos porque exige pesquisas especializadas, com mestres e doutores capacitados, laboratórios e equipamentos. “Não é simples inovar, mas no Senai temos equipamentos para apoiar a indústria”, garante. Ele informa que, em breve, será lançado um novo edital de inovação para ajudar micro e pequenas empresas em seus projetos. No primeiro ciclo, cada uma recebeu R$ 150 mil. Agora, até seis indústrias serão contempladas. 
 
O Ceia (Centro de Excelência em Inteligência Artificial) da UFG começou a fazer projetos de inovação personalizados para empresas há 12 anos. Anderson Soares, coordenador científico do Ceia, lembra que mais empresas foram procurando a instituição. “Quando ocorreu este boom da IA no mundo já estávamos bem posicionados.”&nbsp; 
 
Em 2019, a Fapeg patrocinou um crescimento desta iniciativa. “Fazíamos dois ou três projetos por ano e, hoje, já são 30. Captávamos R$ 5 milhões da iniciativa privada e, hoje, são R$ 70 milhões. A Fapeg investiu R$ 12 milhões em 2019 e os investimentos trazidos já pagaram esta conta”, relata.&nbsp; 
 
Neste período, a universidade investiu em novas competências e criou o primeiro bacharelado em IA do País. Hoje, as empresas levam demandas ao Ceia que resultam em processos inovadores. “Hoje, são mais de 60 milhões de pessoas no País usando algum produto que ajudamos a construir. Em estratégias em IA, Goiás já deu três voltas no circuito, enquanto ainda estão na largada em nível nacional”, compara o professor. 
 
As empresas procuram a instituição, que avalia a viabilidade do projeto, mas a demanda é muito maior do que é possível executar. No início do ano, 26 esperavam uma vaga. O estado entra com o apoio na infraestrutura, que é cara. “Estamos investindo mais de R$ 40 milhões em supercomputadores, com recursos do governo Goiás e do Ministério de Ciência e Tecnologia. Pela primeira vez no Hemisfério Sul, alguém está comprando um supercomputador de IA atualizado no lançamento”, ressalta. O custo dos projetos é elevado: um projeto de IA não sai por menos de R$ 300 mil.

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Desindustrialização cede com avanços em tecnologia e IA

Economia

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Inovação

Com foco nas necessidades locais, a inteligência artificial (IA) impulsiona a inovação e a competitividade do país, aponta Rafael Parente, pós-doutor em Desenvolvimento Educacional Internacional pela Universidade de Nova York, ao avaliar o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (Pbia), cujo esboço foi apresentado em agosto.

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Ele lembra, porém, que o Brasil enfrenta desafios significativos, como a falta de infraestrutura adequada em muitas regiões e de acesso à internet, além da necessidade de políticas efetivas de formação continuada para professores.

“Urge investir em políticas públicas que garantam que as ferramentas de IA cheguem a todas as escolas, especialmente as mais vulneráveis”, defende, ao reconhecer acentuada desigualdade no país no acesso às oportunidades de formação e inserção no mercado de trabalho.

<div class="p-readmore-box"><a href="https://opopular.com.br/economia/ia-otimiza-gest-o-e-venda-no-varejo-1.3179373" target="_blank">IA otimiza gestão e venda no varejo</a> 
<a href="https://opopular.com.br/politica/mobilidade-e-a-otimizac-o-do-brt-de-goiania-1.3180272" target="_blank">Mobilidade e a otimização do BRT de Goiânia</a></div>

O especialista enfatiza a importância de ações afirmativas para que grupos historicamente marginalizados tenham acesso equitativo às novas oportunidades geradas pela IA. Cita programas de infraestrutura e formação tecnológica para assegurar participação ativa na economia digital e a redução da desigualdade.

Rafael Parente participou em Goiânia, em agosto, do 4º Etos.IA Provocações, um debate sobre desafios éticos e oportunidades da IA na educação, como parte de uma rodada de eventos que antecipa a 1ª Cúpula Internacional de Ética no Setor Público, prevista para maio do próximo ano.

Diretor-executivo do Instituto Salto e membro da Comissão Técnica do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), ele concedeu entrevista ao POPULAR, dentro do projeto IAí?, do Grupo Jaime Câmara, que tem como objetivo ampliar as discussões sobre inteligência artificial.

No debate em Goiânia sobre desafios éticos e oportunidades da inteligência artificial (IA) na educação, quais as principais preocupações que emergiram?

As principais preocupações se concentraram na potencial desigualdade gerada pela IA, exacerbando as diferenças no acesso às melhores oportunidades educacionais. Também se destacou a importância de garantir que a IA seja uma ferramenta a serviço da inclusão, complementando o papel dos educadores em vez de substituí-los. A transparência no uso de dados dos estudantes e a garantia da privacidade foram outros pontos cruciais levantados no debate.

<h3>Para bom uso de tecnologias digitais no ensino, agora com mais acesso a ferramentas de inteligência artificial, quais são os maiores desafios no Brasil?</h3>

O Brasil enfrenta desafios significativos, como a falta de infraestrutura adequada em muitas regiões, incluindo o acesso à internet, e a necessidade de políticas efetivas de formação continuada para professores. Urge investir em políticas públicas que garantam que as ferramentas de IA cheguem a todas as escolas, especialmente as mais vulneráveis. Além disso, é fundamental preparar os educadores para integrar essas tecnologias de forma crítica e responsável, evitando usos superficiais ou que reproduzam desigualdades e preconceitos.

<h3>Já dispomos de políticas públicas eficientes para diminuir as desigualdades de acesso ao mundo digital e à formação crítica para lidar com o manancial cada vez maior de informações e possibilidades?</h3>

Embora tenhamos avançado com iniciativas como o Plano Nacional de Educação e programas de inclusão digital, ainda há muito a ser feito. Falta maior coordenação entre as diferentes esferas e áreas dos governos e investimentos mais robustos para garantir a implementação efetiva dessas políticas em todo o país. É essencial criar mais programas que promovam a formação crítica para que as tecnologias sejam integradas de forma eficaz em suas práticas de ensino.

<h3>Concorda com os alertas de especialistas segundo os quais o avanço da IA já está acentuando o fosso entre os que detêm conhecimentos digitais e os que seguem à margem desse processo?</h3>

Sim, concordo. A IA tende a beneficiar inicialmente aqueles com maior acesso a oportunidades educacionais, infraestrutura e domínio de competências de comunicação, linguagem (incluindo a lógico-matemática) e digitais, ampliando o abismo entre os que lideram essas mudanças e os que ficam à margem. Políticas públicas devem garantir que as tecnologias sejam ferramentas de inclusão. Ações afirmativas são cruciais para assegurar que grupos historicamente marginalizados tenham acesso equitativo às novas oportunidades geradas pela IA, integrando-as em programas de infraestrutura e formação tecnológica para que participem ativamente da economia digital e reduzam a desigualdade.

<h3>O senhor avalia que já existem impactos do uso de IA, positivos e negativos, no mercado de trabalho?</h3>

Com certeza. A IA já está transformando o mercado de trabalho, com impactos positivos como o aumento da eficiência em diversos setores e a criação de novos empregos especializados. No entanto, também há desafios, como a automação de funções repetitivas, que pode levar ao desemprego de trabalhadores menos qualificados. O grande desafio é preparar a força de trabalho para essa transição, investindo em uma requalificação gigantesca, efetiva e acelerada para que ocupem as novas funções que estão surgindo.

<h3>Quais as perspectivas socioeconômicas a partir dessas mudanças aceleradas causadas pelas ferramentas digitais e a evolução da IA generativa?</h3>

As perspectivas são complexas. A IA generativa tem potencial para aumentar a produtividade e fomentar a inovação, gerando crescimento econômico. Porém, existe o risco de ampliar desigualdades sociais se não for bem regulada e democratizada. É fundamental garantir que o desenvolvimento dessas ferramentas seja inclusivo e que os benefícios sejam distribuídos de forma equitativa. Para isso, são necessárias políticas intersetoriais que integrem tecnologia, educação, saúde e empregabilidade, respondendo às rápidas mudanças no mercado de trabalho e assegurando que ninguém, em especial os historicamente excluídos, seja deixado para trás.

<h3>Como avalia o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (Pbia), cujo esboço foi apresentado em agosto, especialmente no que se refere ao foco em formação de pessoas para trabalhar com IA?</h3>

O Pbia é um passo importante, pois reconhece a necessidade urgente de preparar o Brasil para as demandas tecnológicas do futuro. O foco na formação de pessoas para trabalhar com IA é essencial, mas é igualmente crucial garantir que essa formação seja acessível a todos os brasileiros, independentemente da região ou classe social. Isso vai além da criação de cursos — é necessário assegurar o acesso a ferramentas e infraestrutura para que os estudantes se qualifiquem e possam competir no mercado de trabalho global. O foco na formação de talentos demonstra uma visão de longo prazo, preparando a força de trabalho para as demandas futuras e impulsionando a inovação no país. A proposta de capacitação, desde a educação básica até a pós-graduação, garante que a IA seja integrada em todos os níveis de ensino. Ao investir na formação, o Pbia pode gerar um ciclo virtuoso, criando profissionais qualificados que, por sua vez, impulsionarão o desenvolvimento de soluções e aplicações de IA, gerando valor para a sociedade e a economia.

<h3>Quanto à execução do Plano Brasileiro de IA, há condições para atingir as metas?</h3>

Três pontos são fundamentais para o seu sucesso. Implementação eficiente: é fundamental que os recursos e investimentos sejam alocados de maneira eficiente e transparente, com mecanismos claros de monitoramento e avaliação contínua dos resultados, garantindo que as metas sejam cumpridas. Parcerias: a colaboração entre governo, academia e setor privado será essencial para que os programas de formação estejam alinhados com as demandas do mercado, garantindo que o conhecimento transmitido seja relevante e atualizado. Atualização contínua: como a IA é uma área em rápida evolução, os programas de formação precisam ser constantemente atualizados para incorporar novas tecnologias e tendências, assegurando que os profissionais brasileiros estejam sempre na vanguarda da inovação.

<h3>O Pbia propõe uma IA mais focada na realidade do Brasil, a começar pelo idioma e base de dados. Como vê essa proposta?</h3>

A proposta é fundamental para que a IA seja realmente transformadora e inclusiva no país. Desenvolver IA com foco no idioma, na base de dados e nas necessidades locais permite aplicações mais eficazes em áreas cruciais, como educação, saúde e preservação cultural. Os principais benefícios são os seguintes: Maior acessibilidade: supera barreiras linguísticas e culturais, beneficiando mais pessoas. Relevância e impacto: soluções desenvolvidas para o contexto brasileiro têm maior potencial de gerar impacto positivo. Preservação cultural: IA pode ser usada para valorizar e preservar a diversidade cultural, como em projetos de memória e tradução de línguas indígenas. Inovação e competitividade: o desenvolvimento de IA focada nas necessidades locais impulsiona a inovação e a competitividade do país.

"É urgente fazer da IA ferramenta a serviço da inclusão", afirma Rafael Parente

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