“Nós não temos o costume de apoiar candidaturas majoritárias, mas nós precisamos de vereador e deputado. A igreja precisa constantemente. As demandas são muitas”, disse o pastor Aluízio Silva a um séquito de cerca de 50 mil fiéis que lotou o Estádio Serra Dourada no dia 7 de setembro, durante o evento em comemoração dos 25 anos da Igreja Videira, fundada por ele.

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A declaração ocorreu em um momento simbólico do evento, quando diversas autoridades e políticos foram chamados ao centro do palco para receber oração – entre eles os candidatos à Prefeitura de Goiânia, o senador Vanderlan Cardoso (PSD), o empresário Sandro Mabel (UB), e o prefeito Rogério Cruz (SD). Nenhum deles fez uso da palavra.

Antes da oração, porém, enquanto elencava motivos de agradecimentos às autoridades e falava do entendimento da igreja sobre política, Aluízio reforçou o peso que as eleições proporcionais têm para a Videira. Foi nesse momento que apresentou seu genro, o administrador Silvio Vaz, candidato a vereador por Goiânia pelo MDB e a quem descreveu como alguém “que tem aspiração política”. “Lembra de mim quando você pensar no Silvio; lembra do vosso pastor e da nossa igreja”, disse.

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A cena ajuda a compreender uma conduta que já se vê em diversas cidades do país e que também se espelha especialmente nas grandes igrejas em Goiânia em época de eleição: quando os líderes religiosos optam por escolher e endossar as candidaturas proporcionais, no intuito de ampliar os expoentes do segmento no Legislativo.

Para o cientista Político e professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) Pedro Pietrafesa, as igrejas evangélicas, de forma crescente, têm se preocupado em ocupar as instâncias políticas para propor leis e pressionar em favor de suas pautas. Esse movimento, segundo ele, está longe de ser espontâneo, sendo fruto de uma estratégia bem delineada.

“As denominações evangélicas têm sim essa preocupação de ocupar as instâncias políticas. Não à toa, candidatos vão às igrejas, cultos, para poder se apresentar não só como representantes desse segmento, mas para que tenham também votos necessários para ganhar eleições.”, explica.

O crescimento do número de evangélicos no Brasil, segundo Pietrafesa, levou a uma maior influência desse grupo nas diversas esferas do poder, incluindo o Executivo e o Judiciário. “O que se tem é uma profissionalização das denominações de como seus candidatos podem ter capilaridade para ganhar eleições, depois ter visibilidade (...) A gente nunca pode negligenciar e achar que é tudo feito de maneira espontânea”, diz.

Ainda que com nuances próprias, a Igreja Luz Para Os Povos adota uma estratégia semelhante à da Videira para tratar de política. Fundada pelo apóstolo Sinomar Silveira, morto no mês passado, a denominação tem histórico de relações com o poder e já foi representada tanto na Câmara Municipal quanto na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) pelo pastor Simeyzon Silveira, filho de Sinomar. Ele diz à reportagem que, nesta eleição, a igreja apoia o projeto de reeleição do vereador Raphael da Saúde (SD). “Tem outros candidatos dentro da igreja, mas o candidato que é reconhecido como candidato da igreja é ele”, afirma.

Segundo Simeyzon, não há intenção de aderir à tática de usar o púlpito para erguer o nome de um candidato. “A gente usa muito o trabalho nas casas. Mas no culto não se faz nenhum tipo de campanha. Não damos a palavra para nenhum candidato. O máximo que se faz é uma oração”, afirma. “Nas casas, é mais a parte de conscientização da importância que o segmento tem no processo eleitoral de eleger seus representantes, o envolvimento das pessoas para o processo eleitoral”, complementa.

A Assembleia de Deus Campo Campinas também guarda similaridades com outras denominações ao influir politicamente por meio de seus representantes. Não raro, tem o costume de receber as autoridades goianas em ocasiões especiais. No mês passado, por exemplo, no aniversário do pastor Abinair Vargas, a igreja reuniu no mesmo púlpito figuras antagônicas como o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) e o atual vice-governador Daniel Vilela (MDB).

Nesta eleição, a denominação direciona apoio a três nomes do Podemos: a vereadora Léia Klebia, que busca se reeleger, o ex-vereador Divino Rodrigues e o ex-assessor da secretaria estadual de Educação Lucca Perdigão.

A filiação dos candidatos à mesma sigla não é por acaso. O bispo Oídes José do Carmo, presidente do Campo Campinas e também da Convenção Estadual dos Ministros Evangélicos das Assembleias de Deus de Goiás (Conemad-GO), afirma ao POPULAR que trata-se de uma estratégia para não dispersar os votos e garantir a cooperação mútua entre os três postulantes à Câmara de Goiânia.

É a liderança da igreja, inclusive, que filtra quem são os membros que pretendem se candidatar e os que têm chance de vitória, dado a dimensão de seus projetos e o estofo de cada um deles. Só após essa triagem que a denominação passa então a apoiar as candidaturas. “Não importa o partido em que ele está, desde que o partido seja de direita, porque essa é a posição da ideologia cristã”, diz Oídes.

Sobre a atuação, o bispo afirma que, normalmente, os postulantes aos cargos proporcionais “não sobem em púlpito, não têm direito à palavra, e nem pastor fica falando deles”. “O trabalho é feito mesmo na rua, nas casas, em reuniões que eles promovem nos bairros, às vezes em salões de eventos, residências… Onde a lei permite”, prossegue.

<h2>Fragmentação </h2>

Vinicius do Valle, doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP) e diretor do Observatório Evangélico, aponta para uma fragmentação no apoio evangélico, especialmente nas eleições proporcionais, em que as igrejas não têm a mesma unanimidade vista nas eleições majoritárias. “Na eleição municipal há uma dinâmica em que as igrejas têm menos unanimidade e coordenação entre si para apoio ao Executivo, mas paralelamente a gente tem essas igrejas saindo cada uma por si ou em alianças entre ministérios e grupos”, observa.

Valle afirma que, no contexto municipal, muitas vezes, as igrejas competem entre si ao lançar seus candidatos ao Legislativo. Isso faz com que esses candidatos estejam em chapas diferentes, apoiando prefeitos distintos, o que difere do cenário unificado visto em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições passadas.

Já pastor Gentil Rosa, líder da Igreja Bethel, é incisivo ao defender a participação evangélica na política. “Nós não podemos simplesmente cruzar os braços e deixar cada um fazer o que quer. Nós temos que participar, influenciar, ajudar”, diz ele ao POPULAR. Nesta eleição, o apoio é concentrado no projeto de reeleição do vereador Welton Lemos (SD), que chegou à Câmara em 2020. Na visão do pastor, um dos trunfos do trabalho do parlamentar foi não se limitar à questão religiosa.

“Não queremos dizer que nós queremos ocupar todos os espaços; nós queremos que esses espaços sejam ocupados por pessoas que pensam macro, no bem estar de todos. A gente do segmento evangélico tem uma visão macro das coisas. Nós não estamos olhando para o nosso umbigo somente”, defende.

Já a Igreja Universal do Reino de Deus, por sua vez, adota abordagem de oferecer ao seu vereador, Isaías Ribeiro (Republicanos), candidato à reeleição, a liberdade de não colar necessariamente sua imagem à denominação. “Dentro da igreja, não se fala de mim nem de ninguém politicamente. O trabalho é feito da porta pra fora, em reuniões com famílias, feiras, eventos nos bairros”, afirma o parlamentar.

Outro vereador que busca reeleição mas diz não querer ter sua imagem estritamente ligada à igreja é o médico Gian Said (MDB), pastor na Igreja Apostólica Fonte da Vida e genro do apóstolo César Augusto, fundador e líder da denominação. O parlamentar tergiversa aos questionamentos sobre ser endossado pela instituição, contrapondo com amostras de ações na área em que se considera mais atuante – a saúde. No início do mês, César Augusto publicou nas redes sociais vídeo ao lado de Gian, em que o chama de “meu vereador”.

Para Valle, o aumento de representantes religiosos no Legislativo pode gerar uma assimetria. “Você tem uma presença maior de um determinado grupo religioso no Estado, e essa presença faz com que exista uma hierarquia de poder, o que pode implicar em políticas como o estado acabar promovendo uma visão que é a de determinada religião”, afirma o sociólogo.&nbsp;

Igrejas atuam de olho em cadeiras no Legislativo

Política

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Matéria - Política

Câmara de Goiânia

Em semana turbinada de votações e às vésperas do feriado de Natal, a Comissão Mista da Câmara Municipal de Goiânia aprovou, em reunião extraordinária na manhã desta sexta-feira (20), a Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2025. O texto define as receitas e despesas do município no primeiro ano da gestão do prefeito eleito Sandro Mabel (UB), e incluiu uma emenda do presidente da Casa, Romário Policarpo (PRD), que amplia o remanejamento de crédito permitido ao prefeito.Com a nova regra, Mabel poderá remanejar até 50% do orçamento municipal ao longo do ano, sem necessidade de autorização prévia da Câmara. Até 2024, o limite para remanejamento era de 20%. A emenda de Policarpo foi votada em destaque e recebeu a aprovação da maioria dos membros da comissão. Apenas Aava Santiago (PSDB), Fabrício Rosa (PT) e Kátia Maria (PT) posicionaram-se contra. O projeto segue para a primeira votação em plenário, que deve ocorrer na sessão do dia 24 de dezembro.O presidente da Comissão Mista, Cabo Senna (PRD), afirmou que o remanejamento ampliado no orçamento de 2025 garante maior flexibilidade para Mabel implementar projetos prioritários. “Poderá trazer uma tranquilidade maior para Goiânia, principalmente em relação à Saúde”, disse. “Isso será somente no ano de 2025 e, nos outros três anos, ainda será verificada a viabilidade do próximo porcentual”, reforçou o presidente do colegiado.Em coletiva de anúncio de novos secretários de seu futuro governo, nesta sexta, Mabel disse que a LOA de 2025 está sendo projetada com atenção aos riscos de superestimativa de arrecadação e despesas não sustentáveis. “Tem uma previsão enorme para algumas áreas, com uma arrecadação que nós achamos que está superestimada em quase R$ 800 milhões. Não posso fazer um orçamento de despesa baseado numa receita que não existe. Se eu deixar a despesa acontece, e a receita não acontece. Nós estamos calibrando essas coisas e dando possibilidade de nós fazermos algumas mexidas e alguns acertos dentro da cidade”, afirmou. O prefeito eleito também apontou que o orçamento estimado para o próximo ano é de R$ 10,6 bilhões, mas a meta realista será trabalhar com R$ 9 bilhões. Segundo ele, haverá a necessidade de esforços grandes, como a securitização de dívidas. “Agora, se suplementar e gastar mais, é fácil. O duro é você não ter e começar gastando. Aqui se vai gastar uns 70% do que se arrecada”, afirmou.Nesse sentido, Mabel disse que não enxerga a taxa do lixo, sancionada pelo prefeito Rogério Cruz (SD), como uma forma de incrementar receitas, mas, conforme tem repetido, como uma obrigatoriedade prevista em lei. Em relação a projetos específicos para aumentar a receita municipal, o futuro prefeito afirmou que o foco será reduzir despesas e combater a sonegação, em especial no caso do ISS. “O ISS será muito cobrado. Por que? Porque o ISS vai ser a base da distribuição do IBS lá na frente para os municípios”, disse, em referência às mudanças estabelecidas com a reforma tributária. “Se nós não criarmos essa base nos próximos quatro anos, nós não teremos um município com boa distribuição lá na frente. Isso deve dar um incremento de receitas importante. Estou aumentando a tributação? Não. Estou fazendo quem não paga, pagar.”O relator da LOA de 2025, Ronilson Reis (SD), decidiu acolher apenas quatro emendas das 53 apresentadas ao projeto. Entre as aprovações, está a emenda da Mesa Diretora da Câmara, que reajusta a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap). O montante destinado à cota foi ampliado de R$ 6,75 milhões para R$ 7 milhões, um acréscimo destinado a “atender as demandas legislativas” dos parlamentares.Após votação em destaque, duas emendas de Aava foram aprovadas. Com nove votos favoráveis, os textos propõem a criação de um fundo para apoiar eventos culturais, além de mecanismos para garantir o pagamento de artistas.

Emenda na LOA amplia remanejamento do Paço

Diante do apetite de membros da Câmara Municipal de Goiânia por espaços na Prefeitura de Goiânia, o prefeito eleito, Sandro Mabel (UB), admitiu nesta sexta-feira (20), durante o anúncio de quatro novos secretários do seu futuro governo, que tem havido ruídos entre ele e os vereadores no que se refere a indicações de cargos. Mabel, que vem falando abertamente nos últimos dias que fará cortes em comissionados, declarou que esse modelo “a cidade não suporta mais”, citando indiretamente o atual prefeito, Rogério Cruz (SD), ao dizer que a estrutura está “mal acostumada”.“Lógico que está tendo (sobre os ruídos com os parlamentares). O cara tinha uma secretaria fechada inteirinha. Outro tinha outra inteirinha. Todo mundo quer isso. Mas não é isso que a cidade suporta mais”, disse o prefeito eleito, ponderando que não é contra “indicações políticas” e reforçando que as indicações que tem buscado acolher são de pessoas técnicas. “No começo é difícil. O pessoal vem de uma estrutura mal acostumada. Tenho falado para eles (os vereadores): ‘Lembra do Iris, gente. Não lembra do Rogério. Lembra do Iris’. O Iris era mais rígido nesse assunto.”O POPULAR vem noticiando a insatisfação dos vereadores com as promessas de cortes que Mabel tem proferido acerca da estrutura de sua futura administração à frente da capital. O Giro mostrou nesta sexta que, além da intenção de Mabel em não nomear 50% dos cargos, alguns parlamentares já estariam sob aviso que a cota de comissionados de integrante da base não deverá exceder R$ 30 mil. Em meio aos descontentamentos, Mabel fez discurso acenando à paz com o Legislativo durante a cerimônia de diplomação dos eleitos, na quinta-feira (19).Apesar das declarações do futuro prefeito, pelo menos dois nomes anunciados nesta sexta para o primeiro escalão passaram por negociações com lideranças goianas. Um deles é o advogado Juliano Santana, escolhido para comandar a Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária. Além de conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Goiás, Santana atua como diretor de Esportes e Lazer na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e foi indicado pelo grupo ligado ao presidente Bruno Peixoto (UB).Na coletiva, contudo, Mabel negou que a escolha tenha sido exclusivamente de Peixoto. “Vou voltar a dizer: não tenho nada contra indicação. Eu quero gente técnica. Não é indicação do Bruno (Peixoto). É de um grupo de partidos que estiveram junto com a gente na campanha. E ofereceram o nome do Juliano, mas para uma outra pasta. Eu disse não. Aí eu sugeri, quando vi o currículo dele e conversei com ele, que ele pudesse ir para essa outra pasta”, disse o futuro prefeito.Ao citar os motivos da escolha para a pasta de Habitação e Regularização Fundiária, Mabel destacou a formação acadêmica do indicado e afirmou que, com a “grandeza” que a secretaria deve ter, o plano é desencalhar processes de forma rápida, regularizar a média de mil escrituras por mês, e, em parceria com a Agehab, fazer 15 mil moradias para reduzir o déficit habitacional. Outro nome anunciado e que suscitou questionamentos pelo histórico de trabalho foi o do administrador e atual diretor-executivo do Consórcio BRT, Tarcísio Abreu. Ele comandará a secretaria municipal de Engenharia de Trânsito (antiga Mobilidade). Abreu foi presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) na gestão Cruz. Mabel afirmou que não houve tratativas com o prefeito para se chegar ao nome de Abreu, que “nem sabia” que o administrador havia trabalhado com Cruz e que a decisão foi fruto da busca por especialistas na área de mobilidade urbana. “Essa área de Mobilidade tem uma gama de profissionais muito grande para ser utilizada. Ele tem uma experiência muito grande. Para fazer esse projeto que nós queremos com o pessoal dos ônibus, ele veio indicado deles. Trouxeram ele como um profissional. Não tem uma questão de indicação política. Eu não tenho nada contra indicação política. Não houve tratativa com Rogério Cruz”, disse. O futuro prefeito também anunciou Vanderlei Toledo Junior para a secretaria municipal de Articulação Institucional e Captação, área em que há atua há alguns anos. Segundo Mabel, Toledo é um conhecido seu desde o tempo do gestão Paulo Garcia (PT) e que a pasta estará ligada diretamente à vice-prefeitura e terá estrutura mais aprimorada, com procuradoria e setor de licitação e contratos. O empresário na área de tecnologia e atual diretor na Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Goiás (Acieg), Fábio Christino, assumirá a secretaria municipal de Ciência e Tecnologia. Mabel enfatizou, ao anunciar seu nome, que Goiânia está “atrasada” do ponto de vista tecnológico e que quer implementar mudanças na área digital, especialmente nos sistemas da Prefeitura. Com os novos nomes, sobe para 14 o número de auxiliares confirmados por Mabel. De acordo com o futuro prefeito, a expectativa é anunciar todo o secretariado até a semana que vem. Já fazem parte da lista Wandir Allan (PGM); Juliano Bezerra (CGM); Gabriela Machado Tejota (Casa Civil); Valdivino de Oliveira (Fazenda); Francisco Lacerda (Seinfra); Sabrina Garcêz (Governo); Thiago Ferreira (Gabinete); Luiz Pellizzer (Saúde); Giselle Faria (Educação); coronel Cleber Aparecido dos Santos (Comurg).

Mabel admite ruídos e diz que Câmara está 'mal acostumada'

Prefeitura de Goiânia

Nova cobrança

Sob pressão do grupo do futuro sucessor Sandro Mabel (UB), o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (SD) sancionou na noite desta sexta-feira (20) a lei que cria a taxa do lixo (Taxa da Limpeza Urbana) na capital, dois dias depois de receber o documento aprovado pela Câmara. A publicação este ano possibilita a cobrança em 2025, como planeja o novo prefeito, por conta do princípio da anualidade para criação de tributos. Como já havia mostrado O POPULAR, cerca de 800 mil imóveis terão de pagar a partir de abril a nova taxa, que pode variar de R$ 258 a R$ 1,6 mil anuais.

Mabel havia dito ao POPULAR que conversou com Cruz por telefone, mas ele esteve no Paço, por volta de 11 horas, segundo informação da Prefeitura. Na ocasião, o prefeito eleito fez alerta de que o atual gestor poderia ser alvo de ação judicial que questionaria a renúncia de receita. “Eu falei que ele incorreria em crime de responsabilidade se não se posicionasse ainda este ano. Estamos dando a chance para que ele cumpra a lei”, disse.

A pressão partiu também do grupo do presidente da Câmara, Romário Policarpo (PRD), que enviou recados a interlocutores sobre o risco de rejeição das contas do prefeito, que serão julgadas pelo Legislativo no ano que vem.

Na conversa com Mabel, o prefeito reafirmou que não teria problema em sancionar se tivesse respaldo da Procuradoria Geral do Município (PGM). Disse que não haveria necessidade de ação judicial para o caso. Ao fim da reunião, ele solicitou aos auxiliares agilidade na análise do texto.

A PGM e a Casa Civil fizeram despachos favoráveis à sanção ainda na noite de sexta-feira, em intervalo de quatro minutos de uma assinatura para outra.

O parecer da PGM, que foi assinado às 18h11 pelo procurador-chefe de Assessoramento Jurídico, Rafael de Oliveira Caixeta, tem dez páginas e conclui que “não se vislumbra óbice jurídico à sanção do autógrafo de lei”. Às 18h15, a Casa Civil fez um despacho acatando integralmente o parecer da PGM.

Cruz assinou o autógrafo de lei às 19h42 e encaminhou para publicação no Diário Oficial do Município (DOM), o que ocorreu em sequência, ainda na noite de sexta. A edição do dia 20 foi publicada por volta das 21 horas.

Análise

O prefeito havia dito ao POPULAR na última quinta-feira (19) que ainda não tinha decidido se sancionaria o projeto e que seguiria o posicionamento da PGM, diante de alterações no texto feitas por emenda. As declarações foram vistas no grupo de Mabel como um aceno para conversa, daí a audiência pela manhã.

Cruz havia encaminhado o projeto em 2021 à Câmara, mas a proposta ficou engavetada diante da repercussão negativa. Neste período de transição, Mabel solicitou ao Legislativo o desarquivamento e apresentou relatório com modificações apresentadas na Casa. “Se a Procuradoria disser que está OK, eu assino. Se achar algum problema, aí vou estudar e analisar com os vereadores e com Mabel”, disse Cruz na quinta.

A regulamentação da cobrança, com detalhamento dos critérios para definir valores, ocorrerá por decreto. Mabel tem dito que vai subsidiar parte do valor total do custo de limpeza urbana, mas ainda não bateu o martelo sobre o porcentual. O projeto teve aprovação definitiva na Câmara na quarta-feira (18), com 10 votos contrários.

A Lei Orgânica do Município estabelece que o prefeito tem 15 dias úteis para se posicionar sobre as matérias aprovadas pelo Legislativo. Considerando que há ponto facultativo nas duas próximas semanas na Prefeitura, ele poderia não se manifestar até o fim de seu mandato.

Mas isso significaria impedimento para que Mabel instituísse a cobrança em 2025. A criação de tributo deve obedecer os princípios da anualidade e da anterioridade (90 dias) para entrar em vigor.

Assim como Cruz, Mabel alega que o marco legal do saneamento obriga os municípios a instituir a cobrança. Mas o principal objetivo da medida é aumentar a receita do município em um cenário de déficit nas contas.

O grupo do futuro prefeito afirma que a base do cálculo será o custo do serviço dividido pelo número de contribuintes. Mas a definição de valores para cada imóvel levará em conta o tamanho da residência e a frequência da coleta nos bairros. A lei estabelece isenção àqueles que já não pagam Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) - valor venal de R$ 160 mil.

A Prefeitura tem falado em custo de R$ 100 milhões mensais com a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e o Consórcio LimpaGyn, responsável pela coleta de lixo terceirizada.

A previsão do grupo de Mabel é que a cobrança seja feita na conta de água e esgoto, de responsabilidade da Saneago. Parecer da companhia enviado em novembro à comissão de transição aponta a possibilidade de incluir a cobrança.

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Sob pressão, prefeito sanciona taxa do lixo

As resistências que não impediram a aprovação da Taxa do Lixo tendem a ser maiores a partir de janeiro de 2025, quando o prefeito eleito Sandro Mabel (UB) terá iniciado seu mandato. Ao menos é essa a percepção na Câmara de Goiânia. Vereadores apontam que a já existente insatisfação com os primeiros sinais de Mabel a respeito da distribuição de espaços na Prefeitura de Goiânia tende a se consolidar caso o futuro prefeito cumpra a promessa de limitar as nomeações.

Além da intenção de não nomear 50% dos cargos, a coluna apurou que alguns parlamentares foram avisados de que a cota de comissionados de integrante da base não deve exceder R$ 30 mil. Esta soma de salários não chegaria, em muitos casos, a 20% do praticado nos últimos quatro anos pela gestão de Rogério Cruz (SD). 

Um veterano aponta que a estratégia “não deu certo nem com Iris (Rezende)”. “Funciona agora na transição e na votação de projetos mais leves. Um projeto de repercussão não vai passar se for desse jeito”, avalia.

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Aprendizado

Outro vereador que vai integrar a base defende que Mabel age corretamente ao “não repetir o erro” de Rogério Cruz, que entregou, logo de início, parcela significativa da Prefeitura à Câmara. Ele lembra que Iris foi mais bem sucedido ao segurar as nomeações e negociar as votações.

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Tudo azul

Mabel disse no discurso que fez durante a diplomação dos eleitos em Goiânia que gosta de vereadores. “Vocês não vão ter problemas comigo”, afirmou. Foi aplaudido.

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Gentilezas

Fred Rodrigues e o deputado federal Gustavo Gayer, ambos do PL, bateram palmas quando Mabel foi chamado para receber o diploma. Em sua fala, o prefeito eleito agradeceu o adversário “pelo trabalho”. “Vamos estar juntos”, emendou.

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Braços cruzados

Fred e Gayer não aplaudiram o vereador eleito Major Vitor Hugo.

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Sorrisos - Daniel Vilela e Vitor Hugo se cumprimentam na diplomação dos eleitos. Diante da crise no PL, o vice-governador brincou que seria comedido no gesto. Arrancou risada do governador Ronaldo Caiado (UB) (André Saddi)

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Anunciação

O repórter Danny Souza, da TV Goiânia, perguntou a Gustavo Gayer sobre Vitor Hugo. O deputado federal disse que o correligionário “levou a esquerda lá pro Bolsonaro” e “mentiu para todo mundo”. Completou que “a dele tá chegando”. Ao ser questionado se estariam planejando “alguma coisa” contra o vereador eleito, desconversou.

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Em Aparecida

Ex-secretária de Educação na gestão Rogério Cruz, Milene Baldy deve integrar o primeiro escalão do prefeito eleito de Aparecida, Leandro Vilela (MDB). É provável que assuma a Secretaria de Relações Institucionais, com a atribuição de buscar recursos em Brasília. Milene é irmã do presidente estadual do PP e da Agehab, Alexandre Baldy.

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2024 encerrado

A Secretaria Estadual de Cultura (Secult) finalizou nesta semana os pagamentos aos proponentes aprovados e aptos a receber nos editais da Política Nacional de Apoio à Cultura (Pnab) 2024. No total, foram pagos R$ 34,1 milhões destinados a 379 projetos.

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Pergunta para:

Paulo Cezar Martins 

Deputado estadual pelo PL

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Paulo Cezar Martins (Divulgação)

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Como avalia o episódio envolvendo Vitor Hugo?

Na verdade, é o seguinte: ele não tem amadurecimento para fazer política e faz o que o Bolsonaro manda. O Bolsonaro que perdeu para o Lula. Vai ganhar de quem? Ele acha que é Deus. Toma a decisão e todo mundo tem que seguir. Ele tem errado muito e errou ao não ouvir as lideranças (locais). O Daniel (Vilela) é carro chefe na tentativa de cassar os deputados estaduais do PL. Parece que ele não se importa com isso. 

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Arremate:

Tradição natalina - A prefeitura de Aparecida vai quitar o 13° integral no limite do prazo legal, que vence nesta sexta (20). Nos últimos 15 anos, o dinheiro esteve na conta dos servidores até 5 de dezembro. A tradição inaugurada por Maguito Vilela era quitar três folhas em 30 dias, incluindo novembro dentro do mês trabalhado e dezembro antes do Natal.

IA -&nbsp;O departamento de inovação do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia desenvolveu inteligência artificial que avalia a correta lavagem das mãos na assistência à saúde. Ela está sendo utilizada no centro cirúrgico da unidade para auxiliar os médicos na higienização antes da realização de cirurgias. A iniciativa visa contribuir para a prevenção e redução de infecções.